Lula é forçado a depor e repudia ação da PF

O ex-presidente teve que depor, por mais de três horas, no aeroporto de Congonhas (SP). PF e MPF dizem que há indícios de que Lula recebeu vantagens de empreiterias

Postado em: 05-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O ex-presidente teve que depor, por mais de três horas, no aeroporto de Congonhas (SP). PF e MPF dizem que há indícios de que Lula recebeu vantagens de empreiterias

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento por quase quatro horas na manhã de ontem no setor de autoridades do Aeroporto de Congonhas. De acordo com o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que acompanhou o depoimento, Lula estava tranquilo, mas mostrou indignação com algumas perguntas.

O ex-presidente estava acompanhado dos advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin e Rodrigo Ferrão. Ele respondeu perguntas de dois delegados da Polícia Federal e de dois procuradores do Ministério Público Federal.

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De acordo com Paulo Teixeira, Lula mostrou irritação ao ser indagado sobre os dois pedalinhos, com nomes de seus netos, que estão no sítio de Atibaia.

– Ele disse que essa não é uma pergunta que está à altura da Polícia Federal – contou o deputado.

Ainda nas palavras do parlamentar, os investigadores usaram notas divulgadas pelo Instituto Lula para fazer boa parte das perguntas.

Isso mostra que não havia necessidade de fazer essa condução coercitiva. Foi um abuso o que aconteceu aqui hoje. Basta oficiar o ex-presidente que ele apresentaria os seus esclarecimentos, como já fez outras vezes.

Sobre o sítio, o ex-presidente disse que a propriedade está em nome de Jonas Suassuna e de Fernando Bittar. Também negou ser dono do tríplex do Guarujá.

– Quem atribuiu esse imóvel (o tríplex) a ele é que precisa explicar – disse Paulo Teixeira.

Lula, ainda segundo o deputado, também criticou o mecanismo da delação premiada, apesar de não ter sido questionado sobre o depoimento do senador Delcídio Amaral (PT-MS).

– Ele disse que para sair da cadeia a pessoa fala qualquer coisa e depois não consegue provar.

Para Paulo Teixeira, ao determinar a condução coercitiva de Lula o juiz Sérgio Moro age de forma política e não jurídica:

– O Supremo Tribunal Federal precisa coibir esses abusos.

Presidente do SESI e ex-secretário geral da presidência da república, Gilberto Carvalho chegou ao Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, sob gritos de “não vai ter golpe” dos militantes.

– A cereja do bolo, o objetivo final era criar um constrangimento ao ex-presidente Lula. Onde estão os grandes corruptos agora? Em casa, descansando – disse aos jornalistas.

Carvalho afirma que a expectativa é que a Lava-Jato retome “ao seu leito normal”.

– Eles já conseguiram alcançar seu objetivo. Agora têm que, de fato, combater a corrupção. Lula é alvo de um processo de desconstrução, de um projeto político. Espero que estejam satisfeitos, e que agora se cumpra o papel de combate à corrupção e parem, de uma vez por todas, com essa perseguição política.

O deputado federal Devanir Ribeiro acredita que ao menos parte das acusações que pesam sobre o ex-presidente Lula foi inventada pela imprensa. Ao chegar na sede do Partido dos Trabalhadores, no Centro de São Paulo, onde desde cedo a executiva da legenda está reunida, ele esbravejou contra jornalistas.

– Vocês mentem. Inventam fofoca da gente para nos prejudicar. Só sabem falar mal da gente – esbravejou Ribeiro. (AG)

 

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