Moro condena José Dirceu pela segunda vez na Lava Jato

Dirceu foi condenado por Moro por ter recebido R$ 2.144.227,73 em propina

Postado em: 08-03-2017 às 14h00
Por: Toni Nascimento
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Dirceu foi condenado por Moro por ter recebido R$ 2.144.227,73 em propina

O
juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou pela segunda vez o
ex-ministro José Dirceu na Lava Jato, desta vez a 11 anos e três meses de
prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Dirceu
foi condenado por Moro por ter recebido R$ 2.144.227,73 em propina proveniente
de contratos da empresa Apolo Tubulars com a Petrobras, por intermédio de
Renato Duque, diretor de Serviços da petroleira estatal à época dos crimes.

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Segundo
a sentença proferida por Moro, R$ 1,4 milhão da propina foi paga por meio de
serviços de táxi aéreo, mediante o custeio de despesas pela utilização, por
Dirceu, de duas aeronaves pertencentes ao lobista Julio Camargo, que assinou
acordo de delação premiada com a Justiça e assumiu ser o intermediário entre os
sócios da Apolo e Renato Duque.

Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), o ex-ministro realizou 113 voos nas
aeronaves entre novembro de 2010 e julho de 2011. Dirceu assumiu as viagens,
mas disse que foram realizadas a título de cortesia.

“Em
que pese o teor dos depoimentos de ambos, José Dirceu e Luiz Eduardo de
Oliveira e Silva, simplesmente não é crível que alguém disponibilize a título
gratuito voos em seus jatos executivos, cujos valores são notoriamente
exorbitantes, a um terceiro, de forma despretensiosa”, escreveu Moro na decisão
de hoje (8).

Ao
todo, segundo o MPF, foram repassados R$ 7,4 milhões pela Apolo Tubulars em
propina. Além do desviado por Dirceu, o restante foi direcionado para o PT, diz
a denúncia. Em troca, Duque garantiu um contrato de R$ 255 milhões entre a
empresa e a Petrobras, que com aditivos chegou ao valor de mais de R$ 450
milhões.

De
acordo com a denúncia, o restante da propina foi pago por intermédio de uma
empresa do lobista Júlio Camargo, chamada Piemonte, através de notas fiscais
frias.

Na
mesma sentença, Moro condenou outras quatro pessoas, incluindo Luiz Eduardo de
Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu, que deverá cumprir seis anos e oito
meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Dois sócios da
Apolo, Paulo Cesar Peixoto de Castro Palhares e Carlos Eduardo de Sá Baptista,
foram absolvidos.

Em
maio de 2015, Dirceu foi condenado pela primeira vez na Lava Jato, a 23 anos e
três meses de prisão pelos mesmos crimes e também por pertencer a organização
criminosa. Em julho do ano passado, a pena foi atenuada por Moro, para 20 anos
e dez meses, porque o condenado tem mais de 70 anos.

O
ex-ministro está preso desde agosto do ano passado no Complexo Médico-Penal em
Pinhais, região metropolitana de Curitiba. A Agência Brasil tentou contato com
a defesa de José Dirceu, mas até a publicação desta reportagem não obteve
retorno. 

(Agência Brasil)

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