Entenda a nova variante detectada na África do Sul e por que ela pode ser a “pior já existente”

Ministro da Saúde do Reino Unido definiu a nova variante como uma preocupação internacional

Postado em: 26-11-2021 às 15h34
Por: Maria Paula Borges
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Ministro da Saúde do Reino Unido definiu a nova variante como uma preocupação internacional | Foto: Reprodução

Um novo alerta em relação à pandemia foi acesso entre autoridades de saúde em todo o mundo após uma nova variante da Covid-19 ser detectada na África do Sul. O ministro da Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, afirmou nesta sexta-feira (26/11) que a descoberta é uma “grande preocupação internacional”.

Segundo Javid, uma das lições da pandemia foi que o mundo deve agir rapidamente e o mais cedo possível, entretanto disse ter que agir com cautela. “Estamos entrando no inverno e nosso programa de reforço ainda está em andamento, então devemos agir com cautela”, afirmou.

Além disso, ressaltou o temor da comunidade científica de que a variante possa ser a “pior já existente”. Os cientistas temem que a nova versão do coronavírus, conhecida como B.1.1.529, seja mais transmissível e afete de forma diferente o sistema imunológico.

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Caso a variante “drible” o sistema imunológico, além de mais infecções que aumentam consequentemente as hospitalizações e mortes, significa a possibilidade que as vacinas disponíveis possam ser menos eficazes contra ela.

As preocupações surgem a partir no alto número de mutações. Vírus fazem cópias de si mesmos para se reproduzir, entretanto erros podem acontecer, resultando em uma nova variante e, caso dê uma vantagem de sobrevivência, a nova versão prosperará. Então, quanto mais chances o coronavírus tem de fazer cópias de si mesmo nos hospedeiros, no caso os seres humanos, mais oportunidades de mutações.

Dessa forma, é importante controlar as infecções e as vacinas auxiliam bastante a reduzir a transmissão e proteger contra formas mais graves da doença.

Segundo dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a África do Sul, apenas 23,5% da população está totalmente vacinada, em com 60% no Brasil. no país, o programa de vacinação desacelerou nos últimos meses, devido à indiferença pública.

Conforme especialistas, é possível que a nova variante possa ter se originado em um paciente que sistema imunológico não foi capaz de se livrar de uma infecção por Covid-19 rapidamente, fazendo com que o vírus tivesse mais tempo para se transformar.

A B.1.1.529 tem 32 mutações na proteína S, através da qual o vírus se liga em células humanas para invadir o organismo. Essa é a parte do patógeno que a maioria das vacinas usa para prevenir o sistema imunológico contra o vírus.

Vários países decidiram restringir a entrada de viajantes vindos da África do Sul, nesta sexta-feira. Entre os países que impuseram restrições estão o Reino Unido, Alemanha, Itália, Japão, Singapura, Israel e República Tcheca. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs que toda a União Europeia suspenda os voos da região. Além disso, mais cedo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão imediata de voos provenientes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

O que se sabe sobre a nova variante

Tanto para a população quanto para a comunidade científica, as informações sobre a variante B.1.1.529 são desconhecidas, mas ela seria mais transmissível que as demais. Segundo a consultora médica-chefe da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, Susan Hopkins, o número reprodutivo está em 2, considerado “muito alto”, ou seja, cada pessoa infectada estaria passando o vírus para mais duas pessoas, em média.

De acordo com Hopkins, esse é um nível de transmissão não registrado desde o início da pandemia, antes de as restrições começarem a ser impostas. Entretanto, quando o número reprodutivo excede 1, significa que a epidemia fugiu ao controle e aumentará exponencialmente.

Os números confirmados ainda estão concentrados em Gauteng, uma província da África do Sul, mas há indícios de que a nova variante pode ter se espalhado mais. A variante já foi detectada em Hong Kong, Israel e Botsuana, além da Bélgica nas últimas horas.

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