Rodrigo Maia é eleito presidente da Câmara

Democrata permanece no comando da Casa até o final de 2018 e sepulta o Centrão e a influência de Eduardo Cunha

Postado em: 03-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Democrata permanece no comando da Casa até o final de 2018 e sepulta o Centrão e a influência de Eduardo Cunha

MARDEM COSTA JR. 

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) confirmou o favoritismo e foi reeleito presidente da Câmara dos Deputados ontem (2) com 293 votos. Jovair Arantes (PTB-GO), ao contrário que se esperava, teve 105 votos, ficando em segundo lugar. André Figueiredo (PDT-CE) não conseguiu a coesão da esquerda e chegou ao terceiro lugar com 59. Júlio Delgado (PSB-MG), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tiveram, somados, 42 votos – o socialista obteve 28, a ex-prefeita de São Paulo anotou dez e Bolsonaro, quatro. Outros cinco votos foram em branco.

Maia, a celebrar o resultado da eleição, atribuiu sua vitória ao reconhecimento do seu trabalho no comando das votações de importantes matérias econômicas de interesse do governo, como a que estabelece um teto para os gastos públicos. O democrata assumiu a presidência da Câmara em julho do ano passado, após renúncia do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cassado em outubro por quebra de decoro parlamentar.

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Rodrigo Maia contava com a simpatia do Palácio do Planalto e saiu candidato apoiado por um bloco de 13 partidos, entre eles PMDB, PSDB, DEM, PP e PSD. Apesar de estar no bloco que apoiou Figueiredo, o PC do B também apoiou o democrata. O PT apesar da sinalização pragmática inicial, cederam às pressões da militância e apoiaram oficialmente o pedetista, porém a votação do parlamentar cearense indica que o apoio não foi unânime.

Em discurso feito antes da votação, Maia criticou a judicialização do processo de escolha da Mesa Diretora da Casa. A candidatura do democrata foi alvo de quatro ações no Supremo Tribunal Federal que questionavam sua legalidade. “Mais uma vez o ator principal da nossa eleição foi o Poder Judiciário e, por incrível que pareça, por decisão dos próprios políticos. Essa é uma decisão que vem enfraquecendo a nossa casa”, critica. 

Reformas

O presidente adiantou que as reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) receberão atenção de sua gestão. Segundo Maia, para que país saia da crise é preciso que se discuta o pacto federativo, para aliviar o caixa dos estados e municípios. “Essas matérias são polêmicas, precisam de um amplo debate, mas que precisam ser superadas. O Brasil precisa que elas sejam votadas urgentemente. A Câmara precisa ter um protagonismo nisso e se transformar numa Casa que reforme o Estado brasileiro”, arremata.

Rodrigo Maia adiantou que a comissão especial destinada a analisar o mérito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma da Previdência Social será instalada na próxima semana. Ele confirmou que a relatoria da comissão ficará com o deputado Arthur Maia (PPS-BA) e que a presidência será do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ).

Centrão

A votação de Jovair e a vitória de Maia sepultam definitivamente o Centrão e decretam o fim da era Cunha, que teve seu ápice com a eleição do peemedebista para o comando da Casa em 2015. O grupo, nos áureos tempos, aglutinava mais de 200 parlamentares. Afora PTB, as principais legendas do Centrão – PP, PSD e PR – apoiaram Maia. O democrata, em entrevista à Globo News, foi categórico. “O Centrão é uma página virada”, diz.

O ocaso do grupo é, ainda, uma vitória do Palácio do Planalto, que se verá livre de lidar com a pressão fisiológica do Centrão, podendo negociar com partidos e parlamentares ligados ao movimento em condições mais vantajosas. A cassação de Eduardo Cunha desorientou o grupo, que ficou carente de um líder com um perfil agressivo, mas cirúrgico como o do peemedebista. 

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