Suspensão da candidatura de Rosso preocupa Jovair Arantes

Aliados do goiano pressionam o pessedista a se manter na disputa ou que declare apoio ao petebista para forçar um segundo turno na disputa à presidência da Câmara dos Deputados

Postado em: 27-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Aliados do goiano pressionam o pessedista a se manter na disputa ou que declare apoio ao petebista para forçar um segundo turno na disputa à presidência da Câmara dos Deputados

Mardem Costa Jr. 

Adecisão do deputado Rogério Rosso (PSD-DF) de suspender sua candidatura à presidência da Câmara, aguardando uma manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à legalidade da reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo pegou de surpresa os aliados de Jovair Arantes (PTB-GO), até agora o principal adversário do democrata. 

A postulação do goiano, apoiada por PTB, SD, PSL, PEN e PSC, aposta na insatisfação de parlamentares com a decisão dos partidos pró-Maia para vencer a eleição, porém com a adesão de PP e PRB, anunciada ontem (26), o democrata já conta com o apoio formal de 15 legendas – entre elas PMDB, PSDB, PR e PSB. 

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O petebista foi recebido também ontem pelo presidente Michel Temer (PMDB), que apesar de negar qualquer interferência na eleição, teria predileção pela manutenção de Maia no comando da Câmara. Palacianos comparam Jovair ao ex-deputado Severino Cavalcanti, eleito presidente da Câmara em 2005, com uma plataforma abertamente corporativista. Mesmo que seja derrotado, o goiano ganha expressão nacional e munição para negociar com o governo. 

Nos bastidores, os correligionários do petebista acreditam que a suspensão seja um eufemismo para a saída de Rosso da disputa, após ter sido abandonado pela cúpula do PSD, que definiu apoio formal a Maia. Ao mesmo tempo, há quem considere a ideia de pressionar o pessedista a declarar apoio a Jovair ainda no primeiro turno para neutralizar as movimentações do presidente da Casa.

Rogério Rosso, por sua vez, disse que sua decisão não é definitiva, porém caso o STF decida pela constitucionalidade da reeleição do presidente da Câmara, poderá deixar a disputa, não sem antes consultar os correligionários. “Sempre tive a convicção da inconstitucionalidade da reeleição. Se fosse para excepcionalizar mandato suplementar, a Constituição Federal teria feito”.

Centrão

Deputados avaliam que o candango, um dos líderes do Centrão – grupo de deputados articulado e consolidado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – pode ter até 80 votos apesar do isolamento imposto pelo próprio partido. Para aliados de Arantes, a presença de Rosso é fundamental para dividir votos da base do presidente Michel Temer (PMDB), o que poderia levar a disputa para segundo turno. 

O grupo, que encontrou em crise após a cassação do peemedebista, é monitorado pelo Palácio do Planalto. O resultado da votação poderá indicar o poder de “bala na agulha” do Centrão junto ao governo Temer. A tendência, no entanto, é que o agrupamento se dissolva. 

Maia não se manifestou sobre mandado 

Rodrigo Maia, até o fechamento da edição, ainda não tinha se manifestado sobre o mandado de segurança impetrado pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE) que questiona a candidatura à reeleição do democrata, eleito para um mandato tampão em junho do ano passado após a renúncia de Cunha, cassado em outubro.

A presidente do Supremo, ministra Cármem Lúcia deu um prazo de 10 dias para Maia, a partir do último dia 16, para se manifestar sobre a ação. O mesmo questionamento também foi feito pelo Solidariedade. O partido, presidido pelo deputado Paulinho da Força (SP), apoia Arantes.

O pedetista também concorre à presidência da Câmara, porém não conseguiu viabilizar apoios além do PDT. Figueiredo esperava contar com o apoio do PT e PC do B, mas terá que se contentar com votos individuais. Os petistas ainda não definiram quem irão apoiar, enquanto os comunistas fecharam com o democrata.

A Constituição e o regimento da Câmara vedam a reeleição do presidente em uma mesma legislatura. Maia, no entanto, acredita que a regra não se aplica a quem se elegeu para um mandato tampão. A decisão pode não sair antes da eleição, marcada para 2 de fevereiro, e há parlamentares que tentaram alterar a data da disputa, mas sem sucesso.

Para evitar qualquer questionamento sobre a lisura do processo eleitoral, Rodrigo Maia também anunciou que não comandará a sessão no dia da votação, o que ficará a cargo do polêmico deputado Waldir Maranhão (PP-MA). “Não tenho nenhuma expectativa de presidir uma sessão em que eu possa disputar”, diz. 

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