STF dá prazo para que ANP defina nova fórmula de cálculo de repasse de royalties

Segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a decisão poderá aumentar a receita estadual do Rio de Janeiro, em pelo menos R$ 1 bilhão

Postado em: 16-12-2016 às 10h00
Por: Renato
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Segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a decisão poderá aumentar a receita estadual do Rio de Janeiro, em pelo menos R$ 1 bilhão

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo até 1º de março
do próximo ano para que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) defina uma nova fórmula de cálculo para o repasse dos royalties e
participações especiais.

A decisão, anunciada nesta quinta-feira (15), pode aumentar a receita
estadual do Rio de Janeiro em pelo menos R$ 1 bilhão, segundo avaliação da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa do Estado do
Rio de Janeiro (Alerj), que apurou as consequências “da má gestão da Petrobras
para a economia estadual.

A reunião de conciliação entre a União e o Estado do Rio de
Janeiro para se estabelecer novos critérios para a distribuição dos royalties do
petróleo foi finalizada ontem, em audiência no gabinete do ministro Luiz Fux,
do STF.

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O tema foi discutido na Ação Cível Originária (ACO) 2865, na
qual o Estado do Rio alegava defasagem nos critérios de fixação dos valores dos royalties determinados
pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e necessidade de novas regras.

Segundo informações da página do STF na internet, o acordo
resultou no compromisso da ANP em publicar portaria com os novos critérios para
a fixação do preço mínimo do petróleo produzido mensalmente em cada campo,
adotado para o cálculo dos royalties. “Foi fixado o prazo de 30 dias para
que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) forneça as diretrizes
para a elaboração da norma. O dia 1º de março será a data máxima para a
publicação da norma”, informa o STF.

Ingerência na agência reguladora

Em maio deste ano, o ministro Luiz Fux já havia concedido
liminar que suspendia ato do CNPE que determinava que a ANP mantivesse
inalterada “a sistemática de preços mínimos vigente”. A determinação foi
considerada uma ingerência na agência reguladora, ficando a ANP autorizada a
fixar os novos critérios.

Relator da comissão, o deputado Luiz Paulo (PSDB) comemorou
a decisão do STF. “Hoje, o ministro Fux está fazendo justiça com o estado
e com a população. Essa decisão seguramente representa mais de R$ 1 bilhão para
os cofres do estado e dos municípios”, disse.

O deputado ressaltou o fato de que os cálculos que vinham
sendo aplicados para efeito de pagamento de royalties e participações
especiais são antigos, da época em que o petróleo produzido no país tinha uma
qualidade baixa.

“O Rio, por mais de cinco anos, perdeu mais de R$ 5
bilhões em função do cálculo ser feito através de uma fórmula caduca”,
protestou o deputado.

Também integrante da CPI, o deputado André Ceciliano (PT)
destacou que os diversos incentivos para a cadeia do petróleo têm prejudicado o
Rio, principal produtor do país. “São mais de 22 dispositivos que, só no
caso da Petrobras, representaram mais de R$ 3 bilhões em isenções em um ano,
fora a defasagem no cálculo. Precisamos fazer valer o direito do estado do
Rio”, defendeu.

O deputado também é o autor do decreto publicado ontem, do
Diário Oficial do Estado, cancelando o Repetro, regime que dava isenções para a
indústria do petróleo. Segundo cálculos do parlamentar, “a medida pode aumentar
a arrecadação estadual em R$ 4 bilhões já em 2017”.

Entenda o caso

Tendo como parâmetro os trabalhos sobre o tema levantados e
discutidos no âmbito da CPI realizada na Alerj, a ANP chegou a abrir, no início
do ano, uma consulta pública para rever o cálculo que vinha sendo adotado para
os pagamentos dos royalties e participações especiais devidos ao
estado, mas o processo foi suspenso pelo Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE).

Em maio, a procuradoria da Alerj preparou a ação, que foi
impetrada em parceria com o governo do estado junto ao STF, e que levou à
decisão do Supremo que acabou por cancelar a decisão do CNPE e determinou o
estabelecimentos de novos critérios para a distribuição dos royalties do
petróleo.

Foto: (EBC) 

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