Segunda-feira, 29 de julho de 2024

Imigrantes serão levados para abrigo

O centro da organização não governamental, na cidade de Medenine, será responsável por despesas de manutenção

Postado em: 02-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O centro da organização não governamental, na cidade de Medenine, será responsável por despesas de manutenção

Os 40 imigrantes resgatados a bordo do navio petroleiro ‘Sarost 5’ foram evacuados e transferidos para um centro de acolhimento

Os 40 imigrantes resgatados a bordo do navio petroleiro “Sarost 5”, bloqueado há duas semanas em frente ao porto de Zarzis, sul da Tunísia, à espera de receber autorização para atracar, foram evacuados e transferidos nesta quarta-feira para um centro de acolhimento do Crescente Vermelho, após permanecerem 21 dias em alto-mar.

O centro da organização não governamental, na cidade de Medenine (60 km de Zarzis), será responsável por despesas de manutenção e alojamento durante os dois próximos meses e prestará assistência jurídica aos migrantes, que serão informados das diferentes opções que dispõem: o retorno voluntário, pedido de asilo e possibilidade de permanecer no país para trabalhar.

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No último sábado (29), o primeiro-ministro tunisiano, YoussefChahed, anunciou a aceitação do navio “por razões humanitárias”, embora a tripulação disse ter sido informada da decisão “através da televisão” e não ter recebido nenhuma comunicação oficial desde então.

Por sua parte, o Crescente Vermelho saudou a decisão, embora tenha qualificado de “tardia” e acusou o governo de ter prejudicado a imagem do país.

Além disso, lembrou que a organização humanitária pediu permissão em várias ocasiões, sem sucesso, para desembarcar urgentemente duas mulheres grávidas, de dois e cinco meses, por conta do risco de aborto, e de uma terceira pessoa que sofre de uma hérnia de hiato.

De acordo com os números fornecidos por uma fonte da multinacional Shell, responsável pelo petróleo da Tunísia, a estimativa das perdas econômicas durante os 16 dias que o navio permaneceu bloqueado pelas autoridades tunisianas supera os US$ 152 mil.

No rebocador de 60 metros de comprimento por 16 de largura, transformado em um improvisado centro humanitário, 54 pessoas foram forçadas a viver juntas, apesar da falta de espaço, escassez de comida e água, inclemências do mar, altas temperaturas e risco de contágio de algumas doenças.

No dia 14 de julho, a plataforma marítima petrolífera Miskar, da companhia British Gas, localizou em águas internacionais uma embarcação à deriva que tinha partido do litoral líbio para tentar atravessar o Mediterrâneo.

A embarcação de abastecimento “Sarost 5” fez o resgate e partiu para o porto de Sfax – que fica a 75 milhas – seguindo as ordens das autoridades tunisianas. No entanto, assim que chegou ao porto, recebeu a instrução de se dirigir para Zarzis – que fica a 76 milhas de distância mais ao sul – para, finalmente, ter a autorização de desembarque rejeitada e ficar à espera de novas “instruções”.

Os resgatados têm entre 17 e 36 anos, entre os quais estão as duas gestantes, e são originários de Egito, Bangladesh, Camarões, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Serra Leoa e Ambazônia (região independentista de Camarões).

Segundo várias ONGs locais, que fizeram um apelo para que o governo tunisiano acolhesse o navio, a Tunísia não quer se transformar em um “porto seguro”, o que criaria um precedente e poderia consolidar a iniciativa europeia de estabelecer “plataformas regionais de desembarque” fora do continente europeu para fazer o cadastro e triagem dos imigrantes.(Agência Brasil) 

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