Lula diz à Polícia Federal que ofensas farão com que se candidate em 2018

A afirmação foi feita pelo ex-presidente durante depoimento dado à Polícia Federal no início do mês

Postado em: 14-03-2016 às 18h00
Por: Redação
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A afirmação foi feita pelo ex-presidente durante depoimento dado à Polícia Federal no início do mês

A Justiça Federal do Paraná disponibilizou hoje (14), em seu
sistema processual, o depoimento prestado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva à Polícia Federal (PF) no último dia 4. Ele prestou depoimento quando
a PF deflagrou a 24ª fase da Operação Lava Jato, denominada Aletheia, que apura
pagamento de empreiteiras por palestras de Lula e repasse de construtoras ao
Instituto Lula.

No depoimento, Lula foi questionado sobre o apartamento
tríplex no Guarujá (SP). Segundo promotores do Ministério Público do Estado de
São Paulo, o apartamento tríplex seria “destinado” ao ex-presidente Lula e
sua família. Lula disse que o apartamento não pertence a ele. O
ex-presidente disse ainda que pretende se candidatar na eleição presidencial de
2018. “Vou ser candidato à Presidência em 2018 porque acho que muita gente
que fez desaforo pra mim vai aguentar desaforo daqui pra frente”, disse no
depoimento.

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Apartamento

Ao falar sobre o tríplex, Lula negou ser dono do
apartamento, que, segundo ele, era pequeno. “Era muito pequeno, os quartos, era
a escada muito, muito… Eu falei ‘Léo, é inadequado para um velho como eu, é
inadequado.’ O Léo falou ‘Eu vou tentar pensar um projeto pra cá.’ Quando a
Marisa voltou lá não tinha sido feito nada ainda. Aí eu falei pra Marisa:
‘Olhe, vou tomar a decisão de não fazer, eu não quero’”, disse o ex-presidente
em seu depoimento.

Além da estrutura do apartamento, Lula disse ainda que
concluiu ser “inútil” ter um apartamento na praia. “Uma das razões é porque eu
cheguei à conclusão que seria inútil pra mim um apartamento na praia, eu só
poderia frequentar a praia no Dia de Finados, se estivesse chovendo. Então, eu
tomei a decisão de não ficar com o apartamento”, afirmou.

No depoimento, o ex-presidente fez várias críticas,
inclusive, a muitos que pensam que o imóvel seria dele. “Na verdade, quem
deveria estar prestando depoimento aqui não era eu, era o procurador que disse
que eu sou dono do apartamento, tem que provar que é meu”. O ex-presidente
criticou também a imprensa e disse que a PF “inventou” a história do
triplex, que é “uma sacanagem homérica”.

“Eu acho que eu estou participando do caso mais complicado
da história jurídica do Brasil, porque tenho um apartamento que não é meu, eu
não paguei, estou querendo receber o dinheiro que eu paguei, um procurador
disse que é meu, a revista Veja diz que é meu, a Folhadiz que é
meu, a Polícia Federal inventa a história do triplex que foi uma sacanagem
homérica, inventa história de triplex, inventa a história de
uma offshore do Panamá que veio pra cá, que tinha vendido o prédio,
toda uma história pra tentar me ligar à Lava Jato, toda uma história pra me
ligar à Lava Jato, porque foi essa a história do tríplex”, disse.

Eleições 2018

Em determinado momento, o ex-presidente abordou a possível
candidatura nas eleições de 2018. Ao responder uma pergunta do delegado sobre
João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT) e a afirmação de delatores sobre a
responsabilidade de Vaccari “para recebimento de valores decorrentes de
fechamento de contrato de percentual” e se o ex-presidente teria conhecimento
sobre isso, Lula explicou que Vaccari era um “companheiro extraordinário” e que
não acredita que ele tenha acertado percentuais com empresas. 

“Eu não acredito que o Vaccari tenha acertado percentual com
empresa pra receber, não acredito, não acredito. Acontece que no Brasil nós
estamos vivendo um período, desde o mensalão, que as pessoas não têm que ser
culpadas; ele não será condenado pelo julgamento apenas, ele será condenado
pelas manchetes dos jornais”.

O ex-presidente completou dizendo que será candidato nas
próximas eleições. “É o que estão tentando fazer comigo agora, só que o que
estão tentando fazer comigo vai fazer com que eu mude de posição, eu que estou
velhinho, estava querendo descansar, vou ser candidato à Presidência em 2018
porque acho que muita gente que fez desaforo pra mim vai aguentar desaforo
daqui pra frente. Vão ter que ter coragem de me tornar inelegível”.

Sobre o sítio em Atibaia, o ex-presidente afirmou que
pertence a Fernando Bittar e Jonas Suassuna. “Eu, na verdade, quero falar pouco
do sítio, porque eu não vou falar do que não é meu. Quando vocês entrevistarem
os donos do sítio eles falarão pelo sítio”. Lula confirmou que frequentava a
localidade. Quando questionado sobre reformas no sítio, o ex-presidente
disse não ter percebido se foram feitas mudanças e ao ser questionado se sabia
se alguma construtora teria feito algo na propriedade, Lula respondeu que a
pergunta deveria ser feita aos proprietários. Sobre se tinha conhecimento se o
pecuarista José Carlos Bumlai teria sido procurado para tratar de reformas no
sítio, o presidente fez apenas sinal negativo com a cabeça.

Instituto Lula

O depoimento foi iniciado com perguntas sobre o Instituto
Lula. A respeito das doações feitas ao instituto, o ex-presidente disse que
elas são feitas sem contrapartida e que os gastos da instituição não são
autorizados por ele.

“Eu não autorizo porque, no instituto hoje, eu sou só
presidente de honra e você sabe que se um dia você for presidente de honra da
Polícia Federal aqui, você não representa mais nada, ou seja, então o
presidente de honra é um cargo de honra só, eu não participo das reuniões da
diretoria, eu não participo das decisões, porque o instituto tem uma diretoria
própria”.

O ex-presidente disse também que nunca procurou empresas
para pedir dinheiro para o instituto. “Não, porque não faz parte da minha vida
política, ou seja, eu desde que estava no sindicato eu tomei uma decisão: eu
não posso pedir nada a ninguém porque eu ficaria vulnerável diante das
pessoas”.

Sobre se é comum que empresas procurem o instituto, espontaneamente, para fazer
doações, Lula respondeu que não. “Não. Aliás, eu não conheço ninguém que
procura ninguém espontaneamente para dar dinheiro, nem o dízimo da igreja é
espontâneo, se o padre ou o pastor não pedir, meu caro, o cristão vai embora,
vira as costas e não dá o dinheiro, então dinheiro você tem que pedir, você tem
que convencer as pessoas do projeto que você vai fazer, das coisas que você vai
fazer”.

O depoimento termina com o ex-presidente dizendo esperar que
seja feito pedido desculpas a ele. “Eu espero que quando terminar isso aqui
alguém peça desculpas. Alguém fale: “Desculpa, pelo amor de Deus, foi um
engano”. (Agência Brasil) 

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