Dilma tem última cartada hoje para salvar mandato

Presidente afastada vai ao Senado tentar reverter o placar que lhe é desfavorável no julgamento do impeachment. Aliados e oposição traçam estratégias

Postado em: 29-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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Presidente afastada vai ao Senado tentar reverter o placar que lhe é desfavorável no julgamento do impeachment. Aliados e oposição traçam estratégias

Como último ato para evitar a cassação definitiva de seu mandato, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) vai hoje ao Senado tentar reverter o placar que lhe é desfavorável.
Nas contas do presidente interino Michel Temer (PMDB), ela perderá o mandato com os votos de 58 a 60 senadores de um total de 81. São necessários, no mínimo, de 54 votos, o que corresponde a dois terço dos senadores.
A tarefa da petista é árdua e classifica como inglória. Afinal, na sessão do dia 12 de maio, o plenário aprovou a admissibilidade do processo de impeachment por 55 votos a 22. O Senado julga nesta segunda fase se os crimes de responsabilidade apontados na acusação foram de fato cometidos. Por sua vez, Dilma, ao discursar da tribuna, vai reafirmar que o impeachment contra ela é golpe.
Mesmo sendo minoria, os senadores que defendem a presidente já contabilizam um voto a menos pela cassação, diante da possibilidade de Wellington Fagundes (PR-MT) não comparecer ao julgamento final. Na noite de sábado, ele foi levado ao Hospital de Brasília, onde está internado, com diverticulite, que é uma inflamação na parede interna do intestino. Ele votou pela admissibilidade do impeachment.
Dilma e seus apoiadores ainda esperam contar com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para tentar reverter os votos pró-impeachment. Na sexta-feira (26), ele seu reuniu com Dilma, no Palácio da Alvorada.
Além de Lula, estão entre os convidados para a sessão o presidente do PT, Rui Falcão; do PDT, Carlos Lupi, vários ex-ministros do governo dela, além de assessores e pessoas próximas. 
Por sua vez, a oposição já definiu que não vai partir para o enfrentamento com Dilma, em reunião realizada ontem, na liderança do PSDB no Senado. A estratégia é tratá-la em tom respeitoso, embora tenha dito que não aceitará provocações dos defensores da petista.
“Nós fizemos uma reunião dos partidos que compõem a base aliada para organizar o comportamento na sessão de amanhã. A decisão tomada é de tratar a presidente com todo o respeito que ela merece como presidente afastada, como uma pessoa que comparece ao Parlamento cumprindo o rito constitucional do impeachment”, disse o senador Agripino Maia (DEM-RN).
Os senadores avaliam que Dilma adotará um tom emotivo em seu discurso e que confrontos e bate bocas, como os que ocorreram nos dois primeiros dias do julgamento final possam vir a favorecer a petista. “Não aceitaremos as provocações e nem a beligerância proposta com o intuito de criar fatos novos que possam mudar os votos dos senadores”, acrescentou o senador.
Segundo o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), caberá a Dilma dar o tom da sessão. O tucano disse ainda que a orientação para os questionamentos será de se ater a questões formais do processo contra Dilma, que responde sob a acusação der ter editado em 2015 três decretos de créditos suplementares sem autorização do Congresso e, também, de atrasar o pagamento para o Banco do Brasil, de subsídios concedidos a produtores rurais por meio do Plano Safra, as chamadas pedaladas fiscais.
“Nossa disposição é de fazer perguntas duras, técnicas, sobre os crimes cometidos pela presidente para que ela possa se manifestar sobre eles. Obviamente que se o tom que vier da presidente ou mesmo de senadores que lhe apoiam for outro, a reação será a altura”, alertou.
Para Aécio, o discurso de Dilma não provocará mudança nos votos dos senadores. “A presença da presidente não tem o objetivo de mudar votos. A convicção dos senadores veio se formando ao longo do tempo, mesmo antes do início desse processo”, disse.
O senador Agripino Maia disse que a decisão é de pedir o direito de réplica a Lewandowski em caso de provocação. “Se houver algum tipo de provocação, haverá a interpelação do provocado ao presidente [Ricardo Lewandowski] com o pedido de réplica”.
Os integrantes da base aliada decidiram ainda que vão dar prioridade às falas dos líderes em momentos estratégicos. A ideia é que as principais lideranças possam vir a trocar de lugar com outros senadores e antecipar a fala sempre que considerarem necessário. “Se você tem pessoas de partido no começo da sequência de fala e líderes que podem fazer perguntas, supostamente mais apropriadas, vamos propor a quem se inscreveu antes se ele concorda com a mudança de lugar. Até o início da tarde, 47 senadores estavam inscritos para falar.

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