Relações Brasil-EUA celebram 200 anos em meio à disputa com a China
Data foi marcada por seminários e audiências no Itamaraty e no Senado Federal
Por: Vitória Bronzati
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Nesta semana, Brasil e Estados Unidos comemoraram 200 anos de relações diplomáticas. A data foi marcada por seminários e audiências no Itamaraty e no Senado Federal, além de ser influenciada pela disputa entre Washington e Pequim no cenário internacional.
Durante visita ao Brasil, a chefe do Comando Sul dos EUA, general Laura Richardson, criticou abertamente a China. Richardson alertou para riscos potenciais caso o Brasil se envolva no projeto chinês da Rota da Seda, que busca parcerias comerciais e de infraestrutura. O Comando Sul é responsável pela segurança dos EUA na América Latina e no Caribe, e a general destacou a importância da cooperação entre democracias, contrapondo-as a regimes ditatoriais.
“Respeitamos o povo um do outro, as democracias, o que não acontece com um país comunista, porque eles não respeitam os direitos de seu próprio povo. Já existe um histórico que a República Popular da China estabeleceu, não apenas na América Latina, mas em outros lugares do mundo”, afirmou Richardson em entrevista ao jornal Valor Econômico.
A Embaixada do Brasil na China respondeu, afirmando que os Estados Unidos seguem uma “mentalidade típica da Guerra Fria” e tentam desmoralizar a imagem da China, prejudicando a cooperação entre China e Brasil.
Raphael Seabra, sociólogo da Universidade de Brasília (UnB), avaliou que a posição de Richardson reflete a postura do governo Biden, que recentemente aprovou leis para taxar produtos tecnológicos da China. Seabra destacou que os EUA sempre consideraram a América Latina como seu “pátio traseiro” e que a fala de Richardson indica uma tentativa de isolar a China.
Alexandre Pires, professor de relações internacionais do Ibmec, afirmou que os EUA buscam conquistar o Brasil como aliado em sua luta para conter a China, mas que o Brasil deve tirar proveito dessa disputa. Pires alertou sobre a necessidade de o Brasil se equilibrar entre as duas potências para evitar retaliações, dada a dependência econômica do país tanto dos EUA quanto da China.
Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um fluxo de comércio que superou US$ 157 bilhões em 2023. Os EUA são o segundo maior parceiro, com quase US$ 75 bilhões em comércio bilateral. Esses números demonstram a importância econômica de ambos os países para o Brasil, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Especialistas concordam que o Brasil deve usar a disputa entre China e EUA para seu benefício, evitando tomar partido para não prejudicar suas relações com as duas potências.
Com informações da Agência Brasil