Mesmo com reajuste anual, trabalhadores indianos não recebem salario mínimo desde 2020

Fornecedores indianos que produzem as peças da C&A, Zara e Nike são denunciados por não remunerarem os funcionários devidamente

Postado em: 03-01-2022 às 09h01
Por: Alexandre Paes
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Fornecedores indianos que produzem as peças da C&A, Zara e Nike são denunciados por não remunerarem os funcionários devidamente | Foto: Reprodução/Internet

As indústrias de moda da Índia, que abastecem marcas como a Zara, H&M, Puma, Nike, C&A, GAP, Marks &Spencer e Tesco, foram denunciadas pelo Worker Right Consortium (WRC) pela falta de pagamento ideal para mais de 400 mil funcionários, desde 2020. A organização apontou salários inferiores ao mínimo estabelecido legalmente no país, e disse que cada colaborador está recebendo em torno de R$ 347,85 mensais.

O grupo WRC, é uma organização independente que zela pelos direitos trabalhistas ao redor do mundo, e publicou um estudo acusando confecções indianas de não pagarem o salário mínimo aos funcionários que operam nas fábricas. Vale lembrar que o estado indiano Karnataka é reconhecido como um dos maiores centros de produção de moda do mundo.

No total, o estudo estima que o valor de salários não pagos até o momento ultrapassou £ 41 milhões de libras (cerca de R$ 308 milhões). Ao britânico The Guardian, o diretor executivo do WRC, Scott Nova, disse: “Em termos de número de trabalhadores afetados e total de dinheiro roubado, este é o ato mais flagrante de roubo de salários que já vimos. Os filhos dos trabalhadores do vestuário estão com fome, então as marcas podem ganhar dinheiro”.

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As marcas denunciadas emitiram declarações diferentes, mas concordaram em cobrar novas medidas trabalhistas dos fornecedores. A H&M afirmou: “Deixamos claro para nossos fornecedores em Karnataka que eles devem pagar aos trabalhadores salários mínimos obrigatórios por lei, incluindo todos os atrasos. Se não o fizerem, isso acabará por levar a sérias consequências para os negócios”

A Gap emitiu um comunicado sinalizando que estabeleceram um cronograma para que os fornecedores remunerem os atrasos salariais. Já a C&A exigiu que as fábricas cumprissem a ordem judicial, com a remuneração recomendada na Índia.

“A Nike espera que todos os fornecedores cumpram os requisitos legais locais e o código de conduta da Nike”, comunicou empresa. Um porta voz da da Inditex, dona da Zara , informou: “Temos um código de conduta rigoroso, que exige que todas as fábricas de nossa cadeia de suprimentos paguem salários legais, no mínimo. Estamos engajando fornecedores na região para incentivá-los a fazer o pagamento”.

A WRC insistiu que esta é uma violação em larga escala dos direitos humanos. “Já se passaram quase dois anos desde que os fornecedores se recusaram a pagar o salário mínimo e as marcas deixaram isso continuar quando sabem que são as únicas com o poder de impedir esse roubo generalizado”, concluiu.

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