Ex-diretor da Petrobras, Cerveró tenta ampliar delação premiada na Lava Jato

De acordo com o MPF, os novos fatos dizem respeito ao pagamento de vantagens indevidas para a ampliação de instalações da BR Distribuidora

Postado em: 26-01-2017 às 15h40
Por: Toni Nascimento
Imagem Ilustrando a Notícia: Ex-diretor da Petrobras, Cerveró tenta ampliar delação premiada na Lava Jato
De acordo com o MPF, os novos fatos dizem respeito ao pagamento de vantagens indevidas para a ampliação de instalações da BR Distribuidora

O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) no fim do ano passado que incluísse três novos anexos à delação
premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, após
ele apresentar novos fatos sobre a corrupção na empresa.

Em um de seus últimos atos como relator da Operação Lava
Jato, o ministro do STF Teori Zavascki, no entanto, negou o pedido do MPF,
alegando que isso poderia prejudicar a apreciação da delação original. Ele,
entretanto, não descartou os novos fatos, ordenando que fossem apurados em uma
nova investigação, sob sigilo.

Continua após a publicidade

No despacho em que indeferiu a homologação dos novos anexos,
tornado público hoje (26), Zavascki revelou alguns dos argumentos do MPF a
favor da inclusão dos novos depoimentos, que são sigilosos, na delação premiada
de Cerveró.

De acordo com o MPF, os novos fatos dizem respeito ao
pagamento de vantagens indevidas para a ampliação de instalações da BR
Distribuidora; à aquisição de precatórios pela Petrobras e pela BR
Distribuidora; e ao pagamento de propina para o fornecimento de asfalto em Mato
Grosso. Cerveró citou o nome de uma alta autoridade do estado como envolvida no
esquema.

Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os
novos anexos situam-se “no entorno do escopo temático da Operação Lava
Jato, afigurando-se instrumentalmente conexos a ela”.

A colaboração premiada de Nestor Cerveró foi homologada por
Zavascki em 14 de dezembro de 2015, enquanto o pedido do MPF para a inclusão
dos novos depoimentos foi feito quase um ano depois, em 13 dezembro de 2016. Já
no dia seguinte, o ministro negou a petição.

O despacho de Teori Zavascki é datado de poucos dias antes
do início do recesso do STF, em 21 de dezembro de 2016. No último dia 17 de
janeiro, Janot enviou uma nova petição ao ministro, pedindo que fossem enviadas
à PGR as folhas referentes aos novos anexos, que não haviam sido remetidas de
volta após ser negada a inclusão na delação original de Cerveró, de modo que
pudesse tomar as providências cabíveis para prosseguir a apuração dos fatos.

Teori Zavascki morreu num acidente de avião no dia 19 de
janeiro, sem que pudesse autorizar o prosseguimento à análise dos novos
depoimentos, o que caberá ser feito pelo próximo relator da Lava Jato no STF,
ainda a ser definido. 

(Agência Brasil)

Veja Também