Quinta-feira, 28 de março de 2024

‘Lula quis CPI para atingir Marconi’, diz senador do PT

Senador disse, em delação premiada, que o ex-presidente incentivou a criação CPI para tentar desestruturar a administração do governador goiano

Postado em: 16-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Senador disse, em delação premiada, que o ex-presidente incentivou a criação CPI para tentar desestruturar a administração do governador goiano

Venceslau Pimentel

A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, que ficou conhecida como CPI do Cachoeira, em abril de 2012, foi um ato deliberado do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) para tentar desestabilizar a administração do governador Marconi Perillo (PSDB). A revelação consta da delação premiada do senador petista Delcídio do Amaral (MS), homologada na segunda-feira passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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No depoimento à Polícia Federal, Delcídio disse que acompanhou de perto o trabalho da CPI e que a sua criação “foi muito incentivada, de forma irresponsável”, com o objetivo de atingir Marconi. Segundo ele, “houve uma celeuma muito grande” na época, com a aprovação de vários requerimentos, em particular sobre a quebra de sigilos fiscal e bancário. O senador, que garante ter alertado Lula sobre eventuais riscos da investigação, afirma que a Comissão foi criada sem se avaliar muito bem as conseqüências políticas, em relação a quem poderia ser atingido em função das empresas que acabaram sendo envolvidas nas investigações.

O governador, que participou ontem de uma reunião de governadores, em Brasília, com o ministro da Fazenda Nelson Barbosa, sempre atribuiu o que ele classifica de perseguição de Lula, pelo fato de tê-lo alertado sobre a existência de um esquema de compra de parlamentares, no Congresso Nacional, para apoiar o então presidente, esquema chamado de mensalão, em 2004. Para Marconi, a partir daí, Lula e o PT passaram a persegui-lo com ódio e sentimento de vingança.

“Eu sempre disse que estavam disseminando maldades, leviandades e mentiras, e que a verdade sempre prevalece. Aos poucos vamos mostrando ao lado de quem está a verdade”, disse Marconi, em nota.

“Fui à CPI e apresentei todas as explicações e provas, sem fugir de nenhum tema. O relatório da CPI não citou a mim ou a membros do governo, por absoluta falta de fatos que justificassem qualquer menção. O Conselho Superior do Ministério Público de Goiás arquivou, em dezembro de 2014, a denúncia contra mim”.

Segundo Marconi, hoje o senador Delcídio do Amaral confirma, em seu depoimento, que tudo não passou de perseguição política. “Assim, à medida que o tempo passa, vamos comprovando tudo o que vínhamos falando, inclusive que a CPI era um objeto de vingança e de armação política contra o nosso projeto de governo.”

Caixa 2

De forma específica, o senador petista cita o nome de Adir Assad, dono de empresas de prestação de serviços que teriam sido utilizadas para financiar a campanha do PT, em 200, por meio de caixa 2. Ele sustenta que empresas, orientadas pelo então tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff, José de Filippi Júnior, selavam contratos com as de propriedade de Assad, cujos recursos eram repassados posteriormente para a campanha presidencial.

Esse expediente teria sido largamente utilizado, segundo a delação do petista, e que teria sido descoberto quando da abertura da CPI. Ele relata que teria alertado a Procuradoria Geral da República, Lula vinha incentivando as investigações.  Delcídio assegura que teria alertado o próprio ex-presidente sobre o risco. O ex-tesoureiro Fillipi foi alvo da Operação Aletheia, dentro da 24ª fase da Lava Jato, em Curitiba, que centrou fogo em Lula. 

Marconi depôs na CPI no dia 12 de junho de 2012, por quase oito horas. Ele negou ter qualquer relação com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira , acusado de montar um esquema de exploração de jogos ilegais. O governador disse que se considerava vítima de injustiça. “Às vezes, não consigo acreditar no tamanho da crueldade e no volume das informações distorcidas”, disse à época. “Trinta mil horas de gravações, três anos de gravações e não há nenhuma ligação do senhor Carlos Cachoeira para o meu telefone, ou para o meu gabinete”.

Em janeiro, ao dar posse a novos auxiliares, Marconi comentou o escândalo que envolve o ex-presidente no caso do apartamento triplex, em Guarujá (SP). O tucano fez referência ao episódio em que tentaram envolvê-lo, referente à venda de sua casa no condomínio Alphaville Flamboyant, em Goiânia.

Perseguição 

O deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB) falou de sua indignação ao tomar conhecimento do teor da delação. “Olha que absurdo a delação premiada, onde Delcídio afirma que Lula fez a CPI dos Bingos só para pegar o governador Marconi”, disse ontem da tribuna. 

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