Mercosul e Aliança do Pacífico querem ampliar comércio na América do Sul

Ambos concordaram que o volume de comércio entre os oito países é baixo, comparado com outras regiões

Postado em: 08-04-2017 às 09h00
Por: Renato
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Ambos concordaram que o volume de comércio entre os oito países é baixo, comparado com outras regiões

Uma iniciativa frustrada em 2014 ganhou ímpeto nesta
sexta-feira (7): dois blocos regionais, o Mercosul e a Aliança do Pacifico,
decidiram unir esforços para ampliar o comércio na América do Sul e conquistar
novos mercados. A decisão foi tomada numa reunião, em Buenos Aires, entre os
ministros das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio do Brasil e de mais
sete países.

O encontro ocorreu no momento em que Buenos Aires foi sede
do Fórum Econômico Mundial da América Latina e em que o governo argentino ocupa
a presidência rotativa do Mercosul. Estavam presentes os ministros dos quatro
países fundadores (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e dos quatro membros
da Aliança do Pacifico (Chile, Colômbia, México e Peru).

“Estamos avançando na integração, num momento em que reina a
incerteza em nível internacional e se observam pressões protecionistas,
nacionalistas e inclusive xenófobas”, disse em entrevista coletiva o chanceler
chileno, Heraldo Muñoz, referindo-se a decisão dos Estados Unidos de rever
acordos de integração e a força conquistada, nos últimos tempos, por partidos
nacionalistas de direita na Europa.

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No documento divulgado no final da reunião, os oito países
se comprometeram a avançar em determinadas áreas, antes de discutir a redução
de tarifas: cadeias regionais de valor, cooperação alfandegária, promoção de
pequenas e médias empresas, redução de barreiras não tarifárias e facilitação
no comércio de bens e serviços.

Tanto o Mercosul, quanto a Aliança do Pacifico concordaram
que o volume de comércio entre os oito países é baixo, comparado com outras
regiões, e que existe um potencial para crescer sem ter que depender da
exportação de commodities (mercadorias em estado bruto ou produtos
primários comercializados internacionalmente, como café, algodão, soja, boi
gordo, minério de ferro e cobre), cujos preços no mercado internacional
baixaram depois de uma década em alta. “O comércio intra-regional na União
Europeia chega a 69%; na Ásia chega a 55% e aqui na América Latina a apenas
18%”, disse Muñoz.

O especialista em comércio internacional, Marcelo Elizondo,
disse em entrevista à Agência Brasil, que o passo dado nesta sexta-feira
para integrar os dois blocos regionais só foi possível por causa de uma mudança
política dentro do Mercosul. “Houve uma mudança política profunda com os novos
presidentes. Mauricio Macri, na Argentina, é muito mais internacionalista que
sua antecessora, Cristina Kirchner. E Michel Temer, no Brasil, assim como
Tabaré Vasquez, no Uruguai, também querem internacionalizar o Mercosul”, disse.
“A suspensão da Venezuela, último país a aderir ao Mercosul, também ajudou. O
governo venezuelano tem uma visão diferente dos governos dos outros quatro
membros”. Segundo Elizondo, o Mercosul foi pensado “há 25 anos para aumentar o
comércio entre seus membros”, mas que, para sobreviver, precisa se abrir a
novos mercados.

Síria

Os chanceleres dos oito países que participaram da reunião
discutiram o bombardeio norte-americano à Síria, apos a constatação de que o
regime de Bashar Al Assad tinha usado armas químicas contra a população civil,
matando mais de 80 pessoas no início da semana. Sete países (com exceção do
Brasil, que emitiu seu próprio documento) assinaram um comunicado conjunto
condenando os crimes de lesa-humanidade e afirmando que “as ações para prevenir
essas atrocidades devem ser respaldadas pela comunidade internacional, de
acordo com as normas do direito internacional e os princípios da carta das
Nações Unidas”.

Na entrevista coletiva, Malcorra explicou que o chanceler
brasileiro, Aloysio Nunes, “pediu mais tempo para fazer consultas” e portanto
não assinou o documento. O ministro brasileiro falou à imprensa mais tarde e
disse que o Itamaraty já havia se manifestado sobre o assunto, declarando que o
Brasil  “condena o uso unilateral da forca, sem a autorização das Nações
Unidas”. (Agência Brasil) 

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