Aliados preparam defesa de Dilma no processo de Impeachment

Senadores petistas e aliados já montam estratégias para a defesa da presidente afastada dentro da Comissão de Impeachment

Postado em: 01-08-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Senadores petistas e aliados já montam estratégias para a defesa da presidente afastada dentro da Comissão de Impeachment

A partir de hoje (1º), os corredores vazios das últimas semanas de recesso branco do Senado devem voltar a ficar movimentados e as atenções, mais uma vez todas, voltadas para a Comissão Especial do Impeachment.

Com a leitura do relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), marcado para terça-feira (2), os partidos que apoiam a presidente afastada Dilma Rousseff passarão o fim de semana elaborando dois votos em separado em defesa do mandato da petista. O instrumento é apresentado quando algum parlamentar não concorda com o conteúdo do relatório oficial.

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Um deles está sendo preparado por senadores do PT e do PDT – Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Pimentel (PT-CE) e Telmário Mota (PDT-RR). O segundo, pelos senadores Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues ( Rede-AP).

“Estamos decidindo se apresentamos à comissão dois votos ou se vamos juntar os argumentos em um só”, adiantou Vanessa Grazziotin. A senadora acrescentou que a estratégia será resolvida em uma reunião dos aliados de Dilma na própria segunda-feira. O mais provável, no entanto, é que os dois votos em separado sejam apresentados na comissão. Na votação da pronúncia no plenário da Casa eles devem ser condensados em um só.

Apesar do mesmo objetivo, as duas peças têm linhas diferentes. Um deles se concentra em questões técnicas e insiste que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e que argumentos nesse sentido indicam “tentativa de golpe”.

“Será muita forçação de barra do relator apresentar um voto dizendo que pedalada foi crime. Acho que sobre isso, depois de tudo que foi apurado, não há mais dúvida, não houve. A própria pericia do Senado disse que a presidenta Dilma não atuou em pedaladas. O Ministério Público diz o mesmo sobre essa questão. E sobre os decretos, se a gente aplicar toda a legislação e a conduta dos anos anteriores, está claro, não houve dolo”, defendeu Vanessa.

Voto em separado

Como o regimento do Senado só prevê a leitura de voto em separado quando o relatório oficial é rejeitado, o que não deve ocorrer, as negociações com o presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), já começaram.

Cartas Marcadas

Entre os senadores ouvidos pela Agência Brasil não será surpresa se a decisão da maioria da comissão for pela continuidade do processo de Dilma. O mesmo deverá ocorrer no plenário na fase de pronúncia. Essas duas votações serão as últimas com exigência de maioria simples de votos, ou seja, metade mais um dos presentes à sessão.

Caso as previsões se confirmem, a partir daí para afastar definitivamente Dilma Rousseff do cargo e torná-la inelegível por oito anos o julgamento final do processo exigirá 2/3 dos votos, isto é, 54 dos 81 votos dos senadores. É aí que os defensores da presidente afastada esperam mudanças. Eles acreditam que não será fácil atingir essa meta entre os senadores.

Sobre as acusações de que a comissão especial é um jogo de cartas marcadas, o presidente do colegiado disse que, no momento em que os blocos de defesa e de acusação participam integralmente de todas as reuniões e do processo de funcionamento da comissão, não há jogo de cartas marcadas.

“O que há é uma maioria e uma minoria. Isso é tradicional em qualquer parlamento e em em qualquer comissão, afirmou. (ABr) 

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