Marconi diz que pós-crise política merece atenção

Governador criticou a falta de diálogo entre autoridades políticas no país e defendeu caminho para se encontrar soluções para o país

Postado em: 01-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Governador criticou a falta de diálogo entre autoridades políticas no país e defendeu caminho para se encontrar soluções para o país

Ao abrir ontem o Seminário Agronegócios e Energias Renováveis, o governador Marconi Perillo (PSDB) citou Mahatma Gandhi e a célebre frase que diz que “não existe caminho para a paz, pois a paz é o caminho”, para comentar que é preciso pensar no pós-crise política e econômica na busca de soluções capazes de fazer o país voltar a crescer e se desenvolver economicamente.

“Não dá pra só falar em crise. É preciso saber o que nós vamos fazer depois da crise”, disse Marconi durante o evento, no Castro’s Park Hotel, de iniciativa do Governo de Goiás, por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), em parceria com o Banco Santander e o jornal Valor Econômico.

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Lembrando que grandes guerras mundiais foram motivadas por recursos naturais, alimentos, religião, mas, fundamentalmente, pela falta de diálogo entre povos e nações, Marconi criticou o momento político por que passa o Brasil e disse acreditar que a situação não seria tão crítica se houvesse maior diálogo entre as autoridades políticas e a iniciativa privada.

“Quem sabe se no Brasil nós tivéssemos dialogando temas tão sérios como estes – alimentos, produção, sustentabilidade ambiental – nós não estaríamos envoltos a uma crise política, econômica, moral, de valores e princípios. O que estamos fazendo aqui hoje é buscar diálogo como forma de encontrar saídas e soluções práticas para os grandes desafios que temos nesse momento no país. O diálogo nesse momento torna-se indispensável para buscarmos contornos e soluções para as crises que vivemos hoje”, afirmou.

De acordo com o governador, o seminário tem o objetivo mostrar como a integração entre agronegócios e energias renováveis pode tornar a economia brasileira mais produtiva e sustentável. O evento, que ocorre durante todo o dia, reúne alguns dos principais empresários e pesquisadores dos dois setores e é pautado pelo desafio que a população mundial enfrenta nos dias de hoje: produzir mais alimentos causando menos impactos ao meio ambiente.

“Não há mais a necessidade de cortar sequer um pé de árvore em Goiás. Temos pelo menos 6 milhões de hectares de terras degradadas. O que a gente precisa, efetivamente, é buscar alternativas para agregar valor a essas terras e com isso garantir mais produtividade e produção. É nesse contexto que nos reunimos aqui para buscar soluções que atendam as emergências do desenvolvimento, mas que cuidem com igual atenção da sustentabilidade”, garantiu.

Energias limpas

Ele ressaltou que Goiás reúne vários modelos de produção primária, desde o do produtor familiar ao do empresário rural. E que há muitos estudiosos que buscam soluções para que o estado continue produzindo, aumentando a produtividade, racionalizando a produção e o beneficiamento da agricultura e pecuária.

“Goiás em relação ao Brasil e o Brasil em relação ao mundo têm papel relevante nesse debate. Hoje, somos a ponta do agronegócio moderno, diversificado e sustentável, que movimenta uma imensa cadeia de produção e consumo. Temos que ser também exemplo em sustentabilidade e produção que se retroalimentam, capaz de garantir a continuidade dos recursos ambientais”, disse.

Pontuou ainda que Goiás é um dos líderes em energias renováveis do Brasil, com produção de 10 mil megawatts de força hidroelétrica. No ranking nacional, o Estado é também o segundo produtor de etanol do país e o segundo de biomassa. “Agora, vamos começar a produzir energia solar. Enfim, somos um Estado que está fazendo seu dever de casa.”

Ao lembrar que o setor do agronegócio representa 20% do PIB brasileiro, Marconi destacou que os Estados do Centro-Oeste – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal – foram responsáveis, em 2014, por quase R$ 20 bilhões de superávit primário, ano em que o Brasil amargou déficit comercial. Segundo ele, é fundamental que esses estados continuem se sobrepondo ao restante do país e adotando medidas de contorno da crise.

“A crise é profunda, todos nós sabemos, e seus reflexos sociais e políticos, avassaladores. Mas a crise é passageira, como tantas outras. Pelo menos, espero. Só chegaremos lá com um olho na produção e outro na sustentabilidade”, avaliou.

Participam também do evento o secretário Vilmar Rocha (Secima), o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, e a jornalista e economista Claudia Saflate, diretora-adjunta de redação, colunista e diretora da sucursal do Distrito Federal do jornal Valor Econômico. 

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