Os EUA provocam um conflito com a Rússia para desestabilizar a Europa

Confira o artigo de opinião, desta quinta-feira (10/02), por Manoel L. Bezerra Rocha

Postado em: 10-02-2022 às 11h09
Por: Redação
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Confira o artigo de opinião, desta quinta-feira (10/02), por Manoel L. Bezerra Rocha

O imbróglio que envolve o propagado “iminente conflito” entre Rússia e Ucrânia tem muito de uma crise superficial, uma histeria criada pelos Estados Unidos. Porém, não é de todo correto descartar a possibilidade de um conflito real; para isso, basta que algum membro da OTAN se aventura a ultrapassar a “linha vermelha” imposta por Moscou, o que só não ocorreu ainda por prudência das principais potências europeias, diga-se: França e Alemanha.

A ideia de nações prósperas e estáveis soa como um acinte a um país que despontou como potência mundial – e, como tal, por enquanto se mantém – graças ao período pós-Segunda Guerra Mundial e, desde então, tem se afirmado como potência bélica e econômica promovendo golpes de estado, intervindo na política e nas bases econômicas de nações mundo afora, desestabilizando-as e apropriando-se de suas riquezas através de despojos diretos ou através de fantoches locais, a exemplo do ocorre atualmente no Iraque, Líbia e não própria Ucrânia.

Os Estados Unidos escancaram ao mundo que, apesar do fim da Segunda Guerra Mundial, mantêm sob ocupação direta países importantes como a Alemanha, Itália, Bélgica e, com o fim da União Soviética, com o consequente desmonte do Pacto de Varsóvia, apropriou-se da Polônia. A “Perestroika” de Mikhail Gorbachev foi um desastre para a segurança da Rússia que, ao aceitar resignadamente as exigências dos Estados Unidos, sem nenhuma garantia de salvaguarda de sua segurança interna, permitiu que suas fronteiras ficassem fragilizadas, o que levou Putin, após o golpe da OTAN contra o governo pró-Rússia da Ucrânia, a anexar a península da Criméia.

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Os EUA, autoproclamados a “polícia do mundo”, são o único país a possuir bombas nucleares fora de seu território, sendo que apenas na Europa cinco países que possuem base militar norte-americanas contam com esse tipo de arsenal em seus territórios. Ressalte-se que os EUA são o único país do mundo, desde a invençao da bomba nuclear, a empregá-la contra a população civil e indefesa, como ocorreu em Hiroshima e Nagasaki. E nem por isso se consideram terroristas. Ao contrário, sabotam o programa nuclear iraniano sob a alegação de se caracterizar como fator de “desestabilização regional”.

Na Europa, o vexame e humilhação mais evidente fica para a Alemanha que tem que suportar a existência de bombas nucleares em seu território, por imposição da ocupação dos EUA que permanece até hoje, exatamente em um momento em que o país desmonta suas usinas nucleares de geração de energia em razão da decisão de se buscar alternativas de “energias limpas”, em um contexto de tomada de consciência e do compromisso de evitar danos decorrentes de acidentes radioativos como os que ocorreram nas usinas nucleares de Fukushima, no Japão, e  Chernobyl na antiga Ucrânia Soviética. É constrangedor para a França e a Alemanha se verem compelidas a manifestarem apoio público ao conflito com a Rússia, país com quem mantêm relações comerciais importantes, cientes de que a deflagração de um conflito faria com que suas economias fossem duramente afetadas, enquanto os EUA ficariam assistindo de longe, sem envolvimento direto, sendo o único a obter elevados lucros financeiros e estabilidade social e institucional.

A marionete europeia predileta dos EUA, o Reino Unido, antecipou-se em dar as costas para a Europa ao retirar-se do bloco através do Brexit, em prejuízo aos próprios povos britânicos, provocando escassez de mão-de-obra, de produtos básicos e de profissionais qualificados.

A histeria estadunidense em estimular uma guerra da Europa contra a Rússia, mais que minar as economias, principalmente a da Alemanha que precisa do gás russo para suas indústrias e sua população, segue para atender a interesses da indústria bélica norte-americana e minar a estabilidade de a própria existência da Europa como bloco político e economicamente coeso, nos moldes da União Europeia. Não por acaso, a primeira providência foi a de retirar o Reino Unido do bloco e, concomitantemente, promover o golpe na Ucrânia, cinicamente denominado de “Revolução Ucraniana”, que se consumou em 2014, e, ao se aliar ao grupo Taleban – com quem combateu por duas décadas ao custo de trilhões de dólares e vidas de soldados de todos os países membros da OTAN – desestabilizar a Síria e a Líbia, criando uma crise migratória e humanitária a cair no colo da Europa.

O próprio atual presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apesar de capacho dos EUA, ciente do caos que um conflito traria à população ucraniana, um país que já enfrenta graves problemas econômicos, alertou à população mundial que a “crise” com a Rússia é artificial, pedindo a Washington para que pare de fomentar atritos entre os dois países. De fato, como povos eslavos, os ucranianos possuem laços muito estreitos com a Rússia do que com a Europa Ocidental, sendo a capital Kiev a origem do que hoje é a nação russa, de onde derivaram os povos “rus”, daí a origem etimológica de “russos”.

Os Estados Unidos, ao se tornarem uma grande potência mundial, adotaram essa forma de pirataria moderna, intervindo em nações, diretamente ou através de prepostos. Analistas indicam que um conflito no Leste Europeu, envolvendo a Europa Ocidental através dos países membros da OTAN, sem envolvimento direto dos EUA, seria uma modalidade de “guerra por procuração”. Os Estados Unidos são um país conhecido não como uma nação, mas como uma empresa que pratica operações comerciais desleais e ilegais em seus negócios em relação à comunidade internacional, contra a autodeterminação dos povos.

Todos os impérios, por mais poderosos que foram em uma época, sucumbiram. Talvez a aproximação da Rússia com a China, como a que aconteceu na última semana, para fazer frente às constantes ameaças e prepotências dos Estados Unidos através de seus ventríloquos, a OTAN, seja o prenúncio da mudança que tanto se espera na geopolítica mundial.

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