Quinta-feira, 28 de março de 2024

Empresas precisam encarar o desafio da modernização

Com a necessidade das práticas de ESG no topo, a governança nas empresas se torna central, implicando decisões do meio ambiente em primeiro lugar

Postado em: 21-06-2022 às 08h49
Por: Redação
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Com a necessidade das práticas de ESG no topo, a governança nas empresas se torna central, implicando decisões do meio ambiente em primeiro lugar | Foto: Reprodução

Carlos Eduardo Ribas

Os dois próximos anos serão decisivos para o mercado de inovação, já que as mudanças que vêm moldando o setor não podem mais ser ignoradas. Podemos pegar como exemplo a preocupação com o meio ambiente, até recentemente encarada como uma consequência nas decisões comerciais. Com a necessidade das práticas de ESG (Environmental, Social and Governance) no topo, a governança nas empresas se torna central, o que implica que decisões sejam tomadas com os interesses do meio ambiente em primeiro lugar.

A preocupação com a questão ambiental ocupará o mundo dos negócios de forma perpétua, e as decisões comerciais precisam ser conscientes, sustentadas por deliberações e projeção de cenários que empreguem tecnologia. Estudos centenários apontavam para a improbabilidade de uma nova crise hídrica no País. No entanto, em meio à pior seca dos últimos 91 anos, ela chegou e ocupou boa parte do ano de 2021. O mercado de inovação precisa estar preparado para a imprevisibilidade, pronto para atender as demandas com competitividade e formação de parcerias.

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Outro exemplo é o setor de energia, que deve passar por uma grande revolução nesse período de dois anos. Ela se faz altamente necessária e é sustentada por dois pilares que caminham juntos: infraestrutura e regulação. Temos, no Brasil, uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo. Somos o quarto país do mundo que mais cresceu em geração de energia solar em 2021. Mas não dá para polarizar em uma só tecnologia e, por isso, está muito clara para nós, como instituição de ciência e tecnologia, a necessidade de fontes de energia híbridas.

Com isso, por que não se pensar de forma mais integrada? Atualmente é possível, por exemplo, aproveitar o lago de uma hidrelétrica para piscicultura, incluí-lo no desenvolvimento de rotas marítimas ou utilizá-lo para uma usina solar flutuante. Os espaços embaixo de geradores eólicos podem ser aproveitados para a agricultura, e muitos outros exemplos que ilustram uma lógica em que a modernização caminha de mãos dadas com a preocupação ambiental. 

Em um futuro próximo, o protagonismo do cliente no processo de geração de energia entrará em evidência, um futuro em que as famílias poderão escolher de quem comprar a eletricidade que abastece as suas casas. O mercado de inovação precisa estar a postos para atender também a demanda dos consumidores, que muitas vezes não estão preparados para fazer a gestão das mudanças impostas pelos tempos modernos. 

Mas, para esse futuro chegar, falta justamente a regulação. É preciso modernizar também as regras, flexibilizar. Quando se fala de mudanças no mercado, a regulamentação pode até atrasar, mas é impossível achar que as demandas não a tornarão imprescindível. Em momentos como esse, em que transições importantes acontecem, é preciso arriscar, entrar na disputa com inteligência comercial e agilidade. 

O futuro requer, afinal, abrir mão de algumas tradições. Estaremos cada vez mais em contato com sistemas e plataformas computacionais avançados e isso estimula a otimização de toda a informação que é gerada, analisando os dados com inteligência. A grande sacada é estar atento a modelos de negócio, porque são eles que vão alavancar novas tecnologias, independente da vertical. 

No Brasil, uma ótima oportunidade é investir na melhoria de processos, buscada por empresas de diversos setores. Alguns exemplos são a minimização de perdas técnicas por problemas de infraestrutura ou, então, perda de energia no processo de distribuição. Aqui, residem verdadeiras minas de ouro para quem atua no mercado de inovação, e oferecer essas soluções, ou então consultoria, pode ser um divisor de águas para muitas empresas. 

O mercado tem muito claro o que ele quer e precisa: eficiência, ganho operacional, uso da tecnologia a favor da sociedade e movimentação do fluxo de capital. Cabe agora às empresas e instituições de ciência e tecnologia olharem para dentro, para seus processos, abraçarem a modernização e investirem na inovação como um caminho que não pode ser evitado.

Carlos Eduardo Ribas é diretor comercial de instituto de ciência e tecnologia com sede em Curitiba

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