Iris chama BRT de ‘trambolho’ e pretende mudar rota

Para o prefeito, não há necessidade de o BRT passar no centro da capital

Postado em: 21-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Para o prefeito, não há necessidade de o BRT passar no centro da capital

Venceslau Pimentel

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), defendeu ontem o desmembramento do BRT Norte-Sul (Bus Rapid Transit) em duas partes, para evitar a desfiguração da Avenida Goiás, entre a Praça Cívica e a Estação Rodoviária.

Pela proposta do prefeito, a primeira trajetória iria do Recanto do Bosque até a Praça do Trabalhador, e o segundo, da Praça do Cruzeiro ao terminal Cruzeiro em Aparecida de Goiânia. “Nós podemos violentar a Avenida Goiás?”, indagou Iris durante sabatina na Câmara de Vereadores, durante a prestação de contas referentes ao terceiro quadrimestre de 2016. Para ele, não há necessidade de o BRT passar no centro da capital, por entender que ali se dá o desembarque tanto para quem sai de Aparecida quanto para os moradores da região Noroeste. “Por que violentarmos a Avenida Goiás, a Praça Cívica, construindo esse trambolho de concreto”, reagiu Iris.

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Trambolho é uma expressão utilizada para designar objeto pesado que se coloca nos pés ou no pescoço de animais domésticos; também é usado para algo que atrapalha e causa empecilho. A base do corredor é feita em concreto pesado para suportar o peso dos veículos do BRT.

Ele justifica a sua defesa na mudança do trajeto para preservar o centro da cidade, e que se isso não acontecer, as futuras gerações não vão perdoá-los. O prefeito disse que concordaria caso o trajeto fosse subterrâneo.

Disposto a investir na sua ideia, Iris adiantou já ter conversado com segmentos empresariais, por meio do Conselho de Desenvolvimento Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese), vereadores e os a duas empresas responsáveis pela obra, a EPC e WVG. No sábado passado, ele visitou o canteiros de obras, que está parado por falta de pagamento. A dívida chega a R$ 15 milhões.

Orçada em R$ 242,2 milhões, o BRT Norte-Sul tem aporte de recursos do governo federal, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ordem de serviço foi assinada em solenidade no Paço, pela ex-presidente Dilma Rousseff, e pelo ex-prefeito Paulo Garcia (PT), no dia 19 de março de 2015.

Do percurso de 21,9 quilômetros de extensão, 30% já estão prontos, um ano e oitos meses após o início de sua construção, no trecho entre o Recanto dos Bosques e a Praça do Trabalhador. No total, o BRT vai atender a 148 bairros da capital e de Aparecida, com estimativa de transportar cerca de 120 mil usuários por dia.

Tombamento

O trecho que o prefeito quer alterar tem 2,6 mil metros, entre a Praça Cívica e o Terminal Rodoviário. Pelo projeto original, há a previsão de construção de três estações, sendo que uma delas será interligada ao Eixo Anhanguera, que opera por VTL (Veículo Leve sobre Trilhos).

Especificamente na Praça Cívica, o projeto prevê a utilização exclusiva do anel interno da praça e, de lá, descendo pela Avenida Goiás. Há, no texto do projeto básico de implantação do corredor, uma preocupação com o trecho central, por se tratar de uma área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O coreto da Praça Cívica e a Torre do Relógio, que fica logo no início da Avenida Goiás, são dois exemplos.

Sobre o assunto, o projeto básico, da Companhia Metropolitano de Transportes Públicos (CMTC), frisa que a entidade promoveu entrevistas com técnicos do Iphan, com o objetivo de adequar o traçado do correndo de transporte na região central, “de modo a não haver conflito entre as instalações propostas e o patrimônio histórico. Todas as recomendações sugeridas pelos técnicos do instituto foram atendidas”, diz o texto.

Críticas

Durante a sabatina na Câmara de Goiânia, Iris Rezende rebateu críticas do vereador aliado, Clécio Alves (PMDB), cotado para a liderança do prefeito na Casa, contra a secretária municipal de Saúde, Fátima Mrue.

Segundo Clécio, ela estaria tratando os vereadores de forma desrespeitosa, se negando a recebê-los em seu gabinete.  Da mesma forma, ele se queixou de que Fátima Mrue teria desqualificado superintendentes da área da saúde.

Como militante da política há quase 60 anos, Iris disse ter aprendido na vida a respeitar as pessoas “como elas são, nunca querendo que elas sejam como gostaríamos que fossem, porque uns são mais acelerados e outros são mais retardados”. Afirmou que apenas não abre mão da lisura e da ética.

Dirigindo-se a Clécio, o prefeito sustentou que não maltrataria um vereador. “Eu tenho que fazer aqui a defesa da secretária”, disse. Segundo ele, após a eleição, analisou nomes que poderiam ocupar a pasta da Saúde, assim como da Educação, e que teria chegado ao nome de Fátima Mrue por ser um cientista da área e por ser voltada para os humildes.

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