Justiça argentina investiga Macri por suspeita em concessão de rotas aéreas

Justiça suspeita de irregularidades na concessão de rotas aéreas à empresa Avianca

Postado em: 02-03-2017 às 08h20
Por: Renato
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Justiça suspeita de irregularidades na concessão de rotas aéreas à empresa Avianca

A Justiça vai investigar o presidente da Argentina, Mauricio
Macri, e funcionários de seu governo por supostas irregularidades na concessão
de rotas aéreas à empresa Avianca. A decisão foi comunicada nesta quarta-feira
(1º) pelo promotor, horas antes de Macri comparecer perante o Congresso para
fazer um balanço de seu primeiro ano no poder. Segundo o promotor Jorge di
Lello, a empresa aérea colombiana teria sido favorecida porque tinha vínculos
com o grupo chefiado pelo empresário Franco Macri, pai do presidente.

No discurso, Macri prometeu medidas para combater a
corrupção e garantir a transparência na concessão de obras publicas. Entre
elas, um projeto de lei de “responsabilidade empresarial” e decretos,
estabelecendo mecanismos claros para separar os interesses públicos dos
privados. O presidente, que assumiu em dezembro de 2015 com a promessa de um
governo “transparente”, já foi acusado pela Justiça de beneficiar a empresa
Correo Argentino – que pertencia ao seu pai e tem uma divida com o Estado.

Franco Macri obteve a concessão para administrar a empresa
de correio em 1997, mas ela foi revogada em 2003, quando a empresa, endividada,
voltou às mãos do Estado. A Justiça estima que a divida do Correo Argentino com
o Estado some 300 milhões de pesos (US$ 19 bilhões). Nunca houve acordo entre
as duas partes para renegociar o débito até que, em 2016, o governo aceitou a
proposta feita pela Sociedade Macri (Socma), de Franco Macri.

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Acusado de ter negociado uma proposta demasiadamente
generosa, que perdoaria boa parte da dívida, Mauricio Macri voltou atrás. O
governo, no entanto, insiste que o acordo permitia ao Estado resolver um
conflito e arrecadar dinheiro. “O erro do governo foi não ter percebido que
essa questão é politica, não técnica. Especialmente em ano de campanha para as
eleições legislativas de outubro”, disse o analista político Rosendo Fraga em
entrevista a Agência Brasil.

Macri admitiu publicamente ter cometido um erro que levantou
suspeitas sobre a política de transparência de seu governo. No discurso ao
Congresso, ele prometeu estabelecer regras claras para impedir “conflitos de
interesse” no futuro. Ele mencionou ainda a necessidade de combater a corrupção
na concessão de obras públicas.

A Argentina esta entre os países afetados pelo escândalo do
Grupo Odebrecht. A empreiteira brasileira teria pagado US$ 35 milhões a
funcionários argentinos para assegurar contratos de obras publicas entre 2007 e
2015. Apesar de as acusações se referirem ao governo da ex-presidente Cristina
Kirchner, existem suspeitas do envolvimento de um primo de Macri, Ángelo
Calcaterra, e do atual chefe da Agencia Federal de Inteligência argentina,
Gustavo Arribas.

O nome da Odebrecht não foi citado por Mauricio Macri, mas
ele defendeu a “ética e a transparência”, tanto do setor publico como das
empresas privadas, e a necessidade de a Justiça investigar a corrupção. A
ex-presidente Cristina Kirchner está sendo investigada por enriquecimento
ilícito, lavagem de dinheiro e favorecimento de empresários amigos na concessão
de obras publicas. Ela lidera a Frente para a Vitoria, da oposição, que vai
disputar com a coligação de partidos governistas as eleições legislativas de
outubro.

Protestos marcados

No próximo dia 7, Cristina deve comparecer perante a Justiça
para dar mais um depoimento. No mesmo dia, as centrais sindicais promoverão uma
manifestação contra o governo de Macri. Os sindicatos pedem reajustes salariais
entre 25% e 35%, tendo em vista que a inflação de 2016 foi de 40%. O governo,
no entanto, quer limitar os aumentos para poder cumprir com a meta do Banco
Central de reduzir a inflação para 17% este ano.

Macri pediu ao Congresso apoio para aprovar leis que,
segundo ele, estabelecerão “bases sólidas” para o crescimento econômico, num
pais que estava em recessão. Alguns legisladores oposicionistas foram ao
Congresso com cartazes de críticas ao governo levantados enquanto Macri
discursava. “Não vou me dar por vencido”, disse o presidente.

O presidente também falou sobre a violência de gênero, que tem
mobilizado as mulheres argentinas. Segundo o presidente, a violência de gênero
deve ser combatida com educação. O movimento Nem Uma Menos convocou protestos
para 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

Foto: Reprodução (R7)

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