PMDB apoia ruptura com Dilma

Diretório justifica decisão, alegando gravidade da crise política e que não vê capacidade de reação do governo da presidente petista

Postado em: 22-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Diretório justifica decisão, alegando gravidade da crise política e que não vê capacidade de reação do governo da presidente petista

Venceslau Pimentel

O diretório estadual do PMDB se une a pelo menos dez instâncias do partido de outros estados e anuncia apoio à proposta de rompimento do partido com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A decisão foi tomada ontem, após reunião dos membros do diretório, conduzida pelo presidente e deputado federal Daniel Vilela, e que será levada ao conhecimento da cúpula nacional, que dia 29 decidirá pela saída ou não do governo da petista.

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Na moção, a Executiva estadual justifica a sua posição alegando a gravidade da crise político em que o país vive, e que vê incapacidade de reação do governo federal, “com a tomada de medidas que permitam o crescimento econômico do Brasil”.

A manifestação do diretório se deu após pedido dos deputados estaduais José Nelto e Ernesto Roller, que antecipadamente já defendiam o rompimento.

Com a decisão, Goiás se junta a Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, Bahia, Paraíba, Espírito Santo, São Paulo, Piauí, Acre, Pernambuco, Tocantins, Maranhão e Distrito Federal.

A ruptura, se confirmada, vai pôr fim a uma aliança costurada em 2010, que culminou na primeira eleição de Dilma, tendo como vice na chapa o peemedebista Michel Temer, dobradinha que se repetiu no pleito de 2014 e saiu mais uma vez vitoriosa. Na época da formalização da coligação, há 16 anos, Temer foi questionado se o seu comportamento como vice, caso Dilma fosse eleita, seria mais ao estilo de Marco Maciel (DEM-PE), que praticamente não dava pitacos sobre as ações do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ou puxasse mais para José Alencar (PRB-MG), que, com certa frequencia, se intrometia na política econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em resposta, ele prometeu discrição. “Serei vice nos limites da Constituição. Quando ocupo um cargo, cumpro a tarefa Constitucional. Serei extremamente discreto, como convém a um vice”, disse ele. Hoje, é Temer quem conduz o partido para sair do barco de Dilma, por conta de desentendimentos públicos com a presidente. 

Na moção do diretório goiano, os membros da Executiva estadual justificam que há uma “grave crise política acomete o País” e que há uma “incapacidade para a tomada de medidas que permitam o crescimento econômico do Brasil”. A reunião desta manhã foi conduzida pelo presidente do PMDB Goiás, Daniel Vilela, e contou com a presença de deputados estaduais e federais do partido. 

Um dos últimos defensores de Dilma, no PMDB estadual, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, sempre defendeu publicamente a gestão da petista, sempre destacando a deferência com o município, que se traduzia em obras e serviços. Por conta disso, o peemedebista, na semana passada, ainda pedia cautela ao povo, diante da turbulência política que o país atravessa. Ele apostava na continuidade da aliança PMDB/PT, tanto em Goiânia quanto em relação ao governo federal, até 2018.

Como se vê, no plano nacional e em Goiânia, a aliança degringolou, sucumbindo aos percalços provocados pelas revelações e desdobramentos da Operação Laja Jato, da Polícia Federal. A última cartada da presidente Dilma, para manter o apoio do PMDB ao seu governo, foi a de chamar o ex-presidente Lula para apaziguar os ânimos do maior partido aliado. Não deu certo. O clima azedou com a suspensão do ato de posse de Lula na Casa Civil. O epílogo da aliança político-partidária já tem data marcada; 29 de março de 2016. 

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