Cientistas dizem que furacões como o Irma são evidência de aquecimento global

Já são mais de 60 mortes confirmadas e algumas ilhas destruídas no Caribe - Antigua e Barbuda, San Martin, Ilhas Virgens Americanas, e Turks e CaikuS

Postado em: 14-09-2017 às 08h30
Por: Kamilla Lemes
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Já são mais de 60 mortes confirmadas e algumas ilhas destruídas no Caribe - Antigua e Barbuda, San Martin, Ilhas Virgens Americanas, e Turks e CaikuS

A ocorrência este mês de
dois furacões em um prazo de uma semana – o Harvey, no  Texas, e o Irma, em países do Caribe e da
Flórida – reacendeu o debate sobre as mudanças climáticas e trouxe novas
críticas ao posicionamento da gestão Trump. A maior parte da comunidade
científica americana relaciona a incidência de furacões mais destrutivos ao
aumento da temperutura global.

Um estudo chamado Relatório
Especial Ciência e Clima, do Programa de Investigação da Mudança Global dos
Estados Unidos (CSSR, a sigla em Inglês), que reune cientistas da Administração
Nacional Oceânica e Atmosférica  (NOAA),
da Nasa e de mais 11 agências federais do país, afirma que a atividade humana
contribui para o aumento da temperatura global e, consequentemente, a
incidência de furacões.

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No estudo, a incidência de
furacões mais destrutivos é usada como evidência de que é “muito provável que
mais da metade do aumento das temperaturas, ao longo das últimas quatro
décadas, foram causadas pela atividade humana.

O relatório é parte da Avaliação
Nacional do Clima e começou a ser feito durante o mandato de Bill Clinton, em
1990.  Em junho, o estudo foi publicado
pela comunidade científica, que encaminhou o relatório para avaliação da Casa
Branca. Até então, a administração Trump não se pronunciou.

A Union of Concerned
Scientist (UCS, a sigla em inglês para a União dos Cientistas preocupados com o
clima), uma entidade que reúne especialistas norte-americanos, também publicou
em sua página um artigo em que afirma haver probabilidade de ocorrerem mais
furacões destrutivos, como o Irma, que afetaram milhões de comunidades e colocaram
estruturas em risco.

Estudos sobre os furacões e
o aquecimento global já foram desenvolvidos várias vezes pela comunidade
científica americana. A UCS trouxe o assunto à tona novamente por ocasião da
passagem do Irma – já são mais de 60 mortes confirmadas e algumas ilhas
destruídas no Caribe – Antigua e Barbuda, San Martin, Ilhas Virgens Americanas,
e Turks e Caikus (território britânico).

Além das ilhas devastadas,
são registrados enormes prejuízos financeiros – ainda não totalmente
contabilizados para praticamente todos os países e territórios caribenhos:
Porto Rico (EUA), República Dominicana, Haiti, Cuba e Bahamas.

No continente, os Estados
Unidos tiveram nove estados afetados, entre eles a Flórida, que teve todo o seu
território atingido.

A UCS lembra que “para
as comunidades costeiras, as cicatrizes sociais, econômicas e físicas deixadas
por grandes furacões, como o Irma, são devastadoras”.

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quebrou “uma série de recordes”

Os cientistas reafirmaram
que os furacões são parte natural do sistema climático. Lembraram, no entanto,
que as pesquisas recentes sugerem  o
aumento de seu poder destrutivo, ou intensidade, desde a década de 1970, em
particular na região do Atlântico Norte.

Medidas do potencial de destruição
de furacões, calculadas a partir de sua força ao longo da vida útil, também
mostram uma duplicação desse potencial nas últimas décadas. Um exemplo é o de
um furacão que se mantém em níveis 4  e 5
(mais destrutivos) na escala Saffir-Simpson (que vai de 1 a 5) por mais tempo,
causando mais danos.

Não só os furacões no
Atlântico estão se intensificando, os tufões do Oceano pacífico também estão
atingindo a Ásia de maneira mais feroz.

Impacto
oceânico

Cientistas ligados a UCS
afirmam que os oceanos absorveram  93% do
excesso de energia gerada pelo aquecimento global entre 1970 e 2010. Dessa
maneira, foi possível observar a intensificação da atividade de furações em
algumas regiões.

O furacão é um fenômeno
formado pelo aquecimento das águas ocêanicas. Temperaturas marítimas superiores
a 27º graus causam a evaporação da água que sobe aquecida em forma de vapor até
as nuvens. O contato do vapor quente e do ar frio da atmosfera provoca
correntes de ar que se descolam em movimento circular e formato de cone.

Os níveis do mar também
estão subindo,  porque com os oceanos
mais quentes,  água do mar se expande.
Essa expansão segundo a UCS, combinada ao derretimento do gelo na Terra, causou
um aumento médio global de aproximadamente 8 polegadas (20 cm)  do nível do mar, desde 1880.

A tendência esperada é de
aceleração desse processo nas próximas décadas. Níveis do mar mais elevados na
região costeira e a água mais aquecida poderão proporcionar furacões
destrutivos, como o Katrina (2005), o Harvey ou Irma.

Impacto
econômico

O impacto econômico será
sentido massivamente, como vem ocorrendo nos últimos anos. afetando milhares de
pessoas. Só nos Estados Unidos, 100 milhões de pessoas vivem em municípios
litorâneos – cerca de um terço da população total.

Furacões mais potentes
causaram perdas humanas, perdas econômicas para o Estado, a iniciativa privada
e a população em geral.

Nos Estados Unidos, o
impacto do Harvey foi bastante sentido pelas indústrias petrolíferas da costa
do Texas. O abastecimento comprometido deixou os preços da gasolina mais altos
e e a falta do produto foi sentida durante a passagem do furacão pela Flórida.

Foi preciso que o governo do
estado garantisse abastecimento nas estradas para a população que tentava
deixar as áreas atingidas e que não conseguia abastecer os carros nos postos
das rodovias. 


Informações Agência Brasil. (Foto: Reprodução)

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