Aplausos a Iris marcam ato de diplomação

Venceslau pimentel

A solenidade de diplomação dos eleitos no pleito municipal de Goiânia, pela Justiça Eleitoral, ocorrida ontem no Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi marcada pelas ausências do deputado Major Araújo (PRP) – que renunciou ao cargo de vice-prefeito -, e do prefeito Paulo Garcia (PT), e por aplausos a Iris Rezende (PMDB). 

Por conta de manifestação de estudantes, que gritavam palavras de ordem e pediam por mais educação, Iris teve de interromper o seu discurso por duas vezes, em meio a vaias. O prefeito eleito chegou a pedir a compreensão dos manifestantes, mas não obteve êxito, e concluiu a sua fala em meio a vaias. 

Disse que o país passa por um dos momentos mais sensíveis de sua história, referindo-se aos escândalos envolvendo políticos e empresários, que vieram a público graças às investigações da operação Lava Jato, que já indiciou muitos deles por formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e crimes de caixa 2. “Que sejamos, juntos, dedicados, intransigentes com transparência e a decência, imbuídos de valores morais que fazem a vida valer a pena”, disse ele, dirigindo-se aos vereadores eleitos.

Por conta de um dos momentos mais críticos que o país atravessa, Iris afirmou que o povo tem virado as costas para aqueles que lhe representam em todas as esferas de poder. 

Ao abrir a cerimônia, o juiz da 1ª Zona Eleitoral, Carlos Magno Rocha da Silva também se referiu aos escândalos que atingem a classe política. Citando Maquiavel, disse que “o primeiro método para ensinar a inteligência de um governante é olhar os homens que têm à sua volta”. 

Em seu discurso, a promotora Fabiana Lemes Zamolla do Prado saiu em defesa das medidas contra a corrupção, cujo projeto foi desfigurado pela Câmara dos Deputados. Na mesma linha, falando em nome dos diplomados, a vereador reeleita Cristina Lopes (PSDB), acredita que é possível que a nova Câmara de Goiânia pode dar a sua contribuição para reverter o quadro, colocando as necessidades da população acima de interesses pessoais. “Temos de dar um basta no vampirismo na riqueza da Nação e na estrutura de poder”, defendeu. 

A solenidade foi prestigiada pelo senador Ronaldo Caiado (DEM), pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, pelo prefeito eleito Gustavo Mendanha, e pelo deputado federal Daniel Vilela, todos do PMDB, além de outras autoridades.

Sobre a renúncia de Major Araújo, Iris Rezende procurou minimizar a atitude do deputado, mas evitou comentar os motivos alegados por ele para tomar tal atitude. Segundo Araújo, ele teria sido boicotado tanto pela cúpula do PMDB quanto pela coordenação da campanha. 

Iris deixou transparecer que a figura do vice – que agora será assumida pelo presidente d Câmara de Vereadores, a ser eleita no início de 2017 – não faz falta. Ele lembrou, durante entrevista, que nos cinco anos e três meses que ficou no comando da prefeitura (de 2005 a 2010), não se ausentou de Goiânia. Ele fez questão de explicar que o vice é para assumir nas ausências e impedimentos do titular, seja na prefeitura, governo do Estado ou Presidência da República. “Espero, lamentando a ausência de um vice, desempenhar todo o meu mandato sem prejuízo à cidade”, pontuou. 

Sobre a eleição da nova mesa diretora da Câmara, ele disse acreditar no discernimento dos vereadores, em particular o que fazem parte da sua base de apoio, para escolher o melhor nome para representar o parlamento municipal. 

O vereador peemedebista Andrey Azeredo, que é um dos cotados para presidir a Câmara, disse que todos os eleitos devem participar e ter voz no processo de escolha da mesa diretora. Mais do que nomes, Azeredo considera que, por conta da situação de descrédito da classe política brasileira, devem ser ressaltados projetos, princípios e valores que a Câmara deve apresentar à sociedade goianiense.