Militares brasileiros começam a deixar o Haiti

Cronograma de desmobilização prevê que 85% dos 981 militares brasileiros no país sejam trazidos de volta ao Brasil até 15 de setembro

Postado em: 31-08-2017 às 14h45
Por: Victor Pimenta
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Cronograma de desmobilização prevê que 85% dos 981 militares brasileiros no país sejam trazidos de volta ao Brasil até 15 de setembro

Depois de 13 anos ajudando a reorganizar as forças de
segurança do Haiti e a controlar a violência e os efeitos da instabilidade
política local, as tropas brasileiras começam a deixar hoje (31) o país
caribenho.

Na noite desta quinta-feira, uma cerimônia na capital, Porto
Príncipe, marcará o início oficial da desmobilização do batalhão brasileiro. O
evento contará com a presença do ministro da Defesa, Raul Jungmann, que viajou
para o Haiti na companhia de uma comitiva formada por militares e civis.

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“À meia-noite do dia 1º de setembro, encerraremos
oficialmente as operações. Isso quer dizer que, a partir de 2 de setembro,
nenhum soldado brasileiro sairá às ruas armado para realizar patrulha ou
qualquer operação”, disse o comandante da missão, general Ajax Porto Pinheiro,
em entrevista à rádio Verde Oliva, do Exército brasileiro.

O cronograma de desmobilização prevê que 85% dos 981
militares brasileiros no país sejam trazidos de volta ao Brasil até 15 de
setembro. Os outros 152 militares soldados e oficiais ficarão encarregados de
proteger as instalações brasileiras e cuidar das últimas medidas
administrativas necessárias à repatriação de todo o material e equipamento
brasileiro até 15 de outubro, quando também deixarão aquele que é considerado o
país mais pobre das Américas e um dos mais carentes do mundo.

“Acredito que estamos saindo no momento certo, em meio a um
longo período sem manifestações de rua, sem embates políticos violentos, com
índices de criminalidade mais baixos e sem as gangues estarem atuando há meses.
Acredito que estamos deixando um país em condições de seguir seu próprio
caminho e que esta estabilidade se manterá”, acrescentou o general, destacando
que as forças de segurança haitianas ainda vão precisar de mais investimentos
nacionais para reforço de pessoal e aparelhamento, mas já têm condições de
manter a lei e a ordem.

Segundo resolução do Conselho de Segurança das Organizações
das Nações Unidas (ONU), todo o efetivo militar da Missão das Nações Unidas
para Estabilização do Haiti (Minustah) deve deixar o país gradualmente, até 15
de outubro, quando a operação será oficialmente encerrada. Após esta data, a
ONU instituirá no país a Missão de Apoio à Justiça (Minujusth, da sigla em
francês), cujo objetivo será apoiar o fortalecimento das instituições
judiciárias; o desenvolvimento da Polícia Nacional e o monitoramento, relato e
análise da situação dos direitos humanos.

De acordo com a ONU, o Poder Judiciário haitiano ainda é
pouco transparente e registra muitos casos de corrupção e impunidade, e o
sistema prisional tem condições insalubres. De janeiro a julho de 2017, por exemplo,
137 presos morreram no Haiti em decorrência de condições desumanas,
superlotação e quadros de doenças como cólera e desnutrição grave. Atualmente,
mais de 72% dos detentos aguardam julgamento e metade destes está presa há mais
de dois anos.

“Esta é a mais importante missão de paz para as Forças
Armadas do Brasil. Desde a Guerra da Tríplice Aliança [ou Guerra do Paraguai,
de 1864 a 1870] não enviávamos para uma missão no exterior tantos militares
quanto nesta. Também não tínhamos perdido tantos homens desde a Segunda Guerra
Mundial. Pelo efetivo, pelo que representou, pelos resultados, pelo fato de o
Brasil ter liderado a missão por tanto tempo – o que é um fato inédito na
história da ONU, esta é a missão de paz mais importante de que o Brasil já
participou”, disse o general Ajax Porto Pinheiro. 

Com informações da Agência Brasil.

Foto: Reprodução

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