Empresário diz que Pimentel recebeu ilegalmente mais de R$ 10 milhões

O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto delatou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT)

Postado em: 25-05-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto delatou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT)

O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, conhecido como Bené, disse em delação premiada que o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), recebeu repasses ilegais de mais de R$10 milhões da montadora Caoa, representante da Hyundai no Brasil.

A acusação consta em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que ainda precisa ser homologado pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Pimentel já havia sido acusado pela Polícia Federal (PF) de receber repasses ilegais da Caoa. No início do mês, a PGR apresentou denúncia contra o governador mineiro baseada em elementos levantados pela Operação Acrônimo, instaurada para investigar vantagens concedidas a empresas na elaboração de políticas públicas. No entanto, as cifras mencionadas eram bem inferiores às citadas por Bené em seu depoimento.

Em um dos inquéritos da Operação Acrônimo, a PF considerou haver indícios de que Pimentel, quando era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre 2011 e 2014, intercedeu para favorecer a Caoa. Em 2012, o ministério lançou o Programa Inovar Auto, de incentivos fiscais a indústrias do setor automotivo. Para garantir a participação no programa, a montadora teria pago R$2,1 milhões de propina. Segundo a PF, o valor foi repassado a empresas de Bené e posteriormente utilizado na campanha de Pimentel ao governo de Minas Gerais.

Além de indicar que os repasses da Caoa teriam superado os R$10 milhões, Bené também apontou em seu depoimento a existência de irregularidades em negócios financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Argentina e em Moçambique. O BNDES é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Pimentel seria um dos possíveis favorecidos nas transações ilegais.

Caso o ministro Herman Benjamin homologue a delação e as acusações sejam acolhidas, Pimentel passará a ser considerado réu e responderá pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade de documento particular.

O advogado do governador, Eugênio Pacelli, diz que Benjamin precisa de uma autorização prévia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para se posicionar sobre a denúncia. Segundo o advogado, um habeas corpus em favor do ex-governador mineiro Itamar Franco, relatado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, fixou jurisprudência neste sentido.

A defesa de Pimentel diz desconhecer o teor do depoimento de Bené e nega que o ex-governador tenha praticado atos irregulares. “É preciso lembrar que a delação por si só não é elemento de prova e a divulgação de parte de seu suposto conteúdo, ainda na fase do primeiro depoimento, além de ilegal, o que pode invalidá-la, não tem outro sentido senão o de influenciar a opinião pública e promover a antecipação da condenação do investigado”, argumentou o advogado. (Agência Brasil)

Foto: reprodução 

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