Itália e Líbia firmam acordo para combater imigração ilegal

O objetivo é reduzir a imigração ilegal no Mediterrâneo e combater o tráfico de seres humanos

Postado em: 03-02-2017 às 09h19
Por: Renato
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O objetivo é reduzir a imigração ilegal no Mediterrâneo e combater o tráfico de seres humanos

Os primeiros-ministros da Itália, Paolo Gentiloni, e da
Líbia, Fayez al Sarraj, assinaram nesta quinta-feira (2) um memorando de
entendimento para combater a imigração clandestina entre os dois países. A rota
é considerada a mais mortal do mundo pela Organização Internacional para as
Migrações (OIM). Só neste ano, 246 pessoas morreram ou desapareceram nesse
trecho do Mediterrâneo. A informação é da Agência Ansa.

O pacto foi firmado um dia antes de a União Europeia (UE)
apresentar um plano para fechar a chamada “via do Mediterrâneo”, por
meio da qual milhares de pessoas viajam da Líbia à Itália em embarcações
superlotadas, em trajetos que muitas vezes terminam em desastre.

“Hoje é um dia importante para as relações entre Itália
e Líbia, sobretudo porque se confirma uma amizade, uma colaboração que já se
manifestou nos últimos meses por meio de ações do governo italiano em diversas
frentes”, declarou Gentiloni, durante pronunciamento conjunto com Sarraj
no Palácio Chigi, sede do governo italiano, em Roma.

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O memorando de entendimento tem como objetivo reduzir a
imigração ilegal no Mediterrâneo e combater o tráfico de seres humanos.
Atualmente, a Itália é a principal porta de entrada para deslocados externos na
Europa devido à sua proximidade geográfica com a Líbia.

Em 2016, 181 mil imigrantes ilegais desembarcaram na costa
da península, a maioria deles originária da África Subsaariana. “Esse é
apenas um pedaço do projeto que pretendemos desenvolver. Mas sabemos que, se
quisermos dar força e pernas a ele, é preciso um empenho econômico da União
Europeia”, acrescentou Gentiloni.

O plano que será apresentado pela UE nesta sexta-feira,
durante uma reunião informal dos líderes do bloco em Malta, prevê o treinamento
da Guarda Costeira da Líbia e o fornecimento de meios navais para que o país
consiga controlar suas águas territoriais.

O objetivo é que, ao resgatar imigrantes no mar, a Líbia os
leve de volta para sua costa – se quem faz isso é um navio europeu, eles não
podem ser devolvidos para a nação africana. A UE também destinará pelo menos
200 milhões de euros em financiamento para projetos na Líbia e reforçará suas
fronteiras com o Egito, a Tunísia e Argélia para evitar o surgimento de novas
rotas migratórias.

Também haverá medidas para melhorar as condições de vida nos
campos de acolhimento em território líbio e para desestimular a partida de
imigrantes econômicos, que não têm direito a refúgio. “Quero garantir aos
líbios que nunca faremos um acordo que afete nossa soberania. A Líbia é um país
de trânsito, não de origem, e esse pacto também protegerá nossas
fronteiras”, explicou Sarraj.

As negociações com Trípoli só se tornaram possíveis com o
estabelecimento de um governo de união nacional chefiado por Sarraj, em 2016,
após longo período em que a nação africana foi comandada por dois parlamentos.

Esse vácuo de poder, iniciado após a queda de Muammar
Kadafi, abriu espaço para a ação do grupo jihadista Estado Islâmico e de
traficantes de seres humanos, que aproveitaram a falta de controle no litoral
para realizar as chamadas “viagens da morte” no Canal da Sicília.

Foto: Reprodução (BBC) 

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