Cachoeira é motivo de desavença entre Kajuru e Sabrina Garcêz

Vereadores trocaram acusações mútuas sobre possíveis relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira

Postado em: 15-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Vereadores trocaram acusações mútuas sobre possíveis relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira

Venceslau Pimentel

As possíveis relações de caráter político-comerciais dos vereadores Jorge Kajuru (PRP) e Sabrina Garcêz (PMB) com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, motivaram ontem troca de acusações entre os dois no plenário da Câmara de Goiânia.

Questionada por Kajuru – inclusive com mandado de segurança na Justiça para destitui-la do cargo, desde que foi indicada para presidir a mais importantes comissão da Câmara, a de Constituição e Justiça (CCJ), Sabrina rebateu as críticas do colega de parlamento, que tem insistido em afirmar que a escolha dela para presidir a CCJ teria tido a influência de seu tio, Wladimir Garcêz, ex-presidente da Casa, e que é tido como braço político de Cachoeira.

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Tanto Garcêz quanto Cachoeira (acusado de chefiar um esquema de exploração ilegal de caça-níqueis em Goiás) foram presos pela Polícia Federal, dentro da Operação Monte Carlo, deflagrada em fevereiro de 2012. Nela ficou exporta a relação do contraventor com o então senador goiano Demóstenes Torres, que era filiado ao Democratas.

Da tribuna, a vereadora apresentou áudio, fruto de grampo da PF, em que Kajuru estaria tratando de cobrança de repasse de dinheiro com Geovani Pereira da Silva, contador de Cachoeira, cujo valor seria em torno de R$ 80 mil. Em outro telefonema, o vereador, em contato com Geovani, tenta falar com Cachoeira, que se nega a atender a ligação. Outro áudio mostra Cachoeira conversando com o vereador Elias Vaz (PSB), em que pede que ele comunique a Kajuru que não será mais possível ajudá-lo. E justifica: “Eu estou cheio de conta ai… () Assim que eu desafogar, volto a ajuda-lo”.

Em entrevista, Sabrina explicou que não se tratava de uma denúncias, mas apenas uma constatação e demonstração de algo que já aconteceu. “A gravação que eu apresentei é um grampo da Polícia Federal que mostra que o vereador Kajuru recebia dinheiro de Carlos Cachoeira”.

Ela conta que decidiu apresentar os áudios, diante de ataques, que classifica de gratuitos, por parte do vereador do PRP, na tentativa de relacioná-la com emissários do contraventor, para favorecê-la na indicação para presidir a CCJ. “Ele tenta envolver meu nome em escândalos e em atitudes que não fizeram parte da minha história. Enquanto ele me aponta o dedo, eu quis mostrar hoje que ele, sim, é que tem vinculação com qualquer tipo de escândalo e com qualquer tipo de história. Então, que ele explique isso a sociedade para a sociedade e pare de acusar”.

Sabrina também rebateu suposto favorecimento de sua indicação à CCJ, como também à sua campanha eleitoral, pelo setor imobiliário e por Cachoeira, negando qualquer tipo de influência. “Não existe negociata (na sua indicação para a Comissão). O que existiu foi articulação”. Sobre a campanha, ela afirmou que suas contas foram aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral e que lá está a lista de quem a financiou.

Em resposta às declarações de Sabrina, Kajuru negou que tenha recebido uma espécie de mensalinho de Carlinhos Cachoeira. E contra-atacou: “A sociedade goianiense tem de ficar alerta, porque a vereador Sabrina Garcêz foi bancada, na campanha, pelo bicheiro Cachoeira e pelo setor imobiliário. Todo mundo sabe disso”, pontuou.

Segundo Kajuru, a vereadora não teria declarado à Justiça Eleitoral tudo o que teria recebido em sua campanha, em 2016. “Teve caixa 2, e ela não declarou. Manda ela me processar por isso que eu provo”, desafiou. No caso da CCJ, ele sustentou que a sua formatação teria sido negociada, cuja articulação teria passado pela eleição da mesa diretora, presidida por Andrey Azeredo (PMDB).

Mais do que retaliação, Kajuru disse ver na atitude da vereadora ingenuidade, por ser “muito previsível”. “Eu espera uma advogada preparada e se fazendo de vítima por ser mulher. Eu tenho o maior respeito por mulheres, mulheres que ganham um salário mínimo, que trabalham 12 horas por dia, que não recebem dinheiro de contravenção, que não são eleitas pelo jogo do bicho, por cartel imobiliário. Essas mulheres merecem o meu respeito”, disse. 

Kajuru rechaça as acusações: “Não me vendo por dinheiro” 

Sobre sua relação com Cachoeira, Kajuru explicou que os recursos que receberam eram oriundos de um contrato entre a rádio que comandava e o laboratório Vitapan Indústria Farmacêutica, que era controlado pelo contraventor. “Ela (Sabrina) quis colocar como dúvida que o Carlinhos me bancou. Me bancou como? Foi patrocínio do Laboratório Vitaplan, presidido por dona Andréa (Aprígio), primeira mulher do Cachoeira”.

Em agosto de 2012, Andréa depôs na Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI), na condição de proprietária da Vitaplan Indústria Farmacêutica Ltda., instalada em Anápolis, que entrou na lista de empresas suspeitas de participar do esquema denunciado de Cachoeira.

Quando disse ter descoberto que na verdade era Cachoeira quem estava por trás do contrato, de R$ 5 mil por mês, e não Andréa de rescindi-lo. “Alguém acha que dinheiro comprar o Kajuru, com publicidade de cinco mil reais”, indagou. “Quando eu descobri que era ele, eu rescindi o contrato. O vereador Elias Vaz está de testemunha. Eu liguei para o Elias e falei que havia acabado a publicidade. Eu não quero relação com esse senhor”.

O contrato teria durado quatro meses, segundo o vereador, e que a sua relação com o contraventor se deu por meio de patrocínio e não de favorecimento, como teria ocorrido com Sabrina. 

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