Temer anuncia corte de dez ministérios

Senador Romero Jucá diz que o vice-presidente apresentou nova configuração para reduzir ministérios após eventual afastamento de Dilma

Postado em: 11-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Senador Romero Jucá diz que o vice-presidente apresentou nova configuração para reduzir ministérios após eventual afastamento de Dilma

A intenção do vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) de reduzir o número de ministérios após um eventual afastamento da presidente Dilma Rousseff foi confirmada ontem pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).

“O vice apresentou a nova configuração com a redução de dez ministérios. A proposta tem o apoio integral do Senado e do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Sempre lutamos para que a máquina pública fosse”, disse Jucá.

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Jucá conversou com jornalistas após Temer ter se reunido hoje (10) à tarde com Renan Calheiros para tratar dos detalhes do procedimento de afastamento de Dilma e a consequente investidura do vice no cargo de presidente interino. Por iniciativa de Michel de Temer, o encontro de pouco mais de hora com o presidente do Senado teve a participação de Romero Jucá.

“O rito, confirmado o afastamento, será comunicado na quinta-feira (12) de manhã [a Dilma] e a partir daí assume o vice-presidente até o julgamento final. A presidenta Dilma sendo afastada, o vice assume imediatamente. O momento da notificação é o do afastamento. A partir daí, o vice assume a Presidência”, afirmou o senador.

Segundo Jucá, Temer planeja fundir algumas pastas como a Secretaria Nacional de Portos e a Secretaria Nacional de Aviação Civil, ambas com status ministerial. Elas serão fundidas com o Ministério dos Transportes. “O Ministério do Desenvolvimento Agrário será somado ao Ministério do Desenvolvimento Social. Já o Ministério das Comunicações será unido ao Ministério da Ciência e Tecnologia e por aí vai”, informou Jucá.

Caso o afastamento de Dilma se confirme, os detalhes sobre o ministério de Temer serão anunciados amanhã. De acordo com o senador, Temer está ouvindo aliados e diferentes forças políticas para avaliar o quadro e provavelmente definirá já nesta quinta-feira a nomeação dos novos ministros. “Se o Senado afirmar amanhã o afastamento, o vice poderá fazer convites e a partir daí montar sua equipe”, acrescentou.

Conforme Romero Jucá, somente após a nomeação é que Temer deverá anunciar algumas medidas de impacto econômico. “As medidas de impacto econômico virão no devido momento, depois da nomeação do ministro da Fazenda. Ele será nomeado com o vice-presidente da República que vai assumir interinamente. Aí poderão ser anunciadas algumas medidas.”

Apesar de evitar o detalhamento das medidas econômicas, Jucá afirmou que uma das primeiras medidas deverá ser discutir e encaminhar ao Congresso Nacional a revisão da meta fiscal, que precisa ser aprovada até o dia 22. “Isso vai precisar de um esforço do Congresso Nacional e do presidente Renan para fazer essa convocação. Tudo isso foi tratado na reunião de forma positiva”.

Ao comentar a proposta governista de mudar, no início do ano, a meta fiscal de superávit para um déficit de R$ 96 bilhões, Romero Jucá disse que o governo errou ao propor  “o que sabia que não teria condições de entregar”.

“Se não for definido até o dia 22, esse déficit implicará em uma série de paralisações do governo que não queremos. Portanto, é importante aprovar essa proposição. A partir daí vamos discutir para verificar se esse número é compativel e verdadeiro. Não estamos entrando no mérito do número, porque não dá para auditar de fora a equação que formou esse número”, detacou Jucá.

Para o senador, o novo governo não descarta propor outra alteração. “Em um novo governo, haverá uma nova avaliação e a partir daí, se for o caso, a partir de algum tempo uma nova proposição”, concluiu. (ABr) 

Firjan propõe criação de Conselho Fiscal Nacional 

Na véspera da votação da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, no plenário do Senado, o vice-presidente Michel Temer recebe, no Palácio do Jaburu, parlamentares de partidos como PSDB, PSB, DEM, Solidariedade e PMDB. Nos últimos dias, Temer tem articulado a formação de seu governo para o caso de um afastamento da presidente após a votação de hoje.

Na manhã de ontem, Temer se reuniu com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio, para discutir economia. O presidente da Firjan apresentou a proposta de criação de um Conselho Fiscal Nacional para monitorar os gastos públicos e dar transparência à sociedade.

Segundo Eduardo Eugênio, Temer demonstrou interesse pela proposta. “O Brasil não fabrica dinheiro, os recursos disponíveis são aqueles advindos de impostos, então, temos que tomar muito cuidado para que se faça coisas que se confira mais interesse possível à sociedade brasileira como um todo. Tenho a impressão que esse Conselho daria transparência e seria uma forma de comunicar com a sociedade da importância dessa matéria”, explicou

Eduardo Eugênio comentou os efeitos diretos da política na economia ao falar sobre a movimentação política de anteontem com a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular as sessões de votação do impeachment da presidenta Dilma, e posterior revogação. Ele citou a alta do dólar ocorrida ontem para exemplificar como a política afeta diretamente a economia.

“É importante que as pessoas que forem fazer essas excentricidades entendam que isso afeta a economia real”, disse. “Não há nada que se discuta em política que não afete a economia real e estamos falando de emprego, de famílias. Isso talvez tenha sido uma lição para pretensas outras pessoas que queriam fazer uma coisa assim sem ser pensada”, completou o presidente da Firjan. O vice-presidente tem discutido com parlamentares e pessoas ligadas à área da economia o direcionamento que dará à política econômica do país caso assuma a presidência da República. (ABr) 

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