Ministro e políticos são detidos

Várias pessoas, entre elas um ministro, foram detidas ontem na República Dominicana por seu suposto envolvimento no esquema de propina da Construtora

Postado em: 30-05-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa

Várias pessoas, entre elas um ministro, foram detidas ontem na República Dominicana por seu suposto envolvimento no esquema de propina da Construtora Odebrecht no país, segundo uma fonte do Ministério Público local. Entre os detidos está o ministro de Indústria e Comércio, Temístocles Montás, e o ex-presidente do Senado e atual chefe do Partido Revolucionário Moderno (principal da oposição) Andrés Bautista, segundo a agência Efe.

Estas são as primeiras detenções no país pelo caso envolvendo a propina que a empreiteira brasileira Odebrecht garante ter pago para obter contratos de licitação de obras de infraestrutura entre 2001 e 2014.  As detenções acontecem depois que o procurador-geral, Jean Alain Rodríguez, informou que recebeu das autoridades do Brasil, no último dia 19, os dados sobre as propinas pagas pela construtora no país.

Em abril, um juiz dominicano validou um acordo entre o Ministério Público e a Odebrecht, que deverá pagar US$ 184 milhões, o dobro do que gastou em propina para vencer as licitações de contratos de obras públicas, e revelar os nomes dos beneficiados, em troca dos seus funcionários não serem processados no país.

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Mais detidos

Outros detidos são o ex-ministro de Obras Públicas, Víctor Díaz Rúa, o ex-deputado Ruddy González e o empresário Ángel Rondón, que segundo o gerente-geral da Odebrecht no país, Marcelo Hofke, foi quem recebeu e distribuiu os US$ 92 milhões que a empresa entregou em propina, disse o procurador.

Entre os detidos também estão os ex-vice-presidentes-executivos da Corporação Dominicana de Empresas Elétricas Estatais, Radhamés Segura e César Sánchez, e o ex-senador e ex-diretor do Instituto Nacional de Águas Potáveis, Roberto Rodríguez, segundo a imprensa local. Também fazem parte da lista os senadores Julio Valentín e Tommy Galán e o deputado Alfredo Pacheco,

As ordens de prisão chegam a 14, disse à EFE uma fonte do Ministério Público dominicano. “Cada uma dessas pessoas está sendo submetida à Justiça com casos sólidos e bem instrumentados por terem cometido, em maior ou menor gravidade, delitos como recebimento de propina, associação criminosa, prevaricação, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro”, afirmou o procurador Jean Rodríguez em entrevista coletiva.

Prisão preventiva

Rodríguez antecipou que o Ministério Público pedirá 18 meses de prisão preventiva dos envolvidos. “São os juízes agora que vão decidir se eles ficam ou não em liberdade”.

Parte dos processos irá para a Suprema Corte de Justiça, segundo Rodríguez, porque alguns dos acusados são parlamentares.

Entre os detidos está o empresário e representante comercial da Odebrecht no país, Ángel Rondón, responsável por revelar que o gerente-geral da construtora brasileira na República Dominicana, Marcelo Hofke, foi quem recebeu e distribuiu os US$ 92 milhões pagos em propina. O procurador Rodríguez destacou que o caso representa um marco no país, devido aos altos valores envolvidos e aos cargos ocupados pelos acusados.(Abr)


Deputada argentina pede investigação 

A deputada governista Elisa Carrió pediu ontem à Justiça da Argentina que investigue se Julio de Vido, ministro de Planejamento durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner, recebeu propinas da construtora brasileira Odebrecht em licitações de obras públicas. A informação é da agência EFE.

A parlamentar também pediu uma investigação contra Roberto Baratta, um dos colaboradores mais próximos do ex-ministro, em documento apresentado ao promotor Federico Delgado, responsável pelo caso que apura o superfaturamento na construção de obras públicas em 2008 e no qual a empresa brasileira está envolvida.

Segundo o documento, ao qual a Agência Efe teve acesso, a líder da Coalizão Cívica, aliança da qual faz parte o Mudemos, partido do presidente do país, Mauricio Macri, requer que todas as informações sobre os casos sejam repassados aos juízes e promotores, não ficando apenas nas mãos da Procuradoria-Geral da Nação.

A deputada acusou a procuradora-geral da Argentina, Alejandra Gils Carbó, de não garantir a busca da verdade e afirmou ter “fundados temores” de que ela esteja tentando encobrir ou desviar as investigações em andamento.

Além disso, Elisa Carrió sugeriu que a Justiça convoque com urgência todas as pessoas que possam ter informações sobre os ex-servidores citados e outros intermediários. Ela também pede que dados obtidos pelo Brasil nas investigações sobre a Odebrecht seja compartilhado com a Argentina e outros países da região.

“Não se conhece o alcance dessas informações, nem até onde elas poderão ser de utilidade sem contar com algum tipo de parceria, como a conseguida pelos promotores brasileiros com os norte-americanos em relação à Odebrecht”, disse a deputada. (Agência Brasil)

 

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