Nova variante do HIV é encontrada na Holanda; vírus possui carga viral mais transmissível e agressiva

A variante VB apresenta uma carga viral maior do que aquelas com outros tipos de HIV, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido

Postado em: 04-02-2022 às 10h44
Por: Alexandre Paes
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A variante VB apresenta uma carga viral maior do que aquelas com outros tipos de HIV, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido | Foto: Getty Images

Uma nova variante do vírus do HIV descrita como “altamente virulenta” foi revelada na última quinta-feira (3/2) em um artigo na revista científica Science. Batizada como “variante VB” [abreviação em inglês para “variante virulenta do subtipo B”], ela demonstrou ser capaz de levar a uma maior carga viral no sangue em comparação com outros tipos do vírus; de ser mais transmissível; e de diminuir mais rapidamente as células de defesa do corpo.

A infecção pela VB foi confirmada em 109 pessoas analisadas no estudo, a grande maioria na Holanda (os pesquisadores detectaram também um caso na Suíça e outro na Bélgica). Um dos autores, o pesquisador Chris Wymant, explicou por e-mail à BBC News Brasil que os resultados não devem preocupar a população, porque a resposta ideal a essa e outras variantes do HIV já existe: testes e tratamento.

Os autores da pesquisa, liderada por uma equipe da Universidade Oxford (Inglaterra), estimam que a variante surgiu na Holanda entre o final dos anos 1980 e a década de 1990, se espalhou nos anos 2000 e passou a perder força a partir de 2010. Esta é a primeira vez que a variante é descrita e mapeada em indivíduos.

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Em comparação com outros tipos de HIV, a variante VB mostrou ser mais virulenta, transmissível e agressiva em pessoas que ainda não tinham passado por tratamento. No entanto, depois do tratamento, pessoas com a variante VB passaram a apresentar recuperação de células CD4 e indicadores de mortalidade semelhantes aos daquelas com outros tipos de HIV.

“A descoberta dessa variante reforça a importância de orientações que já existem: que os indivíduos com risco de contrair o HIV tenham acesso a testes regulares, permitindo o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato”, escreveu Wymant, pesquisador sênior da Universidade de Oxford e especialista na evolução dos vírus.

O HIV é o vírus que causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Em 2020, 73% das pessoas com HIV tinham acesso a tratamento, que atualmente é feito à base de medicamentos, muitas vezes apenas uma pílula tomada diariamente, sendo considerado muito eficaz.

No momento do diagnóstico, antes do tratamento, pessoas com a variante VB apresentaram uma carga viral 3,5 a 5,5 vezes maior do que aquelas com outros tipos de HIV; a taxa de declínio das células CD4 foi duas vezes mais veloz, colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido.

“Consideramos que o vírus (na forma da variante VB) emergiu apesar de um forte programa de tratamento na Holanda, e não por causa dele. O outro lado da moeda é que o excelente monitoramento na Holanda tornou mais provável a detecção de uma variante como essa”, apontou Wymant.

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