Milhares de venezuelanos estão cruzando a fronteira

Em busca de alimentos e medicamentos, principalmente, pessoas estão indo à Colômbia após a reabertura das passagens fronteiriças

Postado em: 22-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

Alguns buscavam alimentos e medicamentos. Outros queriam visitar familiares para as festas de Natal e Ano-Novo. Milhares de venezuelanos estão cruzando as passagens fronteiriças para pedestres com a Colômbia, reabertas após oito dias por causa de um colapso monetário. A informação é da AFP.

“Graças a Deus, a fronteira foi reaberta. Vinha muita gente fazer suas compras do outro lado, porque não conseguimos comida, fraldas para nossas crianças, medicamentos”, disse Christian Sánchez, locutor de 29 anos, enquanto atravessava a ponte internacional Simón Bolívar, que liga as cidades de San Antonio (Venezuela) e Cúcuta (Colômbia).

Em uma conversa por telefone, na última segunda-feira (19) à noite, os presidentes venezuelano, Nicolás Maduro, e colombiano, Juan Manuel Santos, concordaram em “abrir a fronteira de maneira progressiva, com rígida vigilância e segurança”, informou o ministro venezuelano de Comunicação e Informação, Ernesto Villegas.

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Assim, os cruzamentos limítrofes se restabeleceram desde as 6h locais de terça-feira (8h em Brasília), sob vigilância dos militares. O transporte de carga, entretanto, permanece interrompido.

Maduro determinou o fechamento das fronteiras com a Colômbia e com o Brasil no dia 12 de dezembro, alegando que “máfias” estariam acumulando o papel-moeda venezuelano no exterior para atacar a economia do país, golpeada por uma inflação de 475%, segundo o Fundo Monetário Internacional – a mais alta do mundo – e uma aguda escassez de alimentos básicos e medicamentos.

A medida coincidiu com momentos de grande incerteza por violentos protestos e saques em várias cidades, que deixaram pelo menos três mortos e aproximadamente 300 detidos, sobretudo no estado Bolívar (Sul), onde cerca de 600 estabelecimentos comerciais sofreram danos.

Os distúrbios eclodiram na sexta (16) e no sábado após a decisão do governo de recolher das ruas a nota de 100 bolívares (0,15 dólar no câmbio oficial mais alto), o de maior valor e circulação, até a entrada gradual de novas unidades monetárias.

Maduro atribuiu os atrasos na entrega dessas unidades monetárias a um  “complô” comandado pelos Estados Unidos. O venezuelano classificou de “bem-sucedida” a operação contra as “máfias” e prorrogou a vigência da nota de 100 e o fechamento das fronteiras com a Colômbia e o Brasil, até o dia 2 de janeiro.

Filas

Longas filas de pessoas – muitas após dormir na rua –se formaram nos dias de fechamento da alfândega de San Antonio. “Queremos passar!”, gritavam na esperança de receber uma autorização especial para passar por razões médicas e familiares, mas ela era dada a conta-gotas. “Vamos passar o Natal com nossos filhos. Não vamos comprar nada e estamos cansados”, queixou-se Carmen, aborrecida por ter que “fazer e desfazer” as malas com os recorrentes fechamentos das passagens limítrofes.

A fronteira de 2.200 quilômetros entre a Venezuela e a Colômbia esteve fechada entre agosto de 2015 e agosto de 2016 por ordem de Maduro, após um ataque armado de supostos paramilitares colombianos contra uma patrulha militar venezuelana.

Segundo alertam sindicatos, 75% do comércio do lado venezuelano da área devem fechar. Tradicionalmente, San Antonio e Cúcuta mantêm intenso intercâmbio comercial.

Normalização da fronteira

Para Marta Cárdenas, colombiana de 51 anos que vive na Venezuela, a reabertura das passagens de pedestres representa “um respiro” aos problemas diários, agravados nos últimos dias pela falta de efetivo entre longas filas em agências de bancos públicos e privados.

Com o retorno temporário das notas de 100, a situação se normalizou desde a tarde de segunda-feira. O mesmo ocorre na fronteira com a Colômbia.

Villegas ressaltou que Maduro e Santos “instruíram seus ministros da Defesa (Vladimir Padrino e Luis Carlos Villegas) a coordenar ações imediatas para a normalização da fronteira”, uma vez que foram mantidos contatos entre seus bancos centrais para enfrentar o que a Venezuela denomina “ataques” à sua moeda. (Agência Brasil) 

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