Maia pode ser reeleito, mas Jovair não desiste

Atual presidente da Câmara dos Deputados conta com a simpatia do Palácio do Planalto e o apoio das cúpulas de 15 partidos

Postado em: 30-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Maia pode ser reeleito, mas Jovair não desiste
Atual presidente da Câmara dos Deputados conta com a simpatia do Palácio do Planalto e o apoio das cúpulas de 15 partidos

Mardem Cost Jr.

Contando com a simpatia do Palácio do Planalto e o apoio das cúpulas de quinze partidos, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) caminha para ser reeleito presidente da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (2), apesar das movimentações do líder do PTB na Casa, Jovair Arantes (GO), que busca votos individuais dos colegas, após não ter fechado nenhum apoio de peso.

Arantes, que está no sexto mandato de deputado federal e pretende disputar o cargo de senador nas eleições de 2018, concedeu entrevista neste sábado (27) ao SBT e negou que Maia seja o favorito para o posto e tampouco concorda que o parlamentar fluminense conte com o apoio do presidente Michel Temer (PMDB).

Continua após a publicidade

“Não vejo eleição alguma com facilidade. O voto é individual, do deputado, e tenho a experiência de ver colegas aborrecidos com as decisões tomadas pela cúpula partidária, que tenta impor de cima para baixo os desejos”, avalia.

O democrata, eleito para um mandato-tampão em julho, após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não admite a postulação em público, mas trabalha nos bastidores para garantir que consiga vencer o pleito ainda no primeiro turno. Para isso, Maia precisa atingir o placar de 257 votos – metade dos 513 deputados. 

Jovair e seus aliados, cientes das chances mínimas, resolveram partir também para a judicialização da disputa. O deputado Alfredo Kaefer (PSL-PR) ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (26) para impedir que Maia conduza a eleição. O comandante da Casa, no entanto, já havia decidido não conduzir o processo eleitoral, que ficará a cargo do polêmico Waldir Maranhão (PP-MA), 1º vice-presidente da Câmara.

Outro aliado do petebista, Paulinho da Força (SD-SP), valeu-se do cargo de presidente nacional do Solidariedade e ingressou com um ação no mesmo STF questionando a constitucionalidade da candidatura do fluminense. Um outro mandado de segurança, dessa vez do também candidato André Figueiredo (PDT-CE), aguarda julgamento na Corte.

Nos bastidores, os simpatizantes de Arantes admitem que a candidatura do goiano ficou prejudicada com os apoios das cúpulas dos principais partidos e com a participação, ainda que extraoficial de ministros na disputa. 

A influência ministerial, aliás, foi motivo para uma tensa reunião de Jovair com Teemr na quinta. Ao final do encontro, o peemedebista determinou aos membros do primeiro escalão que cessassem quaisquer movimentações  em prol de Maia. 

Democrata terá “pedreira” pela frente  

Confirmada a reeleição, Rodrigo Maia terá importantes desafios, como colocar em votação as reformas encaminhadas pelo Palácio do Planalto com temas espinhosos: as reformas da Previdência, Trabalhista e Tributária, necessárias para o reaquecimento da economia e fundamentais para o sucesso da gestão Temer.

Ao mesmo tempo, Maia precisará ter pulso firme para lidar com os desdobramentos da Operação Lava-Jato e o potencial explosivo das delações da Odebrecht, que deve envolver mais de 200 parlamentares, entre deputados e senadores. Com um elevado número de parlamentares envolvidos no esquema criminoso, o democrata lidará com muitas pressões para a aprovação da Lei de Anistia, para livrar políticos de punições.

Cargos

Além da presidência, os demais cargos da Mesa Diretora e das comissões temáticas da Câmara dos Deputados também fazem parte das negociações. Para angariar o máximo de apoios, Rodrigo Maia prometeu espaços generosos a PP, PSD, PR e PRB – partidos anteriormente ligados ao Centrão, agrupamento fundamental para a eleição de Eduardo Cunha (PMDB) em 2015.

A primeira vice-presidência deve ficar com o PSDB, que não conseguiu viabilizar uma candidatura e resolveu apoiar Maia. Já a primeira-secretária, uma espécie de prefeitura da Casa, é alvo do PT e do PR. Os petistas, apesar de possuírem a segunda maior bancada- possuem 58 deputados – podem perder terreno caso os republicanos se articulem. Apesar de resistências por parte dos “ideológicos”, o PT deve apoiar Maia e tentar buscar um cargo na Mesa e a presidência ou relatoria em comissões ligadas ao segmento social.

Cronograma

O cronograma da eleição começa no dia 1º de fevereiro. Os partidos têm até as 12 horas dessa data para formar blocos parlamentares. Às 15 horas, será realizada uma reunião de líderes para a definição, pelos blocos, dos cargos a que têm direito. O prazo se encerra às 23 horas.

Apenas o candidato à presidência pode ser lançado avulsamente. 

Veja Também