Lula diz que é vítima de massacre em depoimento na Justiça Federal

Na 10ª Vara Federal de Brasília o ex-presidente afirmou que não tentou comprar silêncio de Cerveró

Postado em: 14-03-2017 às 14h30
Por: Toni Nascimento
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Na 10ª Vara Federal de Brasília o ex-presidente afirmou que não tentou comprar silêncio de Cerveró

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou hoje (14)
ter pedido ao então senador Delcídio do Amaral (MS) para que atuasse no sentido
de impedir que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró
firmasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Nesta terça-feira, Lula prestou depoimento na 10ª Vara
Federal de Brasília, na ação em que é acusado de tentar obstruir as
investigações da Lava Jato. O ex-presidente afirmou que está sendo “vítima de
um massacre”. “Vocês não sabem o que é acordar todo dia com medo de a imprensa
estar na sua porta, achando que você vai ser preso.”

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Lula negou conhecer pessoalmente Cerveró e disse não ter
interesse no depoimento do ex-diretor da Petrobras. “Só tem um brasileiro que
poderia ter medo da delação do Cerveró, que é o Delcídio. Eu não tive nenhuma
preocupação com depoimento de nenhum diretor da Petrobras”, disse o
ex-presidente ao juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília.

Perguntado a respeito de reuniões que manteve com o ex-senador
na sede do Instituto Lula, em São Paulo, ele afirmou ter tido “muitas reuniões
com o Delcídio”.

“Ele era senador da República, líder do governo, houve
várias reuniões em Brasília e em São Paulo. Ele esteve no Instituto Lula várias
vezes”, contou Lula, que, no entanto, negou que o ex-senador petista tenha
comentado sobre Cerveró em tais conversas.

O ex-presidente foi ouvido na ação em que é réu juntamente
com o pecuarista José Carlos Bumlai, o banqueiro André Esteves, o ex-senador
Delcídio do Amaral e mais três pessoas, todos acusados pelo Ministério Público
Federal (MPF) de oferecer dinheiro em troca do silêncio do ex-diretor da Área
Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, para que ele não firmasse acordo de
delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

A denúncia, a primeira em que Lula se tornou réu na Lava
Jato, foi aceita em julho do ano passado. Em seu depoimento, Delcídio disse ter
conversado com Lula a respeito da Lava Jato. Questionado pelo juiz, Lula negou
que o assunto tenha sido tratado em conversas com o ex-senador.

O depoimento de Lula começou por volta das 10h15 e durou
cerca de uma hora. Usando uma gravata com as cores da bandeira do Brasil, Lula
entrou na sala de depoimentos acompanhado de seus advogados José Roberto
Batochio, Roberto Teixeira, Cristiano Zanin e Sigmaringa Seixas.

Logo no início de sua fala, Lula agradeceu a oportunidade de
prestar o depoimento perante “um juiz imparcial” e defendeu o seu
governo e o PT, que considera “o mais importante partido político nas Américas”.
“Me ofende profundamente que digam que a organização à qual pertenço é uma
organização criminosa”, afirmou.

A Polícia Militar do Distrito Federal fechou o trânsito na
rua próxima ao tribunal onde Lula prestou depoimento, antecipando-se a
possíveis manifestações, mas poucos militantes favoráveis ao ex-presidente
apareceram. Não houve tumulto. Lula entrou e saiu pela garagem.

O ex-presidente foi o último réu a ser ouvido pelo juiz
Ricardo Soares Leite, responsável pelo caso na primeira instância da Justiça
Federal em Brasília. O magistrado deu agora 10 dias para o MPF estudar os autos
e avaliar a necessidade de novas diligências. A defesa dos acusados terá o
mesmo prazo. Depois, todos devem apresentar suas alegações finais na ação,
última etapa antes da sentença.

(Agência Brasil) 

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