Meirelles acena com volta da CPMF para equilibrar contas

Ministro da Fazenda admite, porém, que o nível da tributação do país é alto e que é preciso diminuir o peso dos impostos pagos pelo contribuinte

Postado em: 15-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ministro da Fazenda admite, porém, que o nível da tributação do país é alto e que é preciso diminuir o peso dos impostos pagos pelo contribuinte

O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou a utilização de impostos, como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), para equilibrar as contas públicas ante o déficit elevado do setor. O ministro admitiu, porém, que o nível de tributação do país é alto e que é preciso diminuir o peso dos impostos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para estimular o crescimento da economia. Meirelles deixou claro que haverá aumento de impostos caso seja necessário e que esta alta será temporária.

“A prioridade hoje é o equilíbrio fiscal, o estabelecimento do equilíbrio da dívida pública. Não há dúvida que caso seja necessário um tributo ele será proposto, mas certamente temporário, porque sabemos que o nível de tributação já é elevado e um fator negativo para o crescimento”, disse. Meirelles destacou que a carga de impostos no Brasil é uma das mais elevadas entre os países emergentes.

Durante várias vezes, o ministro deixou claro que o objetivo é dar prioridade a questão da dívida pública e seu crescimento a “níveis insustentáveis”. Segundo ele, o mais importante é a sustentabilidade da dívida, ou seja: a capacidade de o Estado se financiar. Meirelles voltou a mostrar preocupação com as questões econômicas, mas não quis antecipar em quanto tempo será possível saber qual a real situação das contas públicas.

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“Vou dizer que sou o primeiro interessado em saber. Estou muito preocupado com isso e trabalhando intensamente, mas não posso dar uma resposta, uma estimativa de quanto tempo nós teremos, uma visão, porque vai depender da análise e da avaliação dessas contas. Espero que o mais rápido possível”, enfatizou.

O ministro voltou a dizer que as prioridades são o teto para o gasto público e as reformas da Previdência e trabalhista, mas não antecipou detalhes das mudanças. “Vamos negociar, entrar em detalhe e anunciar isso com segurança [sobre a reforma trabalhista]”. De acordo com Meirelles, a reforma trabalhista é necessária para aumentar a produtividade da economia. Sobre a reforma da Previdência, o ministro disse que é preciso garantir a solvência, ao longo do tempo, e a aposentadoria dos cidadãos no futuro.

Meirelles também disse que é necessário reduzir a indexação [atrelação a índices de correção] na economia brasileira e afirmou que precisa trabalhar com o crescimento nominal das despesas. Segundo ele, é preciso evitar a indexação generalizada e todo o processo que acentue essas práticas. “É importante que passemos a trabalhar com a fixação de tetos e metas nominais. Existe mais de um caminho a ser seguido”.

Para o ministro, o governo terá condições políticas para aprovar as mudanças fiscais necessárias no Congresso Nacional. “A minha avaliação é que a sociedade brasileira está amadurecida para medidas de ajuste importantes. O que não é possível, na experiência de todos, é continuar como está. Congresso e população estão prontos para ouvir uma análise realista do que é preciso fazer para recompor a renda”, enfatizou. (ABr) 

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