Reino Unido precisa dar o primeiro passo

Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirma que país teve tomar logo a iniciativa para deixar a EU

Postado em: 27-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirma que país teve tomar logo a iniciativa para deixar a EU

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que cabe ao governo de Londres anunciar qual o procedimento que irá adotar para deixar a União Europeia (UE). “As negociações não podem durar para sempre, mas depende do Reino Unido dar esses passos”.

Merkel afirmou ainda que acredita que Londres quer colocar em prática as decisões tomadas no referendo da última quinta-feira (23) e voltou a defender uma solução rápida. “A questão não deve permanecer bloqueada por muito tempo”, alertou, lembrando que até que um acordo seja definido, o Reino Unido continua sendo um membro pleno da UE, com todos os seus direitos e obrigações.

A Alemanha é, atualmente, a maior economia e a mais atuante dentro da UE. Além disso, Berlim foi um dos maiores entusiastas da criação do grupo, que ajudaria em sua reintegração no continente após a 2ª Guerra Mundial.

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Diplomacia

Em reunião realizada no último sábado, em Berlim, chanceleres dos seis países fundadores da União Europeia pediram que a saída do Reino Unido do bloco aconteça o quanto antes. Os ministros das Relações Exteriores de Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, da Itália, Paolo Gentiloni, Holanda, Bert Koenders, França, Jean-Marc Ayrault, Bélgica, Didier Reynders, e de Luxemburgo, Jean Asselborn, se encontraram para discutir os efeitos da saída do Reino Unido do bloco.

“Este processo tem que começar o mais rápido possível”, disse Steinmeier, que apelou para que os britânicos evitem “atrasos” na negociação e “se concentrem no futuro da Europa”.

O premier italiano, Matteo Renzi, viajou para Paris, onde se reunirá com o presidente da França, François Hollande. “Será um encontro informal, amigável, no qual também se debaterão questões políticas ligadas ao Brexit”, informaram interlocutores do Palácio do Eliseu.

Amanhã, o líder político italiano estará em Berlim para uma reunião trilateral com Hollande e Merkel, para também discutir a saída britânica da UE. Além de questões práticas da União Europeia, o encontro deve definir estratégias para frear movimentos semelhantes em outras nações. (Agência Brasil)

 Partido português quer a realização de referendo

 O Partido Popular Monárquico (PPM) defendeu a realização de um referendo em Portugal sobre o processo de integração na União Europeia (UE), argumentando que “quase todos os povos europeus já foram chamados a se pronunciar.

“A integração de Portugal à União Europeia nunca foi aprovada diretamente pelo povo português. Portugal constitui exceção chocante no contexto de uma Europa em que quase todos os povos europeus já foram chamados a se pronunciar sobre o processo de integração dos seus países”, destacou, em nota, o presidente da comissão política nacional do PPM, Paulo Estêvão.

Integrantes do partido afirmam que a cúpula portuguesa controlou e manipulou todo o processo de integração do país ao bloco, “usurpando a soberania popular”. O PPM considera a união monetária um erro “de enormes proporções”, assim como atribuiu a essa decisão a “paulatina destruição da agricultura, pesca e indústria” do país.

“O resultado de tudo isso é que Portugal é hoje um dos países com uma das maiores dívidas externas do mundo”, afirma Estêvão. “Os ingleses – mas não os escoceses e os irlandeses – votaram a favor da saída da União Europeia. Apesar de terem sido submetidos a uma campanha de forte intimidação psicológica, os ingleses revelaram, uma vez mais, que são um povo tremendamente obstinado”, destaca.

Na nota, Paulo Estêvão afirma ainda que a resposta europeia à decisão dos britânicos será “o reforço da integração política dos demais membros da União Europeia”, o que, na sua opinião, reforça a necessidade da realização de um referendo sobre a posição de Portugal.

Os eleitores britânicos decidiram, na quinta-feira (23) que o Reino Unido vai sair da União Europeia, depois de o Brexit – união das palavras Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída, em inglês) – ter conquistado 51,9% dos votos no referendo. Com o resultado, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou que deixará o cargo em outubro. (AB)

 Decisão não afetará investimentos no Brasil

A saída do Reino Unido da União Europeia, aprovada ontem (23) em referendo, não prejudicará os investimentos do país na economia brasileira, disse o embaixador britânico no Brasil, Alexander Ellis. Depois de se reunir com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o diplomata afirmou que é estratégico reforçar as relações bilaterais e que o país continuará aberto a acolher imigrantes brasileiros qualificados.

Para Ellis, a saída do Reino Unido do bloco econômico europeu muda o contexto, mas não diminui as relações diplomáticas do país. Segundo ele, as relações entre o país e o Brasil são antigas e continuarão a crescer. “Se olharmos para nossa relação [entre o Reino Unido e o Brasil], ela é muito antiga. Tão antiga como o Brasil. Meu trisavô chegou ao Rio de Janeiro em 1870. A relação humana, comercial, de investimento tem crescido muito. Tudo isso para avançar, não retroceder”, declarou o embaixador.

No encontro, o ministro da Fazenda e o diplomata britânico discutiram a situação política no Reino Unido e no Brasil e trataram da colaboração do Reino Unido em investimentos de infraestrutura e financiamento de projetos verdes, quando economias avançadas investem em países em desenvolvimento para compensarem créditos de emissão de gás carbônico. “Queremos reforçar, em novos moldes, as relações estratégicas entre meu país, que é a quinta maior economia do mundo, e o Brasil, que tem uma economia mais ou menos do mesmo tamanho”, disse.

Em relação aos imigrantes brasileiros, Ellis disse que nada mudará de imediato. Ele afirmou que o país continuará aberto a imigrantes com “talento”. “Há muitos [brasileiros] estudantes, pesquisadores e trabalhadores. O país tem uma forte tradição de abertura, recebeu Gilberto Gil, Caetano Veloso nos anos 60 e esperamos continuar a receber muitos talentos que o Brasil tem”, concluiu o embaixador. (AB)

 

 

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