Lagarde abre G20 e diz que Argentina é capaz de cumprir metas

“As políticas estão sendo implementadas e os objetivos são alcançáveis”, disse Christine Lagarde

Postado em: 21-07-2018 às 15h25
Por: Márcio Souza
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“As políticas estão sendo implementadas e os objetivos são alcançáveis”, disse Christine Lagarde

Lagarde abre G20 e diz que Argentina é capaz de cumprir metas

Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do
G-20 (grupo das dezenove maiores economias do mundo e a União Europeia) se
reúnem no final de semana pela terceira vez neste ano. O encontro, na capital
argentina, Buenos Aires, é o primeiro desde que a guerra comercial se
intensificou, com os Estados Unidos aplicando tarifas as importações chinesas e
a China retaliando – algo que pode ter repercussões em países desenvolvidos e
em desenvolvimento.

Na abertura, a diretora do FMI, Christine Lagarde, que na
sexta-feira (20) à noite se reuniu com o presidente da Argentina, Mauricio
Macri, mostrou confiança na política econômica do país. “As políticas estão
sendo implementadas e os objetivos são alcançáveis”, disse Lagarde. Ela admitiu
que o índice inflacionário alcançou “um ponto alto” em junho e que “houve
conversas” sobre isso – já que a meta de inflação para este ano é de 32%. “Mas
o programa está sendo cumprido” e “houve progressos”, assegurou, ao prever que
a economia “vai melhorar em 2019 e 2020”.

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Lagarde manifestou confiança em relação à capacidade do
governo argentino de cortar gastos e cumprir com a meta de reduzir o déficit
fiscal a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e 1,3% em 2019.

Protestos

Um forte esquema de segurança foi montado em Buenos Aires
para acolher as delegações, em meio a protestos convocados por organizações
sociais de esquerda e sindicatos, contra o acordo stand-by de US$ 50 bilhões,
assinado pela Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O dinheiro,
liberado em parcelas trimestrais, estará disponível para ajudar o país
anfitrião do G-20 a superar a crise cambial, desde que cumpra com determinadas
metas. Entre elas, a redução da inflação, que de junho de 2017 até junho passado
chegou a 29,5% (superior à meta do FMI de 29%).

Os protestos contra o FMI e a presença de Lagarde na reunião
do G-20 começaram na sexta-feira (20) e continuaram no sábado (21),
interrompendo o trânsito em Buenos Aires. A maioria dos argentinos associa o
FMI a programas de ajuste, que contribuíram para agravar a recessão na década
de 1990 e resultaram na moratória da divida, na queda de sucessivos governos e
na crise de 2001 – a maior da história recente do país.

O governo argumenta que o empréstimo permitiu que o país
controlasse a escalada do dólar – provocada por fatores externos, como, a
decisão dos Estados Unidos de aumentar as taxas de juros. A Argentina também
enfrentou uma seca, que prejudicou suas exportações agrícolas, mas – antes
disso – Macri não tinha conseguido cumprir duas promessas de campanha: reduzir
a inflação de dois dígitos e atrair investimentos estrangeiros. Ele sim vai ter
que cortar as obras de infraestrutura, que programou para gerar empregos e
reativar a economia, para reduzir o déficit fiscal.

Encontros bilaterais

A agenda do encontro de dois dias prevê debates sobre formas
de atrair o capital privado para investir em infraestrutura e fomentar o
comércio multilateral e o desenvolvimento. A proposta e reduzir, ate 2035, o déficit
global em infraestrutura que chega as US$ 5.5 trilhões. Outros temas são
sistemas impositivos internacionais e regulamentações financeiras. O G-20
também é oportunidade para encontros bilaterais.

O ministro da Fazenda brasileiro, Eduardo Guardia, vai se
encontrar com o chanceler do Erário do Reino Unido, Phillip Hammond, e os
ministro das Finanças da Turquia, Berat Abayrak, e dos Paises Baixos, Wopke
Hoekstra, além da ministra de Economia, Industria e Financas da Espanha, Nadia
Calviño.

O tema que preocupa a todos é a guerra comercial iniciada
pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aplicar tarifas de 25%
sobre US$ 34 bilhões de importações da China. O governo chinês retaliou, com
medidas parecidas. Agora Trump anunciou que pode dar um passo além, aplicando
tarifas de 10% a outros US$ 200 bilhões de produtos chineses.

Trump também ameaça taxas a importação de veículos da União
Europeia.

 (Agência Brasil)

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