Confusão na prestação de contas de Garcia na Câmara

Petista deixa plenário da Casa após ser ofendido pelo vereador Clécio Alves e por manifestantes nas galerias

Postado em: 22-10-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Petista deixa plenário da Casa após ser ofendido pelo vereador Clécio Alves e por manifestantes nas galerias

O prefeito de Goiânia Paulo Garcia (PT) apresentou ontem, durante audiência pública da Comissão Mista da Câmara de Vereadores, a última prestação de contas de seu mandato, durante sessão da Comissão de Finanças realizada no Plenário da Casa e aproveitou a oportunidade para tecer críticas ao candidato Iris Rezende (PMDB) e enumerar as ações realizadas durante os quase seis anos de gestão do petista, tais como 16 parques, o BRT, CMEIs, entre outros
Após fazer a breve apresentação dos números – a despesa municipal caiu 2,47% de janeiro a agosto deste ano, enquanto a arrecadação caiu 2,33% em igual período, a R$ 2,824 bilhões – Garcia começou a ser sabatinado pelos parlamentares, todos eles de oposição. Elias Vaz (PSB) o indagou sobre a participação dos peemedebistas em sua gestão, apesar do partido ter rompido oficialmente com o petista. 
“O PMDB nunca deixou administração da cidade de Goiânia, e conto com pessoas por quem tenho respeito e reconhecimento pelo trabalho, como o secretário da Saúde Fernando Machado e o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) Leomar Avelino, além de ter contado com a presença do vereador eleito Andrey Azeredo, que fazia parte da equipe e nos deixou para disputar a eleição e nem preciso citar a presença de outras pessoas, como o pai do vereador Wellington Peixoto”, ressaltou.

Finanças
O aumento do IPTU, polêmica constante no segundo mandato de Paulo Garcia, foi abordado por Eudes Vigor (PSDB), que o questionou se a medida é realmente necessária e lembrou que a má comunicação sobre o procedimento custou a reeleição de alguns vereadores – a dele, inclusive. 
“Eu tenho a consciência tranquila, vereador, de que fizemos o que era necessário e responsável. Mas, se quem me suceder, julgar que tomamos uma decisão acima da necessidade, basta não dar nenhum aumento, mesmo a reposição inflacionário. Se for errado, corrija o erro”, asseverou.
Inquirido pelo também tucano Geovani Antônio sobre a situação financeira herdada de Iris Rezende (PMDB), o petista se esquivou de tecer maiores comentários. "Essa questão é de conhecimento público", disse. 

Tensão
No momento mais tenso da sessão, Alves teceu fortes críticas ao petista, rechaçando os dados apresentados por Garcia na prestação de contas realizada anteriormente e acusando de ingratidão. “Maldita hora em que Iris aceitou o apelo do seu secretário Osmar Magalhães e aceitou sua indicação como vice. Ele se elegeria em primeiro turno (em 2008), sem o apoio do PT, enquanto o senhor não tem voto para ser suplente de vereador”, disparou. Garcia rebateu. “Como médico, compreendo a sua postura”, ironizou.
Paulo Garcia devolveu. "Como médico, entendo o comportamento das pessoas", ironizou. O petista não respondeu às acusações do peemedebista sobre ações da prefeitura e o lembrou que ele foi eleito presidente da Câmara entre 2013 e 2015 com seu apoio. "Banquei o seu nome, quando gente do PMDB, inclusive quem você se submete, vetava a escolha". 
Alves desafiou o prefeito a provar a existência da dívida que teria sido herdada por ele da gestão de Rezende. “Eu renuncio ao meu mandato se o senhor provar que estou errado”, afirmou. O vereador também lembrou da votação de Adriana Accorsi (PT), que a seu ver, é reflexo da baixa aprovação do petista. Garcia reclamou da postura virulenta de Clécio e dos populares presentes na galeria, que o interrompeu em várias oportunidades. 
O presidente da Câmara, Anselmo Pereira (PSDB), chegou a ameaçar expulsar uma das manifestantes, mas foi demovido pelo presidente da Comissão Mista, vereador Thiago Albernaz (PSDB). Após a fala do vereador, o petista deu sua participação por encerrada, o que gerou queixas. “Cumpri com a minha obrigação legal”, disse.

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Renovação da Saneago como palanque político
A renovação do contrato de concessão do serviço de saneamento básico, que permanecerá por mais 30 anos nas mãos da Saneamento de Goiás (Saneago) também foi questionado pelos vereadores. Geovani  Antônio (PSDB) repercutiu a entrevista de Iris Rezende dada ontem  durante sabatina na sede do jornal O Popular.  O peemedebista propõe anular a renovação, alegando que o modo como foi conduzida foi equivocado. “A prefeitura iria receber daqui a quatro, cinco anos o serviço de água e esgoto. De repente, a prefeitura dá mais 30 anos de concessão. A cidade não pode aceitar isso. Ela tem que se posicionar. Eu sendo prefeito não vou aceitar esta lei que a câmara aprovou nas caladas da noite”, argumentou o candidato do PMDB.
Após escutar o tucano, Garcia rebateu a falta de Rezende. “Nós nos conhecemos muito bem e sabemos qual de nós dois é mais propenso a fazer negociatas”, desafiou.
Para o petista, a fala de Iris é uma ofensa, não só a ele, mas a todos os vereadores que participaram da apreciação do projeto.Não acho correto ele dizer que eu faço negociata. Eu não faço negociata. E a ofensa não foi só a mim, mas também a Câmara.” Ele foi incisivo: “Se foi crime, negociata, que ele abra uma ação contra mim que eu estou disposto a dizer tudo o que eu sei na Justiça.”, disparou, Clécio também comentou sobre o caso, denunciando a postura interesseira da prefeitura na medida num contrato que, na visão dele, é prejudicial aos interesses da cidade.

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