Quinta-feira, 28 de março de 2024

Cuba autoriza entrada de alimentos e remédios no país após protestos

O levante teve início no domingo (11), em Havana e San Antonio de los Baños.

Postado em: 15-07-2021 às 16h01
Por: Alice Orth
Imagem Ilustrando a Notícia: Cuba autoriza entrada de alimentos e remédios no país após protestos
O levante teve início no domingo (11), em Havana e San Antonio de los Baños. | Foto: Reprodução

Após a onda de protestos que tomou o país na última semana, o governo de Cuba autorizou, nesta quarta-feira (14/07) a entrada irrestrita de medicamentos, alimentos e produtos de higiene levados por viajantes. A medida é temporária e terá efeito a partir da próxima segunda (19).

A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero, como medida excepcional aprovada com urgência pelo Ministério de Finanças e Preços. Segundo o político, a regra deve permanecer em vigor pelo menos até 31 de dezembro. Até então, itens que entravam no país tinham limite de peso e pagamento de impostos sobre quantidades maiores dos que as estabelecidas.

Segundo a agência estatal de notícias cubana, mais de 100 pessoas foram presas ou estão desaparecidas e ao menos uma foi morta durante confrontos com a polícia. O levante teve início no domingo (11), em Havana e San Antonio de los Baños. O motivo seria a situação do país no enfrentamento ao coronavírus durante o embargo dos Estados Unidos, que já dura 60 anos e causa falta de abastecimento de itens essenciais.

Continua após a publicidade

Entre as reclamações, estão os cortes de energia, a escassez de alimentos e a má gestão da pandemia, combinados com a redução drástica no turismo devido a Covid-19, com uma economia enfraquecida por sanções estabelecidas durante o governo do americano Donald Trump.

Esta foi a primeira vez desde 1994 que um grande número de pessoas se reuniu nas ruas em manifestação. A última vez em que o acontecimento foi registrado foi no “Maleconazo”, período de crise após a queda da União Soviética que resultou em menos exportações e queda drástica no Produto Interno Bruto (PIB) cubano.

‘Uma guerra midiática’

Uma cubana ouvida pelo O HOJE contou como se sente na atual situação do país. Iriana Pupo, de 51 anos, é diretora de uma emissora de TV comunitária na Serra Maestra, e disse estar “triste com o que está acontecendo”. “As ruas estão quietas. Há mais guerra nas redes sociais e nos veículos de comunicação do que de fato está acontecendo”, explicou.

“São 60 anos de bloqueio, com novas medidas econômicas impostas recentemente pelos Estados Unidos. São muitas horas de apagões e filas para comprar comida”. Na opinião de Iriana, esta é “uma guerra de mídias, muito bem implementada, dirigida e paga pelos EUA (…). Cada instituição sente o impacto do bloqueio, cada paciente nos hospitais. A gente não tem remédio. Não há seringas para vacinas e Cuba é o primeiro país da América Latina a ter duas vacinas fabricadas no país, em meio a essas circunstâncias, e três vacinas candidatas”.

“Não tem transporte, não tem gasolina, nem óleo, máquinas estão quebradas e você não pode nem consertar porque não tem peças, nem comprar outras, porque quem vende para Cuba está sancionado”, contou. “Estamos exaustos dessa vida de carências”.

Colaborou João Gabriel Palhares

Veja Também