Governo minimiza impacto de pesquisas

Ministro Eliseu Padilha diz que má avaliação do governo Michel Temer tende a cair nos próximos meses, porque a gestão está no rumo certo

Postado em: 04-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ministro Eliseu Padilha diz que má avaliação do governo Michel Temer tende a cair nos próximos meses, porque a gestão está no rumo certo

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, minimiz o resultado da pesquisa CNI/Ibope sobre a avaliação do governo do presidente interino, Michel Temer, que mostra que apenas 13% dos brasileiros consideram o governo ótimo ou bom. Para Padilha, neste momento, a popularidade “não é o mais importante”.

“Temos 47 dias de governo e já conseguimos 13%. Nessa velocidade, nos 90 [dias] devemos estar passando de 30%”, disse o ministro. “Se estamos no rumo certo, a popularidade menor ou maior, neste momento, não é o mais importante. O mais importante é que a gente saiba o rumo que a gente quer ir. Temos a equipe econômica dos sonhos de qualquer governo e vamos conduzir a nossa política econômica no rumo que estamos”, acrescentou Padilha.

De acordo com o levantamento CNI/Ibope, o governo interino é considerado ruim ou péssimo por 39% da população e 36% o consideram regular.

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Ao comentar medidas econômicas do governo Temer, Padilha destacou o acordo para o alongamento da dívida dos estados com a União, que estabeleceu um teto de gastos que “não há registro na história do Brasil”.

“Conseguimos fazer um ajuste da União e de todos os estados. Por dez anos não vai haver crescimento da despesa além da inflação. Isso não tem registro na história do Brasil. Nesses dez anos vamos ter a retomada do desenvolvimento, de forma efetiva, acentuada. Teremos superávits que vão nos dar, ao Estado, condições de prestar um serviço melhor à população”, analisou.

Padilha negou que a decisão de prorrogar o prazo para que os trabalhadores façam o saque do abono salarial do PIS/Pasep referente ao ano-base de 2014, anunciada hoje, tenha relação com a baixa popularidade do governo.

“Se historicamente tem havido essa exceção, temos os trabalhadores que querem usufruir esse direito, postergar não tem a ver com popularidade, com eleição, tem a ver com governar para todos. As pessoas que têm direito, têm que ter seu direito reconhecido pelo governo.” (ABr) 

Temer tem desgaste igual ao de Dilma 

Com pouco mais de um mês de gestão, o governo do presidente interino Michel Temer foi considerado ruim ou péssimo por 39% da população, em junho, de acordo com a pesquisa CNI/Ibope. O levantamento foi divulgado na semana passada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Na última pesquisa CNI/Ibope que avaliou o governo de Dilma, em março deste ano, 69% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo.

O percentual de pessoas que consideram o governo de Michel Temer ótimo ou bom é 13%, contra 10% de Dilma. Já os que avaliam o governo Temer como regular somam 36%. Em março, 19% disseram que o governo de Dilma era regular.

A popularidade do presidente interino é maior que a da presidenta afastada Dilma Rousseff, mas também é negativa. Entre os entrevistados, 31% concordam com a maneira Temer de governar e 53% discordam. No caso de Dilma, 82% concordavam com a maneira de ela governar em março de 2016 e 14% aprovavam.

Sobre a confiança, 27% confiam no presidente Temer e 66% não confiam. O índice de confiança de Dilma era de 18%; 80% não confiavam na presidenta afastada.

Segundo o gerente-executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, a proximidade política entre os dois governos e o pouco tempo em que Michel Temer está no poder reflete na manutenção do percentual de pessoas que consideram o governo atual ótimo ou bom (13%), considerando a margem de erro, em relação à última pesquisa da presidenta Dilma (10%).

Em comparação com o governo de Dilma Rousseff, 44% da população consideram que o governo Temer está sendo igual ao da presidente afastada; 245% consideram pior e 23%, melhor. “É um fator que já se esperava, porque [o PMDB] é um dos principais partidos que estavam na base aliada do governo passado; alguns ministros até participaram do governo passado. Isso pode levar essa impressão na população de que o governo está muito parecido. Quando olhamos pelo lado do ruim ou péssimo, está melhor que antes, mas não significa dizer que está um ótimo governo”, explicou Fonseca. 

Nordeste

A popularidade de Temer, segundo a CNI, é mais baixa na Região Nordeste. Para 44% dos entrevistados nessa região, o governo está sendo ruim ou péssimo; 72% não confiam no presidente em exercício e 63% desaprovam sua maneira de governar. Nas demais regiões, as avaliações são similares. No Nordeste, o governo Temer está sendo pior que o governo Dilma para 38%. Esse percentual cai para 25% entre os entrevitados no Norte e Centro-Oeste, 20% no Sudeste e 19% no Sul.

“O Nordeste era onde a presidente Dilma tinha mais força, tinha melhor índice de aprovação, e certamente esse é um fator determinante para que o presidente interino tenha uma desaprovação maior nessa região”, disse Fonseca, ao acrescentar que ainda há uma incerteza na população e um desconhecimento do que realmente esse governo vai fazer. (ABr) 

População desaprova aumento de impostos 

Para 40% dos entrevistados, as notícias recentes são mais desfavoráveis ao governo. Na comparação com a pesquisa de março de 2016, o número recuou 36 pontos percentuais. O percentual dos que consideram as notícias mais favoráveis ao governo é de 18%; em março, esse percentual era 10%. Na comparação com março, houve um aumento de 9% para 25% dos que consideram que as notícias não são favoráveis nem desfavoráveis.

Para Fonseca, esse é um ponto que chamou a atenção, pois cresceu o número de pessoas que não citaram ou não lembraram ou não quiseram citar notícias específicas sobre o governo (63%). Em março, esse percentual era de 25%. “Houve uma avalanche de notícias sobre corrupção e [Operação] Lava-Jato e, de repente, isso diminuiu um pouco e começam entrar notícias de mudanças de governo. E as pessoas não se atentaram ainda ou não absorveram ainda essas notícias por completo”, disse o gerente executivo da CNI.

A pesquisa CNI/Ibope também avalia o governo por área de atuação. Impostos e taxa de juros são as áreas que mais desagradam à população, ao alcançar 77% e 76% de desaprovação, respectivamente. A pesquisa completa está disponível no site da CNI.

Temer assumiu o governo em 12 de maio, quando o Senado aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A pesquisa foi feita entre os dias 24 e 27 de julho com 2.002 pessoas, em 141 municípios. A margem de erro é dois pontos percentuais e, segundo a CNI, o grau de confiança da pesquisa é 95%. (ABr) 

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