Arqueólogos dizem ter encontrado um templo do sol do século 25 a.C. perdido no Egito

Foram descobertos restos mortais enterrados sob outro templo em Abu Ghurab

Postado em: 16-11-2021 às 16h59
Por: Maria Paula Borges
Imagem Ilustrando a Notícia: Arqueólogos dizem ter encontrado um templo do sol do século 25 a.C. perdido no Egito
Foram descobertos restos mortais enterrados sob outro templo em Abu Ghurab | Foto: M. Osman

Uma equipe de arqueólogos descobriu o que acreditam ser um dos “templos do sol” perdidos do Egito, em meados do século 25 a.C. Em entrevista à CNN, o codiretor Massimiliano Nuzzolo, professor assistente de egiptologia do Instituto Polonês de Ciências para Culturas Mediterrâneas e Orientais, foram descobertos restos mortais enterrados sob outro templo em Abu Ghurab, cerca de 19 km ao sul do Cairo.

Os arqueólogos que trabalhavam no local em 1898 descobriram o templo solar de Nyuserra, conhecido também como Neuserre ou Nyuserre, o sexto rei da 5ª dinastia, que governou o Egito na época entre 2.400 e 2.370 a.C. As descobertas feitas durante a última missão sugerem que o templo foi construído sobre restos de um outro templo solar. “Os arqueólogos do século 19 escavaram apenas uma pequena parte deste edifício de tijolos de barro abaixo do templo de pedra de Nyuserra e concluíram que esta era uma fase anterior de construção do mesmo templo. Agora, nossas descobertas demonstram que este era um prédio completamente diferente, erguido antes de Nyuserra”, disse Nuzzolo por e-mail à CNN.

Foram encontrados selos gravados com nomes de reis que governaram antes de Nyuserra, usados como rolhas de jarros e bases de duas colunas de calcário, que faziam parte de um pórtico de entrada, e um limiar de calcário. Segundo Nuzzolo, a construção original foi feita de tijolos de barro, onde a equipe encontrou dezenas de potes de cerveja intactos durante a escavação. Alguns potes estão cheios de lama ritual, utilizada em rituais religiosos específicos. Além disso, Nuzzolo afirma que a cerâmica foi datada de meados do século 25 a.C., uma ou duas gerações antes de Nyuserra viver.

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De acordo com Nuzzolo, o monumento de tijolos de barro tinha um tamanho impressionante, mas Nyuserra o destruiu ritualmente para construir seu próprio templo solar. Enquanto os templos eram dedicados ao culto do deus sol Rá, o rei legitimou seu poder pelo templo, se apresentando como único filho do deus sol na Terra. “Indiretamente, portanto, o objetivo principal do templo era ser o local para a deificação do rei vivo”, afirmou Nuzzolo.

Ainda segundo informações do codiretor, fontes históricas acreditam que no total seis templos solares foram construídos, mas apenas dois foram desenterrados anteriormente. Portanto, Nuzzolo afirma que, a partir das fontes, é possível definir que todos os templos solares foram construídos em torno de Abu Gharab. Além disso, o templo do sol de Nyuserra tem um desenho semelhante ao da construção de tijolos de barro, mas é maior e feito de pedra.

Segundo ele, o prédio de tijolos de barro não teria sido construído por Nyuserra, uma vez que não há conhecimento de reis egípcios que tenham construído templos com tijolos e depois reconstruído com pedras. “Normalmente acontece que, quando um rei, por algum motivo, está com pressa, ele constrói o monumento em tijolos de barro com elementos-chave na pedra”, disse.

Nuzzolo acredita ainda que as descobertas demonstram ser provável que alguns templos solares restantes tenham sido construídos com tijolos de barro e alguns elementos de pedra. “Isso pode ter facilitado seu desaparecimento ao longo dos séculos, como ocorreu com vários outros monumentos egípcios antigos construídos com o mesmo material perecível. Além disso, a construção de tijolos de barro pode ser facilmente demolida e enterrada sob outras construções, como provavelmente aconteceu em nosso caso”.

A expectativa da equipe é descobrir qual rei foi responsável pela construção do templo por meio de novas escavações. O estudo da cerâmica permitirá que eles descubram mais sobre como as pessoas viviam na época, inclusive o que comiam e em que acreditavam.

A descoberta e Nuzzolo apareceram no programa da National Geographic, “Tesouros Perdidos do Egito”, que foi ao ar no último domingo (14/11). A escavação faz parte de uma missão da Universidade de Nápoles L’Orientale e da Academia Polonesa de Ciências.

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