Proteção a cada dois meses: tratamento injetável para prevenir HIV é aprovado; entenda

Ainda não há previsão de uso no Brasil; veja como foram os testes

Postado em: 22-12-2021 às 14h40
Por: Carlos Nathan Sampaio
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Ainda não há previsão de uso no Brasil; veja como foram os testes | Foto: reprodução

A agência federal FDA (Food and Drug Administration) estadunidense, um órgão parecido com a Anvisa no Brasil, aprovou nesta semana o Apretude, um medicamento injetável de liberação prolongada de cabotegravir para uso em adultos e adolescentes com mais de 35kg como profilaxia pré-exposição para o HIV (PrEP). Hoje, a profilaxia funciona apenas por uso de comprimidos.

O Apretude, segundo informações divulgadas, será administrado em duas injeções iniciais administradas com um mês de intervalo e, posteriormente, a cada dois meses. Os pacientes podem iniciar o tratamento com o medicamenteo ou tomar cabotegravir (Vocabria) oral por quatro semanas para avaliar se toleram bem o medicamento. Ainda não há previsão da chegada no Brasil.

“A aprovação de hoje adiciona uma ferramenta importante no esforço para acabar com a epidemia de HIV, fornecendo a primeira opção para prevenir o HIV que não envolve tomar uma pílula diária”, disse Debra Birnkrant, diretora da Divisão de Antivirais no Centro de Avaliação e pesquisa de medicamentos.

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“Esta injeção, administrada a cada dois meses, será crucial para lidar com a epidemia de HIV nos EUA, podendo ajudar indivíduos de com comportamento de risco aumentado e certos grupos onde a adesão à medicação diária tem sido um grande desafio ou uma opção não realista”, completou.

Nos EUA estima-se que 1,2 milhões de pessoas tenham indicação de PrEP mas apenas 25% tomam o medicamento e, no Brasil onde a situação deve ser muito pior, não há pesquisas sobre quem teriam indicação para isso. A PrEP requer altos níveis de adesão para ser eficaz e certos grupos , como homens jovens que fazem sexo com homens, são menos propensos a aderir à medicação diária.

Testes

No resultado dos testes, as informações dão conta de que os participantes que tomaram Apretude iniciaram o ensaio com o cabotegravir (via oral, comprimido de 30 mg) e um placebo diariamente por até cinco semanas, seguido por injeção de Apretude 600 mg no primeiro e segundo meses, e depois a cada dois meses e um comprimido de placebo diário.

Já os participantes que tomaram Truvada iniciaram o estudo tomando Truvada oral e placebo diariamente por até cinco semanas, seguido por Truvada oral diariamente e injeção intramuscular de placebo no primeiro e segundo meses e a cada dois meses depois disso. Confira na íntegra:

“No Ensaio 1, 4.566 homens cisgêneros e mulheres trans que fazem sexo com homens receberam Apretude ou Truvada. O estudo mediu a taxa de infecções por HIV entre os participantes do estudo que tomavam cabotegravir diariamente, seguido de injeções de Apretude a cada dois meses em comparação com Truvada oral diário. O ensaio mostrou que os participantes que tomaram o Apretude tinham um risco 69% menor de serem infectados pelo HIV em comparação com os participantes que tomaram o Truvada.

No Ensaio 2, 3.224 mulheres cisgênero receberam Apretude ou Truvada. O estudo mediu a taxa de infecções por HIV em participantes que tomaram cabotegravir oral e injeções de Apretude em comparação com aqueles que tomaram Truvada por via oral. O ensaio mostrou que os participantes que tomaram o Apretude tinham um risco 90% menor de serem infectados pelo HIV em comparação com os participantes que tomaram o Truvada.”

Também foi divulgado que os efeitos colaterais que ocorrem com mais frequência em participantes que receberam Apretude em comparação com participantes que receberam Truvada em ambos os ensaios incluem reações no local da injeção, dor de cabeça, febre, fadiga, dor nas costas, mialgia e erupção cutânea.

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