PF indicia Lula em investigação sobre contratos da Odebrecht

Petista é acusado de tráfico de influência em prol da empreteira e de pessoas ligadas a ele

Postado em: 06-10-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Petista é acusado de tráfico de influência em prol da empreteira e de pessoas ligadas a ele

A Polícia Federal (PF) indiciou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  (PT) por suspeita de corrupção. O ex-presidente teria usado sua influência para favorecer a construtora Odebrecht e recebido propina de R$ 20 milhões, por meio da empresa Exergia, de Taiguara Rodrigues, que se apresentava como sobrinho do ex-presidente. O indiciamento foi feito com base na Operação Janus, deflagrada em maio deste ano e que investiga contratos relacionados à construtora e pessoas ligadas à Lula.
O Ministério Público Federal recebeu anteontem o relatório final da PF que trata da operação e o indiciamento. Os federais concluíram que os contratos só foram fechados devido à relação de parentesco por afinidade entre Lula e Taiguara e do petista com a Odebrecht. 
Além dos dois, também foram indiciados sete executivos da empreiteira, incluindo Marcelo Odebrecht, todos por corrupção e lavagem. 
As investigações fazem parte da Operação Janus, que devassou contratos da empreiteira com a Exergia. Segundo os investigadores, Lula era tratado nas mensagens interceptadas como “tio”, “presidente” e “chefe maior”.
Agora, o documento será analisado pelos procuradores do MPF. Após a análise, se os procuradores concordem com os argumentos da PF, poderá ser oferecida denúncia à Justiça contra o ex-presidente. Se isso ocorrer, a Justiça decidirá se aceita ou não a denúncia.
Ao todo, a empresa de Taiguara fechou 16 contratos com a empreiteira. Para a PF,  a empresa foi criada apenas para receber dinheiro da Odebrecht, sem prestar serviços. Não havia outros clientes ou indícios de qualquer serviço executado.

Janus
Na ocasião, o MPF informou, em nota, que a operação era referente "à investigação que apura se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticou tráfico internacional de influência em favor da Construtora Odebrecht".
Em maio de 2015, a Procuradoria da República no Distrito Federal deu início à apuração "se o ex-presidente recebeu vantagens econômicas indevidas para influenciar agentes públicos estrangeiros notadamente na República Dominicana, Cuba e Angola, além de facilitar ou agilizar o trâmite de procedimentos de financiamentos de interesse das empresas do grupo Odebrecht junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”.
Os procuradores investigam também suspeitas de irregularidades em outros financiamentos concedidos pelo banco ao conglomerado Odebrecht para obras no exterior, inclusive de empréstimos destinados à construção do Porto de Mariel, em Cuba, do Metrô de Caracas, na Venezuela e algumas obras no Panamá.
Atualmente Lula responde a dois processos na Justiça. No último dia 20 de setembro, o juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato na Justiça Federal, aceitou denúncia por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro contra o ex-presidente e outras sete pessoas.
Além do petista, Moro acatou também as denúncias contra a esposa de Lula, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empresário Léo Pinheiro e o ex-diretor Paulo Gordilho, da OAS, além de Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine, Roberto Moreira Ferreira, funcionários da empreiteira.

Posicionamento
Em nota, o Instituto Lula diz que o ex-presidente sempre agiu dentro da lei e que suas contas e dos parentes foram investigadas, sem que nenhuma irregularidade tenha sido encontrada.
O instituto critica que o indiciamento tenha sido informado à imprensa e destacou a conduta do petista ao longo dos dois mandatos como presidente da República.

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