Reflexos da pandemia na região da 44, em Goiânia

Artigo de opinião

Postado em: 20-11-2021 às 09h52
Por: Redação
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Artigo de opinião

Por Wanderley Villarinho

Definir um norte com metas claras pode levar uma empresa para o sucesso, mas são as ações que vão determinar o resultado. Ao cenário econômico extremamente competitivo, somaram-se as adversidades ligadas à pandemia, levando empresas a agirem de maneira quase instintiva, como sobrevivência. Mas é em épocas de crise que devemos buscar aprender a reaprender, com estratégias disruptivas, que visem oportunizar o mercado. Como diria o ex-presidente do Lloyds Bank, Sir Brian Pitman: “Existe sempre uma estratégia melhor do que a que você tem, você só não pensou nela ainda”.

Com esse pensamento, foi lançado um desafio a um grupo de 14 alunos dos cursos de Logística e Gestão Comercial da Faculdade Senac Goiás para realizar um estudo com foco no levantamento dos processos logísticos, comerciais e de atendimento ao cliente que foram impactados pelas medidas de restrição das atividades econômicas decorrentes da pandemia da COVID-19, durante os anos de 2020 e 2021. O grupo foi desafiado a levantar propostas de melhoria que poderiam ser implantadas, visando melhorar o nível de competitividade, bem como preparar a liderança para futuras crises, que com certeza ainda virão. 

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Para esse trabalho, foi escolhido o polo da Região da 44, situado na parte central da capital, justificando-se a escolha pelos dados da região que são impressionantes: 150 mil empregos gerados; R$ 570 milhões movimentados por mês, de janeiro a setembro, sendo que nos últimos meses do ano o faturamento pode chegar a R$ 1 bilhão. Estes números fazem da região da rua 44 o segundo maior polo atacadista do Brasil, atrás apenas da região do Brás, em São Paulo-SP. Mas esse era o cenário da região da 44 antes da pandemia de acordo com dados da AER44 (Associação Empresarial da Região 44).

Com esse desafio, os alunos começaram um trabalho de pesquisa comparativa da situação da região, com base no ano de 2019 e os reflexos que a pandemia teria produzido junto aos lojistas da região. Para isso foram utilizadas várias ferramentas de avaliação diagnóstica, que serviram para que a equipe pudesse ter uma “fotografia” da situação real dos comerciantes da região da 44 e pudesse então iniciar uma anamnese mais acurada dos principais problemas existentes. 

Desta forma, foram levantados os seguintes indicadores: Percentual de dias fechados (DFg); percentual de dias fechados em período de pico, “movimento externo de venda” (DFe); percentual de redução de horários de funcionamento (HFg); percentual de projeção de queda de faturamento (QFp); e Percentual de demissões (DEg).

Com base nesses indicadores e o resultado de pesquisa realizada pela AER44 em parceria com a Secretaria Estadual da Retomada junto a 262 lojistas da região, foi possível entender os principais temas (ou dores) desses empresários na manutenção e crescimento de seus negócios; em particular aqueles ligados diretamente à gestão: formação de preços, gestão de clientes e fornecedores, gestão financeira e processos gerenciais. Reflexo direto dos protocolos de combate à pandemia (afastamento social e redução do período de funcionamento do comércio, dentre outros), verificou-se também uma demanda muito grande por gestão de marketing, principalmente em relação às mídias digitais e produção de conteúdo.

Esse processo de tomada de decisão em cenários de incerteza passa a ser uma preocupação grande do empresário. Foi verificado que alguns, de forma intuitiva, conseguiram agregar valor ao realizar a transição rápida para novos modelos de captura da atenção do cliente; já outros não conseguiram realizar o processo de mudança disruptiva necessária. 

Os resultados de todo esse trabalho vêm sendo apresentado semestralmente nas jornadas acadêmicas da Faculdade Senac Goiás em formato e relatórios, aproveitando para propiciar debates em torno do tema, e será alvo de artigo científico ao final do ano. 

Algumas organizações foram desenhadas para ganhar excelência na reprodução das mesmas coisas. É necessária uma mudança de postura. Assim, é importante que se aborde novas formas de ver e rever a gestão dos negócios, e que se busque por meio de lições apreendidas o aperfeiçoamento a todo momento dos processos de tomada de decisão, visando não se deter em “zonas de conforto”, ou que se direcione a algo que pareça eficiente, mas que não dê resultado. Apropriando o grande “guru” da gestão, Peter Drucker: “Não há nada tão inútil quanto fazer eficientemente o que não deve ser feito”.

Os resultados de todo esse trabalho vêm sendo apresentado semestralmente nas jornadas acadêmicas da Faculdade Senac Goiás em formato e relatórios, aproveitando para propiciar debates em torno do tema, e será alvo de artigo científico ao final do ano. 

Wanderley Villarinho, professor do curso de Gestão Comercial da Faculdade Senac Goiás

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