Rússia acusa EUA de violação do direito internacional na Síria

Ministro das Relações Exteriores da Rússia acusa os EUA de quer a partilha da Síria para substituir o regime e criar pequenos principados controlados por atores externos

Postado em: 16-03-2018 às 14h40
Por: Victor Pimenta
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Ministro das Relações Exteriores da Rússia acusa os EUA de quer a partilha da Síria para substituir o regime e criar pequenos principados controlados por atores externos

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov,
acusou nesta sexta-feira (16) os Estados Unidos de dificultarem uma solução
pacífica para o conflito na Síria através da “violação de todas as normas
do direito internacional”.

“(Os Estados Unidos) mediante a violação de todas as
normas do direito internacional, violam gravemente a resolução do Conselho de
Segurança”, opinou Lavrov durante uma reunião em Astana, a capital do
Cazaquistão, com seus equivalentes de Irã e Turquia, Mohammad Javad Zarif e
Mevlüt Çavusoglu, respectivamente.

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“Obviamente, eles querem a partilha da Síria para
substituir o regime e criar pequenos principados controlados por atores
externos deste grande país do Oriente Médio”, acrescentou o ministro
russo.

Mesmo assim, Lavrov assegurou que o processo de Astana
continuará o seu trabalho “do lado correto do direito internacional”
e pediu à coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que “não
proteja os extremistas como ocorre atualmente em Ghouta Oriental”.

Essas palavras contradizem a resolução tomada ontem pelo
Parlamento Europeu, que pede ao regime do presidente sírio Bashar al Assad, e à
Rússia e ao Irã, que o apoiam, respeito ao cessar-fogo de 30 dias solicitado
pela Organização das Nações Unidas (ONU) para pôr fim aos enfrentamentos na
região de Ghouta Oriental.

Os eurodeputados pediram respeito à trégua para que a ajuda
humanitária possa chegar à região e enfatizaram que “o regime sírio e seus
aliados Rússia e Irã são responsáveis pelos crimes atrozes que continuam sendo
cometidos na Síria”, segundo um comunicado do Parlamento Europeu.

“É evidente que alguns colegas ocidentais tentam
preservar o potencial de combate dos terroristas. O constante bombardeio de
Damasco e o bloqueio dos comboios com ajuda humanitária provocam acusações
desmedidas às autoridades sírias e russas. Apesar de todo o exagero feito em
torno da situação em Ghouta Oriental, seguimos trabalhando para ajudar as
autoridades sírias”, disse Lavrov.

Em um tom mais conciliador, o ministro das Relações
Exteriores do Cazaquistão, Kairat Abdrakhmamov, pediu a Washington e Moscou um
“diálogo construtivo” sobre a paz na Síria.

“A estreita cooperação das duas forças irá satisfazer os
interesses de todos os países “, disse Abdrakhmanov.

Os ministros das Relações Exteriores dos três países
garantidores do cessar-fogo na Síria adotaram uma declaração conjunta após a
reunião de hoje para “continuar ajudando os sírios na restauração da
unidade do país e na busca de uma solução política”, segundo Lavrov.

Os chanceleres também chegaram a um acordo para realizar uma
nova rodada de negociações do Processo de Astana sobre a paz na Síria em meados
de maio.

A oitava e última rodada de negociações de Astana sobre a paz
na Síria, que contou com a participação de representantes do regime de Assad e
de grupos da oposição síria, aconteceu em 21 e 22 de dezembro.

Essa rodada concluiu com a convocação de um congresso de
diálogo nacional sírio, que foi realizado no fim de janeiro na cidade russa de
Sochi e no qual estipulou-se a criação de uma comissão constitucional sob
mediação da ONU.

 Fonte: Agência Brasil e Agência EFE. (Foto: Reprodução/Reuters/Sergei Karpukhin)

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