Impeachment é articulado por “quadrilha legislativa”, diz Lula

Agravamento da crise política, que criou o cenário propício ao impedimento da presidenta, foi uma estratégia dos opositores ao governo, disse o ex-presidente

Postado em: 25-04-2016 às 14h05
Por: Redação
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Agravamento da crise política, que criou o cenário propício ao impedimento da presidenta, foi uma estratégia dos opositores ao governo, disse o ex-presidente

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (25)
que o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff está sendo
conduzido por uma “quadrilha legislativa”. Lula participa de encontro promovido
pela Aliança Progressista, uma rede internacional de partidos e organizações de
esquerda. Com a voz rouca, o discurso do ex-presidente foi lido pelo diretor do
Instituto Lula, Luiz Dulci.

“Uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os
partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a
agenda do caos”, disse Lula em discurso lido por Dulci. Do lado de fora do
hotel onde ocorre o seminário, manifestantes favoráveis ao impeachment trocam
provocações com grupos que apoiam o governo.

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Após Dulci ter lido o discurso, o ex-presidente falou alguns
minutos de improviso.  Segundo Lula, os
deputados federais não analisaram com equilíbrio os argumentos sobre o
impedimento da presidenta, e resolveu pela abertura do processo de forma
sumária. “Ali não houve uma mínima análise de argumentos e provas. Houve um
pelotão de fuzilamento, comandado pelo que há de mais repugnante no universo
político”, criticou o ex-presidente.

“Essa operação foi comandada pelo presidente da Câmara dos
Deputados, réu em dois processos por corrupção, investigado em quatro
inquéritos e apanhado em flagrante ao mentir sobre suas contas secretas na
Suíça”, disse em referência a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, de acordo com Lula,
aceitou a tramitação do processo de impeachment como vingança. “Quando os
deputados do PT se recusaram a acobertá-lo no Conselho de Ética, o presidente
da Câmara abriu o procedimento do impeachment”.

Uma das razões da ação para a saída de Dilma é, segundo
Lula, abafar as investigações e o combate à corrupção no país. “Os golpistas
querem voltar ao poder para controlar, justamente a polícia. Intimidar o
Ministério Público e a Justiça, como fizeram no passado. Para restabelecer o
reino da impunidade que sempre os preservou”.

O agravamento da crise política, que criou o cenário
propício ao impedimento da presidenta, foi uma estratégia dos opositores ao
governo, disse o ex-presidente. “Enquanto o governo se esforçava para
equilibrar as contas públicas, cortando na própria carne, a oposição trabalhava
para agravar a crise. Foram 18 meses de sabotagem no Legislativo, com a
cumplicidade dos grandes meios de comunicação, que difundem o pessimismo e a
incerteza 24h por dia”, disse.

Falando de improviso, o ex-presidente comparou o processo
atual contra Dilma ao golpe que instaurou a ditadura militar no país. “Tirar a
Dilma do jeito que eles querem tirar é a maior ilegalidade desde a revolução de
1964, no golpe militar”, comparou.

Os argumentos usados atualmente são, de acordo com Lula,
semelhantes aos proferidos para derrubar governos e instaurar os regimes
nazista e fascista na Alemanha e na Itália, respectivamente, na primeira metade
do século 20. “O argumento é sempre o mesmo: acabar com a corrupção. Foi assim
que Hitler cresceu, foi assim que Mussolini cresceu, é assim que a direita
cresce em todos os países da América Latina”.

Para Lula, internacionalmente há o agravamento de crises
políticas e econômicas, que afetam, em especial, os países latino-americanos.
“Depois da crise de 1929, nunca tivemos uma situação como essa. Nós temos o
mundo rico fracassado, o Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]
vivendo problemas sérios e a América Latina retrocedendo, não apenas do ponto
de vista econômico, a do ponto de vista da democracia”. (Foto: Paulo Pinto/ Agência PT/ Fotos Públicas) 

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