“Há corrupção no Vaticano, mas estou em paz”, afirma o papa

Em declaração, o papa Francisco condenou a corrupção e os abusos sexuais

Postado em: 09-02-2017 às 10h16
Por: Renato
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Em declaração, o papa Francisco condenou a corrupção e os abusos sexuais

O papa Francisco admitiu que existe corrupção no Vaticano,
mas que aprendeu a encarar os problemas com “serenidade e viver em
paz”, de acordo com uma reportagem publicada nesta quinta-feira (9) pelo
jornal Corriere della Sera.

“Existe corrupção no Vaticano, mas eu estou em
paz”, disse ele em 25 de novembro de 2016, durante um encontro com
representantes de ordens religiosas, e cujos detalhes foram narrados pelo padre
Antonio Spadaro na nova edição da revista La Civiltà Cattolica. As
informações são da agência de notícias Ansa.

“Qual é o segredo da minha serenidade? Não tomo
remédios tranquilizantes. Os italianos sempre dão um belo conselho: para viver
em paz, precisa um pouco de indiferença. Eu não tenho problema em dizer que
estou vivendo uma experiência. Em Buenos Aires, era mais ansioso, mais
preocupado. Hoje vivo uma profunda paz, não sei explicar”, contou.

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De acordo com o papa, os cardeais e membros da cúria sabem
dos problemas internos do Vaticano e “todos queriam reformas” no
último conclave. “Nas congregações gerais antes do conclave que me elegeu,
falavam dos problemas do Vaticano e todos queriam reformas”, disse.
“Mas se há algum problema, eu escrevo um bilhete a São José e coloco
embaixo de uma estátua no meu quarto, uma estátua de São José dormindo. Ele
dorme em cima dos meus bilhetes e eu durmo tranquilo”, afirmou.

Abusos sexuais

Questionado sobre os escândalos de abusos sexuais dentro da
Igreja Católica, o papa disse que a “disseminação dos abusos é
devastante”, mas que o caso precisa ser visto como uma doença”.

“Se há religiosos envolvidos, é claro que está em ação
o diabo que estraga a obra de Jesus através de quem deveria, justamente,
anunciar Jesus. Mas vamos falar a verdade: isso é uma doença. Enquanto não nos
convencermos de que isso é uma doença, não se poderá resolver bem o
problema”, comentou.

Segundo ele, “a cada quatro pessoas que praticam abusos
sexuais, duas já tinham sido vítimas”. “O abuso é disseminado pelo
futuro, é devastante”, citou, sem especificar a origem dos dados.

O papa Francisco propôs como uma das soluções rejeitar
candidatos a seminários que tenham algum ponto comprometedor em seu histórico
de vida e acadêmico. “Por exemplo, nunca receber na vida religiosa ou em
uma diocese candidatos que tenham sido reprovados por outros seminários ou por
um instituto. É preciso pedir informações muito claras e detalhadas sobre os
motivos de sua reprovação”, afirmou.

No início da semana, uma comissão – criada pelo governo da
Austrália – divulgou um relatório inédito sobre casos de pedofilia no país que
aponta que 7% dos sacerdotes católicos locais foram acusados de abusos desde os
anos 1950.

O Vaticano, que possui regulamentações próprias e leis
internas para lidar contra a pedofilia e a corrupção, também já foi citado
pelas Nações Unidas a prestar esclarecimentos. Em setembro de 2016, a Santa Sé
aderiu à convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a corrupção.

Foto: Reprodução (Agência Lusa/EPA/Giuseppe Lami) 

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