Aécio diz que PSDB não pode “lavar as mãos”

Senador se reuniu ontem, em Brasília, com o vice Michel Temer, tendo como testemunha o presidente do Senado, Renan Calheiros

Postado em: 28-04-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Aécio diz que PSDB não pode “lavar as mãos”
Senador se reuniu ontem, em Brasília, com o vice Michel Temer, tendo como testemunha o presidente do Senado, Renan Calheiros

O vice-presidente Michel Temer, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) se reuniram ontem na residência oficial do Senado, depois de conversas individuais. Aécio recebeu pela manhã em sua casa uma visita do vice-presidente. Segundo o tucano, o encontro deixou claro que as negociações de Temer com o PSDB se darão de forma institucional, sem convites individuais a quadros do partido.

– Foi um gesto e política se faz muitas vezes de gestos – comentou Aécio, completando em seguida:

Continua após a publicidade

– A gente tem duas opções: ou lavar as mãos, ou dar a nossa contribuição. Vamos dar a nossa contribuição, independentemente do desgaste que isso possa gerar, e vamos ser julgados lá na frente – disse Aécio na saída da residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros, onde voltou a encontrar o vice-presidente.

Aécio disse que o apoio do PSDB ao governo Temer independe da participação com cargo.

– Essa agenda nem de longe está vinculada à ocupação de espaços. O PSDB se colocará ao lado do Brasil, à frente de interesses partidários. Vamos ajudar o Brasil, independente da posição de qualquer afilhado do partido – disse.

Aécio afirmou, no entanto, que se Temer buscar quadros no PSDB, o comando do partido não criará dificuldades.

– Eu me sentiria mais confortável se esse apoio profundo e corajoso no Congresso independesse de cargos. Nós daríamos uma contribuição clara para que o Michel componha a sua equipe sem usar essa fórmula da negociação de espaços com partidos – defendeu.

O senador tucano disse que o partido não está trabalhando pela realização de novas eleições. A não ser, que o TSE tome uma decisão sobre a impugnação da chapa:

– Eu sei eu sempre defendi novas eleições pela via constitucional, pelo TSE. Isso não depende de nenhuma ação do PSDB, a não ser o julgamento da ação que nós impetramos no tribunal.

Prioridade

Na terça-feira a Executiva Nacional do PSDB aprovará uma agenda com dez pontos que consideram prioritários para o governo Temer e, em seguida, deve entregá-la a Temer. O encontro prévio de Temer e Aécio foi articulado por Geddel Vieira Lima, cotado para ser ministro da Secretaria de Governo. Geddel também esteve com Renan hoje cedo.

– As conversas estão avançando. Temos que entender que na política todos têm seu timing. E é preciso seguir uma ritualística. As conversas estão acontecendo, evoluindo porque todos querem o melhor para o país – disse Geddel.

Michel Temer tenta acertar os ponteiros com Renan, que é tido ainda como aliado da presidente Dilma Rousseff, com quem esteve nesta terça-feira. No mesmo dia, Renan também esteve com o ex-presidente Lula. (AG) 

Tucanos não se opõem a apoio a Temer 

aLideranças tucanas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já manifestaram publicamente que não se opõem a que quadros do PSDB componham um eventual governo do PMDB. O senador José Serra (PSDB-SP) é um dos cotados para assumir um ministério.

As declarações foram dadas por Aécio após ele deixar uma reunião com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), na residência oficial do presidente do Senado, no Lago Sul, em Brasília.

O ex-governador de Minas Gerais negou ter debatido, durante o encontro, a possibilidade de novas eleições. Para o tucano, neste momento não há via constitucional que permita a volta às urnas, uma vez que o Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE) não deve julgar o processo de impugnação da chapa Dilma-Temer antes do ano que vem.

Segundo Aécio, o presidente do Senado “ficou feliz” com a escolha do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) para a relatoria da comissão que analisa o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

Questionado se o PSDB articula junto a Temer para que algum parlamentar tucano seja eleito para a presidência do Senado ou da Câmara, Aécio respondeu que “não é a Presidência da República ou o Poder Executivo que deve determinar as coalizões que vão eleger as presidências das duas Casas”.

A agenda emergencial preparada pelo PSDB, a ser lançada na próxima terça-feira, inclui, entre outros pontos, a preservação de inquéritos da operação Lava Jato, que investiga irregularidades na Petrobras, e a redução de ministérios. 

Renan Calheiros já havia recebido, na terça-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem negou ter conversado sobre uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a antecipação das eleições presidenciais para este ano.

Novas eleições

O grupo de senadores que encampa a proposta de emenda à Constituição (PEC) que propõe novas eleições presidenciais este ano, para um mandato tampão de dois anos, vai levar hoje uma carta à presidenta Dilma Rousseff pedindo que ela apoie a ideia. A PEC propõe a eleição de presidente e vice-presidente em outubro dete ano, junto com as eleiçoes municipais. A posse presidencial seria em janeiro do ano que vem e o mandato terminaria no fim de 2018.  (AG) 

Veja Também