Antecipação de eleição da nosa mesa diretora pode unir base aliada

Sara Queiroz

A aprovação em primeira votação do projeto de lei que antecipa a eleição da nova mesa diretora da Assembleia Legislativa, de 10 de outubro para 30 de junho, fez crescer a expectativa sobre um possível acordo entre os dois postulantes: os tucanos José Vitti e Francisco Oliveira. Nos bastidores, comenta-se que o primeiro poderá encabeçar a chapa, com Oliveira ficando com o cargo de vice-presidente. Caso confirmado o acordo, a base aliada do governador terá menos problemas para decidir sobre a preferência entre os dois tucanos.

Vitti, que é líder do Governo na Assembleia, é apontado como favorito, afirmou há tentativas de consenso entre ele e o colega tucano desde o início do processo de eleições, quando os dois se dispuseram a pleitear o cargo de presidente. O que acontece agora, segundo ele, é um “adiantamento dessa conversa” para que a base de apoio ao governador Marconi Perillo (PSDB) não sofra algum tipo de desunião.

“Temos conversado, buscando um consenso, faz tempo. Não queremos colocar ninguém em constrangimento, e isso faz com que a gente tente esse acordo com veemência”, ressaltou o deputado que disse ver que hoje há “grande possibilidade” desse projeto unido acontecer.

Ele explicou que a eleição interna foi antecipadas por conta dos pleitos municipais que devem ter como candidatos vários deputados estaduais em exercício. Se a eleição da Casa ocorresse conforme o antigo regimento, o tucano aponta que seria difícil mobilizar todos os parlamentares em torno das eleições para a presidência da Casa, já que coincidiria com a semana decisiva para os colegas que disputam nos municípios.

Vitti também negou qualquer influência do governador nesse processo eleitoral e disse que ele apenas pediu que ocorresse uma definição interna do PSDB antes do pleito, para que o partido não sofresse com desgastes.

Francisco Oliveira afirmou, por meio de nota, que a antecipação das eleições foi discutida entre os dois concorrentes junto com Marconi e que foi uma proposta de comum acordo entre todos. “Sobre a eleição, vamos alinhar projetos e, a partir daí, os processos serão definidos pelos demais deputados, pois a vontade deles é a vontade da Casa. Certamente, trabalharei muito por essa conquista”, declarou.

Oliveira reiterou que compreende e respeita a decisão da maioria e tem convicção de que “estamos todos muito bem unidos pensando no melhor para o Parlamento”.

Crítica

Pela oposição, o deputado José Nelto (PMDB) criticou a antecipação do pleito e disse que se fosse presidente da Assembleia realizaria as eleições internas no penúltimo dia de trabalho. Para ele, a Casa terá dois presidentes até o final de 2016.

As críticas foram rebatidas por Vitti, que afirmou que a antecipação são tendências em outras Casas Legislativas e que o atual presidente, Hélio de Sousa (PSDB), só vai sair no último dia do ano. Ele também lembrou que a oposição não fez críticas ao projeto, já que a matéria foi aprovada por unanimidade. 

Nelto não estava na votação e justificou sua ausência por conta da reunião na Comissão de Finanças, no mesmo horário da sessão em plenário, por conta da presença da secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, que fazia a prestação de contas do governo Marconi, referente ao primeiro quadrimestre de 2016. 

Helio de Sousa justifica motivo da mudança 

Para a antecipação da eleição da mesa diretora, o projeto alterou o dispositivo da Resolução de nº 1.218, que fixa o Regimento Interno da Assembleia Legislativa. A mudança modifica o artigo 5º, relativo à data de eleição da Mesa Diretora para o segundo biênio, prevista para outubro.

Segundo o presidente Helio de Sousa, houve um entendimento da mesa diretora e dos demais deputados que poderia se antecipar a eleição sem nenhum prejuízo à Assembleia, pois o mês de outubro será dedicado as eleições municipais. “Concordamos em assinar o Projeto de Resolução que irá para a deliberação dos deputados, e caso seja feita a vontade da maioria, então, nós teremos oportunidade de votá-lo já na próxima semana e sancioná-lo”, afirmou.

Helio disse ainda que comunga da ideia de que seu sucessor seja um deputado do PSDB, ficando o pleito entre José Vitti, líder da bancada governista na Casa, e Francisco Oliveira, também filiado ao partido na última janela partidária.

O atual presidente, na oportunidade, não revelou seu voto, e seguindo o Regimento que prevê que o presidente só votará em caso de empate, ele declarou que apenas nessa ocasião manifestará seu voto.