Para o professor sempre mais

Valdir Faria é professor há 33 anos e diretor da unidade de um colégio particular

Postado em: 15-10-2022 às 09h30
Por: Luan Monteiro
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Valdir Faria é professor há 33 anos e diretor da unidade de um colégio particular. | Foto: Arquivo Pessoal

Valdir Faria

– O que você quer ser quando crescer?

– Professor.

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Quando essa é a resposta da criança, os adultos em volta costumam agir com orgulho ou certa desconfiança? Não preciso nem dizer o resultado dessa enquete. Ela só refletiria o importante trabalho de valorização que constantemente precisa ser feito sobre essa profissão até que muitos queiram ser professores sob o mesmo status de se formarem médicos ou engenheiros.

Entendo que, entre tantas necessidades, são três os pilares para isso. A começar por uma remuneração adequada. Este ano, o piso salarial dos educadores da educação básica foi reajustado em 33%, passando de R$ 2.886 para R$ 3.845,63. Apesar desse valor ser definido pelo governo federal, no caso da educação pública, são as prefeituras e os governos estaduais que pagam os salários da educação básica. Então, a remuneração é diferente em cada região do País.

De acordo com um levantamento feito pela plataforma Catho e divulgado em outubro de 2021, em Goiás o salário dos professores, tanto na rede pública quanto privada, está dentro da média do piso nacional, em torno de R$ 3.873,49. Pela responsabilidade que a profissão carrega, diria que esse número precisaria ser pelo menos duas vezes maior.

Aliado a isso, um segundo ponto importante de valorização é dar ao professor condições para uma formação continuada. E não falo apenas de mestrado e doutorado, que são muito importantes e influenciam diretamente no salário que ele recebe, mas de atualizações oferecidas pelas escolas de acordo com os momentos e desafios pelos quais a educação passa constantemente. Quantos professores receberam nas instituições que trabalham cursos sobre saúde mental e os desafios da educação em um cenário pós-pandêmico? Com a volta às aulas presenciais após dois anos de ensino on-line por causa da pandemia, é muito importante trazer isso à tona.

Entender esse cenário passa por ouvir o professor no dia a dia. É ele, em sala de aula diariamente, que consegue externar suas necessidades e sugerir melhorias. Motivado e pertencente a um projeto de educação, com certeza chega mais longe, valorizando cada aluno em sua potencialidade. Acredito na força de um trabalho ético e humanizado para a promoção de uma sociedade melhor.

Está claro que professores têm papel de protagonista na escola e na educação como um todo. São eles que promovem o acolhimento dos alunos e transformam vidas com o conhecimento compartilhado. Ao mesmo tempo em que também são recompensados com cada contribuição que dão aos seus “pupilos”.  É nos pequenos gestos cotidianos que nos sentimos retribuídos – um recadinho na avaliação agradecendo aos ensinamentos, a troca de vivências, o relato dos pais sobre as transformações. É um prazer e uma enorme responsabilidade o nosso papel de mediar este rico processo de desenvolvimento com tantas trocas envolvidas nesta jornada de educar.

Valdir Faria é professor há 33 anos e diretor da unidade de um colégio particular

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