Segunda-feira, 01 de julho de 2024

ONU se preocupa com ataque químico na Síria

Secretário-geral da entidade pede para cessar combates na cidade de Duma, após informações de que ataques causaram 42 mortes

Postado em: 09-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: ONU se preocupa com ataque químico na Síria
Secretário-geral da entidade pede para cessar combates na cidade de Duma, após informações de que ataques causaram 42 mortes

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressou preocupação com a situação dos civis na cidade síria de Duma, em Ghouta Oriental, e se mostrou “particularmente alarmado” pelo suposto ataque químico que, segundo algumas organizações não governamentais, deixou 42 mortos.

Após a “renovada e intensa violência” em Duma nas últimas 36 horas, Guterres pediu para que “todas as partes cessem os combates e restaurem a calma que havia”, já que “não há solução militar ao conflito”, acrescenta comunicado do porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric.

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A ONU se baseia em relatórios que falam de ataques aéreos e fogo de artilharia em Duma, o último reduto rebelde de Ghouta Oriental, nos quais morreram civis, edifícios foram destruídos e vários centros de saúde ficaram danificados.

“O secretário-geral está particularmente alarmado pelas alegações de que foram utilizadas armas químicas contra a população civil em Duma”, destaca o comunicado da ONU, que “não está na posição de verificar esses relatos”.

A Defesa Civil síria e ONGs denunciaram que as forças leais ao presidente realizaram no sábado (7) um ataque químico em Duma que causou a morte de pelo menos 42 civis e afetou outros 500. Segundo relatos, o ataque provocou na população sintomas de asfixia, pulsações cardíacas lentas e queimaduras na córnea, enquanto alguns afetados espumavam pela boca.

Guterres reiterou que, se for confirmado o uso de armas químicas no ataque, trata-se de um ato “abominável” que requereria uma “exaustiva investigação”. Tanto as autoridades sírias como a Rússia negaram de maneira contundente o uso de armas químicas nos bombardeios de Duma e nenhuma outra fonte independente a confirmou.

Guterres considerou “crucial” que as partes do conflito protejam os civis em cumprimento às leis humanitárias internacionais e de direitos humanos, assim como às resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. 

Rússia defende intervenção militar 

A Rússia afirmou ontem que as denúncias sobre o suposto ataque químico realizado pelas forças governamentais sírias são uma nova tentativa de justificar uma intervenção militar no país árabe. “O objetivo dessas falsas conjecturas, totalmente infundadas, é proteger os terroristas e a oposição radical que rejeita uma arrumação política e, ao mesmo tempo, tentar justificar um possível ataque militar do exterior”, informou a Chancelaria russa em comunicado.

A nota adverte que “uma intervenção militar sob pretextos inventados e fabricados na Síria, onde se encontram soldados russos a pedido do governo legítimo, é absolutamente inaceitável e pode acarretar as consequências mais graves”.

O governo russo considera que as denúncias são um novo caso de “desinformação” e lembrou que a fonte de tais informações, a ONG Capacetes Brancos, foi acusada de conivência com os terroristas, assim como outras organizações com base nos Estados Unidos e no Reino Unido.

O comunicado lembra ainda que a maior parte de Ghouta Oriental já foi liberada dos terroristas e que os “irredutíveis radicais” que ainda seguem oferecendo resistência em Duma “usam os civis como escudos humanos”.

Investigações

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsabilizou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Irã, por apoiarem o governo de Bashar al Assad. “Muitos mortos, incluindo mulheres e crianças, em um ataque químico sem sentido na Síria. A área de atrocidades está bloqueada e cercada pelo exército sírio, por isso é completamente inacessível para o mundo exterior. O presidente Putin, a Rússia e o Irã são responsáveis por apoiarem o animal Assad”, disse o republicano na rede social Twitter. 

Na noite anterior, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert, pediu à Rússia que pare de apoiar o governo sírio e colabore com a comunidade internacional para buscar uma saída para o conflito.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, também pediu ontem para que a Rússia não obstrua a investigação sobre o suposto ataque com armas químicas na cidade síria de Duma, o qual considerou “verdadeiramente terrível”.

“Os investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) têm todo o nosso apoio. A Rússia não deve tentar obstruir mais uma vez estas investigações”, declarou Johnson em comunicado.

O chefe da diplomacia britânica afirmou que, apesar da “promessa” da Rússia em 2013 de garantir que a Síria “abandonaria todas as suas armas químicas”, o regime de Bashar al Assad foi “responsável por utilizar gás venenoso em pelo menos quatro ataques distintos em 2014”.

“Se for confirmado que o regime utilizou armas químais uma vez, seria um novo terrível exemplo da brutalidade do regime de Assad e seu desprezo flagrante tanto pelos cidadãos sírios como pelas suas obrigações legais”, acrescentou Johnson. (Agência Brasil) 

Papa repudia uso de “instrumentos de extermínio” 

O Papa Francisco condenou ontem o uso de “instrumentos de extermínio contra a população” na guerra da Síria, após várias ONGs denunciarem que dezenas de pessoas morreram no sábado por um ataque químico em Duma, o último reduto rebelde nos arredores de Damasco. As informações são da Agência EFE.

“Nada pode justificar tais instrumentos de extermínio contra a população”, disse o pontífice na praça de São Pedro, no Vaticano, momentos depois de celebrar uma missa.

Pelo menos 40 pessoas, a maioria mulheres e crianças, morreram devido a um ataque químico em Duma, segundo a ONG Capacetes Brancos, dedicada ao resgate de vítimas em zonas sob o controle da oposição, enquanto o governo sírio negou qualquer responsabilidade.

“Chegam da Síria notícias terríveis com dezenas de vítimas, muitas delas mulheres e crianças. Rezamos por todos os defuntos, famílias e afetados”, disse o papa. O pontífice afirmou “não há uma guerra boa ou uma guerra má e nada, nada pode justificar tais instrumentos de extermínio contra a população”.

“Rezemos para que os responsáveis políticos e militares escolham outro caminho, o de negociação, o único que pode levar à paz e não à morte e à destruição”, acrescentou, após rezar a Regina Coeli que substitui o Ángelus em tempos de Páscoa.

Segundo Capacetes Brancos, que divulgou fotos de corpos, muitos deles de crianças, centenas de pessoas foram afetadas pelo ataque ocorrido ontem quando “um helicóptero lançou um barril-bomba que continha um agente químico sobre Duma”. (Agência Brasil) 

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